sexta-feira, 30 de outubro de 2015

António Francisco Dias Costa sobre CARLOS CORREIA

UM AMIGO E IRMÃO
Tive a honra de ter sido convidado a estar no dia 21 de Maio de 2015, na presença da familia, numa Homenagem ao amigo Dr. Carlos Pereira Correia, que havia falecido repentinamente no dia 28.03.2014, organizada pela Associação Mulher Migrante na Universidade Aberta no Palácio Ceia, rua da Escola Politécnica 147, em Lisboa durante um Colóquio intitulado "Migrações e Género. Novas Perspectivas de Intervenção" e no qual foi também apresentada uma publicação "40 anos de migrações em Liberdade".
É difícil explicar como uma amizade se torna eterna e incondicional. Durante nossa vida conhecemos muitas pessoas e cruzamos-nos com elas em diversas situações, mas só algumas permanecem por muito tempo. Há amigos que surgem de forma inexplicável e se tornam especiais sem estarmos contando com isso. São aqueles que têm uma personalidade genuína, um bom coração e que lutam todos os dias para ver um sorriso no nosso rosto e principalmente sempre disponiveis a ajudar o proximo.

Assim éra o meu amigo Carlos um humanista que nunca baixava os braços, nem que tivesse de trabalhar 24 horas, para ajudar as nossas Comunidades Portuguesas, um superior ou um amigo.
Funcionava sempre de forma discreta e aberto ao diálogo. Em privado adorava conviver com os amigos e ali sim relaxava e criava um ambiente inesquécivél de muito bom humor e alegria.
Nas minhas funçóes desde os anos 80 em prol das Comunidades Portuguesas na Alemanha e depois na Suíça sempre pude contar com o seu apoio em momentos difiçéis que nunca esquecerei.
Para mim será sempre como um irmão que nunca tive. Obrigado por tudo Carlos e descansa em Paz.

António Francisco Dias da Costa

CCP VENEZUELA

MULHERES NO CCP
1- Num momento em que o CCP, renovado por um ato eleitoral, com nova composição que inclui 12 conselheiras, num quadro de substanciais alterações do seu modo de funcionamento, se prepara para retomar a atuação, para ocupar, mais e melhor, o espaço privilegiado, que é o seu, no diálogo e cooperação entre portuguesas e portugueses do mundo inteiro e na sua representação perante o Governo, as entidades públicas de Portugal e a sociedade civil, isto é, num momento em que está essencialmente voltado para tempos vindouros, julgo útil que lancemos um olhar retrospetivo sobre o seu processo evolutivo, em especial no que respeita ao equilíbrio de participação de género..
Como tornar esta singular instituição mais inclusiva, mais democrática, mais capaz de levar a Lisboa toda uma grande diversidade de situações em mudança e de problemas antigos ou recorrentes, a solucionar na emigração? Poderão as mulheres contribuir para que o CCP possa cumprir todas as expetativas nele investidos?.É uma questão a que as 12 conselheiras agora eleitas vão responder, ao longo do mandato, Mas nem tudo depende delas, ou apenas delas, da sua capacidade individual de pensar, propor e trabalhar. São ainda uma minoria num órgão que não tem um bom historial neste capítulo, apesar de alguns progresso recentes, em parte devidos à aplicação da Lei da Paridade (só numa parte difícil de quantificar, sendo certo que, por exemplo, nela se não contam. as mulheres que encabeçaram listas vitoriosas - mas, em qualquer caso, progressos, não só para a qualidade da representação como para a imagem de órgão, que ganha em não se apresentar como coutada de um sexo...)
2- Na sua primeira vida, entre 1981 e 1988, o CCP era eleito dentro do círculo das associações de nacionais, tal como à época, acontecia com o Conselho francês, a única instância consultiva de expatriados então existente na Europa. E espelhava, naturalmente, a realidade de um universo associativo de rosto masculino: não havendo entre os seus representantes uma única mulher... Um outro segmento era composto por membros dos órgãos de comunicação social, numa rotação entre os da imprensa escrita e dos meios audiovisuais, e foi no interior deste círculo que, na eleição seguinte, se registou uma diminuta, embora muito interventiva participação feminina.
Era de menos, e, em 1984, a reação veio de dentro do próprio Conselho, durante a reunião regional da América do Norte, por iniciativa de Maria Alice Ribeiro, jornalista do Canadá . Foi ela que propôs a convocação de um encontro mundial de Portuguesas do estrangeiro (embora a ideia tenha surgido não na sala de reuniões, mas num convívio informal, ficando a dúvida sobre foi inicialmente trazida por Natália Dutra, mulher do representante do sul da Califórnia, Prof Doutor Ramiro Dutra ou por Maria Alice do Canadá - certo é que ambas foram grandes defensoras das suas virtualidades. A proposta de Maria Alice foi aceite consensualmente, embora não conste nas recomendações aprovadas entre 1981 e 1985, que constam da publicação da SECP (1) De qualquer forma, o governo deu-lhe sequência logo no ano seguinte, na cidade de Viana do Castelo. A seleção das participantes foi feita com base em comunicações apresentadas por mulheres envolvidas na esfera associativa e no jornalismo - as duas componentes principais do CCP.
Mulheres com voz, influência, cargos diretivos eram, nos anos 80, uma minoria - como, apesar de inegáveis avanços, ainda são, agora, na generalidade das comunidades. A elite feminina presente em Viana distinguiu-se pela sageza e abertura ao diálogo e deu a um encontro histórico a marca da sua qualidade, da sua capacidade ímpar de chegar a consensos (bem difíceis no primeiro Conselho ...) e de pe, sem qualquer nsar a mudança.
Falaram da especificidade de género nas migrações, mas também da emigração como um todo,- o ponto de vista feminino, até essa altura ignorado, sobre sociedades em transformação, às quais queriam poder dar, livre e responsavelmente, a sua parte - e, por isso, ousaremos concluir que essa primeira audição governamental foi uma espécie de CCP no feminino, preenchendo um vazio, convertendo-se em prenúncio de leis e programas visando a paridade, que tardaram décadas. De facto, logo em 1987, a SECP iniciou o processo de instituição de uma Conferência para a Igualdade de Participação, que, a par de outras conferências (como a da educação ou a do empreendedorismo), iria funcionar na órbita do Conselho. Mas, no verão desse ano, caiu o Governo, e com o novo Executivo caiu o CCP e tudo o que com ele se relacionava, como era o caso das conferências periódicas.
3- Um parêntesis para realçar o facto do Encontro de Viana ser inédito, em termos europeus (e, ao que elas próprias afirmavam, universais, pois ninguém tinha conhecimento de convocatória semelhante por parte de um governo face às suas expatriadas). Portugal era, por sinal, um Estado improvável para se tornar vanguardista neste domínio, pois as suas políticas foram, desde a era da colonização à das migrações contemporâneas, um exemplo negativo e retrógrado, quando comparado com Espanha e outros países culturalmente próximos, como destaca um dos maiores historiadores da Expansão, CR Boxer.
A discriminação manteve-se ao longo do século XX, até à revolução do 25 de abril. A saída das mulheres foi sempre mais dificultada do que a dos homens, apesar desta ser, também, quase continuamente, condicionada ou limitada por leis e repressão policial. E nem mesmo a revolução democrática, que trouxe a completa liberdade de emigrar para mulheres e homens, significou, de imediato, ação concreta para promover a igualdade de participação, que só foi encorajada dentro de fronteiras, sobretudo pela meritória ação da Comissão para a condição feminina..
Esta visão territorialista da questão da igualdade de género foi, pois, subita e inesperadamente, invertida em 1984/85, rompendo com o descaso tradicional e antecipando medidas que as organizações internacionais e o direito comparado só viriam a adotar muitos anos depois. Lembrá-lo é uma forma de homenagear as pioneiras do Conselho das Comunidades, que eram tão poucas quanto notáveis e estiveram, em 1993, entre as fundadoras da Associação Mulher Migrante.
4- Na sua segunda vida, a partir de 1996, o CCP torna-se um órgão eleito por sufrágio direto e universal, seguindo os novos moldes dos congéneres espanhóis, italiano e francês (este devido a grandes alterações introduzidas em 1982). , mas prossegue, em muitos domínios, causas, objetivos, recomendações que se situam numa na linha de preocupações constantes- caso do ensino e e da cultura nacional, da segurança social, da melhoria da lei da nacionalidade, da participação cívica e política. Contudo, apesar da fraca proporção de mulheres conselheiras, não retomou, a nível das reuniões plenárias ou regionais, a ideia de um forte chamamento cívico da metade feminina a uma partilha mais ativa no quotidiano do Conselho e das comunidades.
O impulso para a participação igualitária acabou por vir de fora, não em cumprimento de qualquer recomendação dos conselheiros, mas em consequência da aplicação a este órgão dos princípios básicos da Lei da Paridade, que rege a composição do Assembleia da República, das Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas e das Autarquias
E, por puro acaso, fruto da cronologia eleitoral, a primeira experiência da aplicação do chamado "sistema de quotas" foi justamente a elaboração das listas para o Conselho. Um teste positivo, já que a proporção da mulheres aumentou graças ao novo dispositivo legal e elas provaram igual capacidade para o exercício das funções. Porém, não se pode dizer que o reconhecimento da sua competência se tenha traduzido no relevo dos cargos institucionais, a que (não) têm sido chamadas. Refiro-me, por exemplo, à presidência do CCP ou das suas múltiplas comissões.
No passado distante ou próximo, esta verdadeira "assembleia" dos portugueses do estrangeiro foi, sempre, no que respeita a cargos formais, um "mundo de homens", ficando muito longe do que vimos na Assembleia da República, onde presidência, vice-presidência, chefia de delegações internacionais, dos grupos parlamentares, de comissões por deputadas já entrou no domínio da normalidade.
Esperemos que assim seja também no CCP, de 2015 em diante.
5- No momento em que aguardamos informação sobre a composição do novo Conselho , com uma certeza: nos podemos já regozijar: a Venezuela figura nos anais da instituição, com a liderança feminina das listas vencedoras no conjunto das duas áreas consulares, com os nomes de Milú de Almeida e de Fátima Pontes .- listas que eram rigorosamente paritárias.
Isto aconteceu, evidentemente, em função de uma realidade comunitária, concretamente do associativismo em que esta se estrutura e da posição que as mulheres nela conquistaram pelo seu trabalho. A força da sua intervenção cívica e associativa teve reflexos diretos nas candidaturas e no voto popular. Mulheres e homens unidos na mesma luta por valores éticos, sociais e culturais, pela satisfação de projetos e justas ambições da sua comunidade, dentro do todo nacional!
Há anos que eu venho elogiando, em outras regiões do mundo português, os patamares de igualdade alcançados na Venezuela, graças a um associativismo feminino em rápida e consistente expansão. Sem esquecer o papel desempenhado há décadas pela Sociedade de Beneficência das Damas Portuguesas de Caracas, penso na recente proliferação de movimentos de solidariedade, de convívio, de cultura - entre os quais, as Academias da Espetada e a Associação Mulher Migrantes da Venezuela, integrada num círculo internacional, que está em crescendo.
6- O movimento feminino em algumas - raras - comunidades lusas, sobretudo das Américas (EUA, Venezuela), tem um longa e brilhante trajetória, mas a sua vertente internacional nasceu daquela proposta inédita do 1º CCP . Agora, 30 anos depois, portuguesas da Venezuela, vindas do relançamento desse movimento, com a Associação Mulher Migrante e prometem fazer história no CCP - história da própria instituição, história do feminismo e história da nossa emigração e Diáspora.
O programa que Milú de Almeida e Fátima Pontes defenderam em "Somos Portugalidade"´, é para ser cumprido. Conhecemos bem o seu carater, o seu ânimo, a sua força. Elas são o presente, e vão fazer parte do envolvimento futuro das mulheres na vida cívica, mulheres agindo, lado a lado, com os homens, para resolver as grandes questões que se põem na sua comunidade, ao serviço do País - é para isso que querem direitos iguais. Concretamente no CCP, para lutarem por mudanças, que lhe permitam não só trabalhar bem, como divulgar o trabalho feito, impulsionar os estudos sobre as migrações, contribuir para a união mundial do associativismo, sobretudo na vertente cultural lusófona, para a inclusão dos grupos mais marginalizados (como têm sido coletivamente as mulheres), dar no interior do país a imagem das portuguesas e dos portugueses da Diáspora e a cada comunidade a imagem do país, na sua modernidade
É um percurso ascensional de décadas que, neste breve apontamento, procurei relembrar, sem saudosismo, simplesmente como o início de uma esplêndida caminhada, em que as mulheres seguem em frente, pelos valores da Portugalidade

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Jorge Arroteia sobre CARLOS CORREIA


 

In Memoriam: Dr. Carlos Correia

 

Evocar a memória do Dr. Carlos Correia obriga-nos a recuar algumas décadas, ao início dos anos oitenta, quando o conhecemos como técnico do Instituto de Apoio à Emigração, onde fazia parte de um grupo extenso de personalidades, que se distinguiam pela sua generosidade e trabalho.

As muitas tarefas exigidas pela administração pública em período pós-revolucionário, acordado pela intensidade dos movimentos emigratórios e expansão das comunidades portuguesas - em curso desde o início dos anos sessenta -, tornavam os serviços centrais da emigração bastante solicitados. Parcos em meios, sofriam ainda os impactos de uma reforma da administração, melhorada com a entrada de jovens licenciados e o interesse do tema pelos meios de comunicação social e população académica interessada no desenvolvimento de estudos científicos sobre a emigração portuguesa.

Os dados então centralizados relativos à dimensão, características e extensão deste fenómeno no território e na sociedade, passam a ser requisitados por diversos investigadores e interessados, que não pertencendo aos quadros da administração central do Estado, desejam aprofundar o assunto, conhecer a sua história recente, permitir novas leituras e incidências nas comunidades locais.

A emigração passa a ser um tema de investigação científica e o estigma das suas histórias, reflexos e incidências sociais e políticas, constituem-se como temas de análise de investigadores isolados e de grupos de investigação. É neste contexto, de procura de informação e pesquisa de fontes, que tivemos o ensejo de conhecer o Dr. Carlos Correia.

Reservado no trato, afável e compreensivo no diálogo, eficiente no exercício das suas funções, foi assim que o conhecemos em Portugal e sobretudo no estrangeiro, onde teve possibilidade de desenvolver um extenso trabalho junto das comunidades portuguesas.

Meses antes da sua partida confirmámos a sua disponibilidade e interesse de sempre: dar de si às comunidades e serviços que o viram crescer e formar neste meio complexo marcado pela mobilidade humana, a emigração e as comunidades portuguesas.

Nesta ocasião e homenagem em sua memória, saudamos a família que tão cedo o viu partir e os colegas e amigos que nos acompanham na partilha dos mesmos sentimentos.

 

J. Arroteia

21MAI15

Maria Barroso MENSAGEM Dia da Muher 2009


Mensagem

 

 

Retida em Lisboa por vários compromissos assumidos antes da marcação do Congresso da Mulher Migrante a que apenas assisti, presidindo à Mesa de Abertura com a Drª Manuela Aguiar e o Presidente da Câmara Municipal de Espinho, José Mota, não posso estar hoje convosco.

Lamento-o profundamente porque seria uma celebração da maior importância e entre as extraordinárias mulheres que vieram de várias comunidades espalhadas pelo mundo.

Foi-me extremamente agradável e até emocionante poder reencontrar queridas, corajosas e até ilustres amigas do Canadá, da Argentina, da África do Sul, do Brasil, dos Estados Unidos e de alguns outros lugares, cujo contacto é sempre para mim altamente estimulante. Elas estão por esse mundo fora prestigiando não só os países onde se integram, mas conquistando um grande prestígio também para o país onde as suas raízes afundam. É verdade que não vieram sós e acompanha-as um grande número de homens, também eles portugueses ilustres, que vieram reflectir connosco sobre os problemas que enfrentam as mulheres migrantes e dizer do que pensam das  experiências que juntos, mulheres e homens da diáspora têm tido.

Foi, pois, com mágoa que os deixei por exigência da minha presença num acontecimento importante na vida cultural do país e a que não podia faltar.

Também  no sábado teria de estar num encontro com a Governadora Civil de Lisboa e o Ministro da Administração Interna. Era tudo muito apertado para poder regressar a Espinho e celebrar convosco o Dia da  Mulher, como tanto desejaria fazer.

De qualquer modo não quero deixar de vos enviar a minha mensagem de solidariedade por esse dia que constituiu um marco importante na história do percurso da mulher em todo o mundo.

Gostava de ter lembrado convosco  os nomes de algumas das mais ilustres mulheres portugueses que lutaram pela emancipação da mulher, pelo seu direito a gozarem da mesma dignidade que era conferida aos homens e que lhes era negada.

As desigualdades que existiam entre ambos, a inferiorização a que foi sujeita durante séculos fizeram emergir algumas figuras que se revoltaram contra essa situação humilhante e desencadearam numa luta constante e determinada para a eliminar, conseguindo que numerosas e extraordinárias conquistas fossem alcançadas. O acesso à educação, à libertação do domínio do homem espartilhando e até anulando os seus direitos mais elementares, a conquista do direito de voto, a modificação do seu estatuto no Código Civil – tudo isso foi o resultado da luta corajosa da mulher para se sentir  - como hoje o consegue – em igualdade de posição com a do homem, ambos tendo hoje a possibilidade de afirmar e viver iguais direitos.

Através dos tempos ainda lembramos os nomes de algumas portuguesas ilustres. Mais afastadas, mas não menos empenhadas, vem-nos à lembrança Luísa de Sigein, a Rainha D. Filipa de Lencastre, a D. Leonor que se distinguiram no campo da Educação e da Cultura. Mais perto já de nós não esquecemos a médica Adelaide de Cabete, Ana de Castro Osório, Branca de Gonta Colaço e muitas outras que foram verdadeiras heroínas neste sector.

Ainda mais perto de nós Maria Lamas e Maria Isabel Aboim Inglês, duas extraordinárias mulheres que lutaram pelo respeito dos Direitos Humanos no que se refere a mulheres e também a homens. Elina Guimarães foi também uma dessas mulheres, ilustre e incansável lutadora até à sua morte, ocorrida há poucos anos.

Claro que a Revolução do 25 de Abril veio facilitar essa progressão no domínio desses Direitos.

E, apesar do que já foi conseguido na letra da lei, nos documentos que nos afirmam a igualdade entre mulheres e homens, ainda há que lutarmos para conseguir que esses documentos, essas declarações não sejam apenas intenções, mas uma prática constante, clara e inequívoca desses Direitos.

A nossa voz tem de ser ouvida tal como a dos homens porque somos duas metades da mesma Humanidade. As decisões que dizem respeito ao destino das duas metades terão de ser tomadas sempre com a participação das vozes e pareceres das duas.

Para que possamos caminhar para um mundo melhor – mais fraterno, mais justo, mais solidário e pacífico, abrindo horizontes de esperança a gerações futuras.

Queridos Amigos – um abraço muito afectuoso da vossa

 

                                                                            Maria Barroso Soares

 

8 – 3 - 2009

Arcelina Santiago CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

Celebrando  o Centenário da República…
Uma forma de nos integrar nesta celebração, tão importante para o nosso país, foi  recolher informações sobre como era  a vida de homens e mulheres naquele período. Debruçámo-nos, em particular, sobre as mulheres.  Iniciámos, em Janeiro, o estudo biográfico de algumas mulheres da 1º República, tal como: Adelaide Cabete, Ana Castro Osório, Carolina Michaelis e Carolina Beatriz Ângelo. Participámos na Conferência “ O papel das mulheres na 1º República”, proferida pela Drª Maria Barroso no Multimeios de Espinho que nos deu a conhecer os papéis relevantes destas mulheres, numa sociedade marcada pelo masculino e que nos inspirou para o nosso trabalho. Quando aconteceu uma réplica de um serão republicano, no dia 22 de Abril, promovido pela Câmara Municipal de Espinho, fomos encarnar algumas destas personagens.
  Entretanto, estava prestes a chegar o dia 28 de Maio. Este dia era muito especial pois fazia 99 anos que a primeira mulher portuguesa votou. Ela foi pioneira em Portugal e na Europa. Com base numa carta que a própria Carolina Beatriz Ângelo escreve ao director do jornal  A Capital, tentando repor a verdade e esclarecendo sobre o que se passara no dia anterior, foi elaborada uma peça, recriando esse momento histórico. Vivemos intensamente toda  a envolvência da época, do vestuário ao local,  sentimentos,  opiniões, tomadas de posição, ou seja, um cenário revelador de um tipo de sociedade, numa República ainda a despontar.  Fomos convidados pela senhora Vereadora da Cultura para representar na Tertúlia “ O Papel das mulheres na República dos homens” na Biblioteca Municipal no dia 28 de Maio  e aceitámos  o desafio.
 Testemunhos dos alunos do 6º A :
“ Achámos didáctico, formativo e cultural. Representei a personagem do Senhor Constâncio de Oliveira, Presidente da mesa Eleitoral   e gostei muito. Tive de encarar a contestação do público presente  que se indignou pelo facto de eu ter dúvidas e consultar a mesa  sobre a legalidade da  votação de Carolina Beatriz Ângelo, situação deveras insólita. Por fim, tive de reconhecer à eleitora nº 2513, a sua coragem e determinação .”  Rui Marques
“Aprendemos imenso, foi uma forma diferente de o fazer. Encarnei o papel de Carolina Beatriz Ângelo. Foi emocionante! Nem tive dificuldade em decorar toda  a intervenção desta  mulher  fantástica, lutadora pela emancipação dos  direitos das mulheres. Este seu acto, revelador de inteligência e determinação  alerta-nos, hoje, para que assumamos o papel de eleitores conscientes, pois foi uma conquista muito difícil , muitas vezes esquecida nos tempos actuais. As palavras elogiosas proferidas  pelo  Presidente na  Mesa, no final, dedicou-as Carolina Betariz Ângelo a todas as mulheres, prometendo que as divulgaria junto das sufragistas de todo o mundo civilizado para que soubessem que os mais inteligentes homens portugueses compartilhavam do mesmo ideal.”   Mariana Patela
“ Aprendi, vivendo aqueles tempos, através da personagem, Joaquim Beja. Gostei do meu papel, defensor da causa das mulheres e, por isso, fui tão elogiado pelas onze mulheres, presentes naquela Assembleia eleitoral, pertencentes à Associação de Propaganda Feminista que acompanharam, nesse dia, a  sufragista. Acho que  mulheres  e homens devem ter os  mesmo direitos para que a sociedade seja mais justa e humana e, por isso,  foi com convicção que representei este papel.” Diogo Oliveira
“  Vivi aquele momento de forma emocionante! Viver as dificuldades das mulheres daquela época  quando eu nem imaginava que tal acontecesse levou-me a apreciar esta forma de aprender a história do meu país.  Representar para tanta gente foi também um desafio. Fui uma das mulheres da Associação de Propaganda Feminista, recebidas de forma cordial e simpática pelos homens presentes no enorme salão e interroguei um ilustre cavalheiro,  o Senhor Joaquim Beja, que manifestou solidariedade para com  a nossa representante que insistia em votar. Na verdade, não poderíamos deixar de saber o seu nome. Grato para mim foi  o  especial momento da votação,  com aplausos e vivas de todos.” Inês Pais
“Achei interessante a professora ter construído esta peça com base em dados históricos, a tal carta da personagem principal. Todos demos, depois, a nossa opinião sobre ela na aula  de Português. O tema era interessante, dando a conhecer o papel das mulheres e desta em particular, numa sociedade em que elas não tinham  os memos direitos que os homens.  No entanto, já havia homens que naquele dia mostraram  ser solidários com a luta pela  emancipação das mulheres. Daí, eu ter referido que ainda bem que havia em Portugal homens inteligentes e  lúcidos.”   Daniela Morado
“ Com esforço e dedicação de todos os colegas e, em especial da  nossa professora de Português, Arcelina Santiago e colaboração da professora Virgínia Leal  de Educação Musical, conseguimos realizar esta peça de teatro em pouco tempo, mas que valeu a pena! A minha personagem teve uma intervenção curta, mas disse algo de muito importante, ou seja, manifestei a minha posição de contrariedade sobre o que se estava a passar  naquela  assembleia dado que era contrária à  lei e à autoridade, isto porque  Carolina Beatriz Ângelo era portadora de uma sentença judicial, proferida pelo Senhor Doutor Juiz   João Baptista de Castro   referindo que “ onde  a lei não distingue , não pode o julgador distinguir”. Assim, não tinha a mesa de por em causa a aceitação do seu voto.” Carlos Pereira
Gostei muito de representar o  papel de  cidadão eleitor. Manifestei a minha posição de desacordo perante a situação a que a eleitora, presente a este acto eleitoral para a Assembleia Nacional Constituinte, conhecedora da lei,  é sujeita a  consulta, completamente desnecessária, por parte da mesa que tem dúvidas.” Joel  Pinto


“Aprendemos a dar o valor a coisas que são agora banais, mas que foram muito difíceis de conseguir. Gostei de pertencer à Associação de Propaganda Feminista, por ter  ficado a saber da importância do seu papel na  luta pelos direitos das mulheres.” Patrícia Martins
“ Vestir aquelas roupas, foi uma sensação boa! Era como retroceder no tempo. Todos estavam muito bem vestidos.  Fui eu que perguntei e fiz questão em saber o nome do homem que mais nos defendeu  e que não considerava importante dar conhecimento do seu nome. Ele era conhecedor da lei, já que referiu o artigo 64º  “ nenhum cidadão  recenseado e reconhecido como o próprio , poderá ser inibido de votar, excepto se aparecer em manifesto  estado de embriaguez” . Ora, se a lei não focava expressamente a proibição das mulheres em votar e, reunindo Carolina todos os requisitos,   letrada, viúva  e por isso cabeça de casal, tinha pois esse direito. ” Tânia Valente
“ Gostámos muito de conhecer esta personalidade portuguesa , Carolina Beatriz Ângelo, nascida em  1877, na Guarda onde fez os estudos primários e secundários. Em Lisboa, estuda medicina, concluindo o curso em 1902. Viúva de  Januário Barreto e  mãe de uma filha menor reunia, desta forma, todas as condições para fazer parte da lista de recenseamento  e poder exercer o direito de voto e assim aconteceu, apesar de alguma resistência.” Bárbara Oliveira, Nazaré Santos de Diogo Santos
 “Foi merecida esta homenagem a Carolina Beatriz Ângelo, uma grande mulher que ficará para sempre na história do nosso país e da Europa. Coube-me a mim, como secretário da mesa eleitoral, anunciar  a abertura do reconhecimento dos eleitores  de S. Jorge de Arroios no Clube Estefânia, pelas dez horas daquele dia inesquecível,  dia 28 de Maio de 1911. ” Rui Nunes


“ Não participei  directamente na representação, mas aprendi muito e achei–a muito informativa. Apesar de pequena, foi tão simbólica que jamais esqueceremos! Gostei, em particular, da  personagem de  Carolina Beatriz Ângelo. Ela foi extraordinária e continuou  lutadora da causa, mesmo depois da lei ter sido alterada  a lei,  passando a constar expressamente que as mulheres não tinha esse direito, logo no ano seguinte. A maneira como ela foi ser determinada, informada e conhecedora das leis  fez com  vencesse. “  Francisca Sousa
 “A República estava a começar, mas muitas  injustiças permaneciam. A democracia que a República  tão recentemente implementada prometia, ainda não estava a  ser cumprida.”  Joana  Pereira
“ Foi interessante ver os meus colegas representar.  Esta primeira mulher  a votar,  marcou Portugal, neste inicio da República e no mundo, pois ela foi reconhecida noutros locais pela sua luta.” Pedro Santos
  Este acto marcou a história do feminismo em Portugal. Tratou-se  de um grande passo para um longo caminho, a nível nacional e mundial que estava ainda  para ser trilhado, na luta pela cidadania e pela emancipação da situação das mulheres. Foi longa a caminhada!  Passaram mais 20 anos e, curiosamente,  só com o Estado Novo,  (pelo decreto lei nº 19694 de 5 de Maio de 1931)  em 1931,  é que,  pela 1º vez, na história política do país, as mulheres foram consideradas como eleitoras, mas em termos muito, muito limitativos. O sufrágio universal feminino só acontecerá  com o 25 de Abril, onde foram, finalmente, abolidas todas as restrições à capacidade eleitoral dos cidadãos tendo por base o género.
Homens e mulheres devem por isto tudo, reconhecimento  a esta  mulher  portuguesa a quem prestámos uma simbólica homenagem - Carolina Beatriz  Ângelo.
Turma do 6º A
Professora  Arcelina Santiago


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RITA GOMES em Monção


Expresssões de Cidadania no feminino

 

Colóquio e Exposições de Pintura e Escultura

 

Monção,   5 de Setembro de 2015

 

         Algumas palavras de Saudação e de Agradecimento

       

          Estamos em Monção, famosa pela lendária história de uma heroína portuguesa de seu nome Deu – la – Deu Martins – que, como se sabe virou lenda de mulher corajosa.

       E sendo este evento também uma Iniciativa da Associação Mulher Migrante, foi uma excelente ideia terem-na realizado  neste belíssimo local.

       Desta histórica vila, temos excelentes recordações no que respeita a esta Associação e ao apoio a emigrantes.

       A propósito, permito-me relembrar com especial saudade que por duas vezes – Verão de 1998 e Verão de 1999, salvo êrro-   aqui estivemos em duas Grandes Festas do Emigrante, organizadas pela Câmara Municipal de Monção e  também pelo Jornal “ O Emigrante /Mundo Português”.

        Esta Associação foi então convidada para proporcionar apoio informativo e outro aos portugueses que ali se encontravam de Férias, trabalho esse que fizemos com o maior entusiasmo e que incluía, nomeadamente Entrevistas à comunicação social, sobre a nossa atividade em geral, bem como acerca da vantagem de nos disponibilizarmos para participar  nessas Festas.

        Na altura estavam também presentes várias Entidades Públicas e Privadas, pertencentes a vários Ministérios e Secretarias de Estado  que então se ocupavam direta ou indiretamente das Migrações.

        Num desses Encontros, viemos em Parceria com o Instituto Português de Cardiologia Preventiva – criado pelo Prof. Doutor Fernando de Pádua - que com os seus técnicos qualificados proporcionou chec-ups a vários compatriotas, em regime de voluntariado….

       E, a terminar, recordo que numa dessas Fantásticas Festas Minhotas, entre as várias e os vários Portugueses emigrantes que nos procuraram, encontrei, entre outras/os, uma Jovem lusodescendente –  a  Profª Doutora Isabelle Oliveira, atual Vice-Reitora da Sorbonne Nouvelle, que após uma larga conversa sobre a Associação e acerca dos apoios que podíamos proporcionar – acabou por vir a ser, desde então nossa Associada.

       E esse foi, por exemplo, um começo de uma estreita colaboração que se tem intensificado, quer através da participação em Encontros por nós organizados, quer ainda  pela colaboração direta em eventos, nomeadamente como os que  se vão agora  realizar em Paris , no próximo dia 10 de Setembro, em que para além de um Colóquio na Sorbonne Nouvelle, haverá também um  Concerto no Conservatório da Mairie de Puteaux,    de homenagem ao Maestro António Victorino de Almeida, pelos seus 75 anos. E outros exemplos se poderiam referir, mas estes foram mencionados  pela sua ligação a Monção e pela proximidade a que estamos da referidas Iniciativas em Paris.

       É com este trabalho conjunto,  em regime de voluntariado e recorrendo  às Parcerias e aos apoios financeiros conseguidos, que temos vindo a evoluir ao longo destes 22 Anos de existência.

       E, por último, na minha qualidade de Presidente da Direção da «Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade», apresentamos os nossos agradecimentos à Mesa que participou e dirigiu os trabalhos desta Sessão:

       Ao Professor Dr. Viriato Capela, digníssimo Diretor da Casa Museu de Monção da Universidade do Minho; à Drª Sandra, que também pertence à Universidade do Minho e que se ocupou dos aspetos logísticos; ao Vereador Dr. Paulo Esteves, que nos acompanhou, em representação do Presidente da Câmara Municipal de Monção; à Profª Drª Luiza Malato, da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, à Drª Maria Manuela Aguiar – ex – Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas – e atual Presidente da Assembleia Geral da Associação Mulher Migrante e à Drª Nassalete Miranda, que moderou a Mesa  e que é Diretora do Jornal “ As Artes entre as Letras” e à Mestre Arcelina Santiago, membro da Direção desta Associação.

        Dirijo ainda Saudações Cordiais a todas e a todos as/os participantes e a outras/os Intervenientes e em especial à excelente Organização, permitindo-me salientar o trabalho desenvolvido, designadamente pelas nossas Associadas Mestre Arcelina Santiago e também pela Digª Pintora Luísa Prior.

       Com a maior gratidão por nos ter sido facultada mais esta oportunidade, me despeço.

                                                            Rita  Andrade Gomes

domingo, 25 de outubro de 2015

Rita Gomes sobre MARIA ARCHER


 

LANÇAMENTO do Livro de Elisabeth Battista

“ O Legado de uma ESCRITORA VIAJANTE”

 

       Começo por felicitar a Profª Doutora Elisabeth Battista, pela coragem e empenhamento que tem dedicado ao Estudo sobre a Escritora ViAJANTE, Maria Archer,  como lhe chama neste seu Livro.

        Sinto que após a leitura do Livro que está agora a ser lançado, com os mais diversos pormenores que a Autora conseguiu recolher e que inseriu nos vários capítulos, fiquei francamente mais esclarecida sobre  Maria Archer, sobretudo muito mais sensibilizada para a sua história de vida.  E, isso, apesar do muito que fui conhecendo sobretudo através de meu pai e posteriormente acerca da sua vida no Brasil.

        Não tinha de fato o conhecimento que agora melhor me permite avaliar passagem de Maria Archer pelas diversas partes  do Mundo, sobretudo em África e pelas honras que mereceu, por virtude do seu trabalho, nem sempre reconhecido, mas também pelas  adversidades vividas que não merecia.

       Era eu muito nova quando a  conheci na minha casa, na Graça, onde vivi. Lembro-me ainda bem da sua beleza. Figura excecional de Mulher, de intelectual e de defensora de direitos humanos,  sociais e políticos, incluindo as Mulheres.

       Só agora soube que se fez representante da União das Mulheres Portuguesas Democratas, filiada no Movimento das Mulheres Democratas Portuguesas para que tinha sido eleita Presidente. Gostei muito de ter conhecido  esta sua decisão, através deste Livro.

       É chegada a altura de esclarecer que ao contrário do que consta do Programa e do Livro agora lançado, eu não sou sobrinha de Maria Archer, com o que teria muita honra, mas apenas prima em segundo grau. Meu pai era primo direito dela e foram muito amigos. O pai de Maria Archer era irmão de minha avó paterna- alentejana também.

       Foi através de meu pai  que começou a minha grande admiração  e até estima por Maria Archer, como Mulher, escritora e política. Na altura eu tinha uma mãe monárquica e um pai republicano e esse conflito de ideias, fazia parte do nosso dia a dia, convivíamos com a política, daí estar, desde então habituada ao debate sobre questões políticas.

      A sua capacidade criativa era a todos os títulos excecional e diversificada. Além dos escritos jornalisticos, Conferências feitas em diversas Instituições Culturais, Políticas e outras, saliento, a propósito  as conferências que, por exemplo, fez no Liceu Pedro Nunes para Jovens, que muito a admiraram – relato feito por meu marido  que foi aluno desse Liceu –  e que, desde então,  passou a ser um seu grande admirador.

      E um dia soube do seu infeliz regresso a Portugal, a seu pedido. Por eu  estar ligada a trabalhos sobre a Emigração fui sabendo um pouco mais sobre a sua Vida e Obra , o que melhor me permitiu apreciá-la.

     Recentemente, de forma inesperada e através de e-mail enviado do Brasil para a Drª Manuela Aguiar, conseguimos contatar em S. Paulo, durante uma Reunião da Associação Mulher Migrante, com  as 2 irmâs Blanche de Bonnville e Maria Jorge de Bonnevillle, que a tiveram como percetora na sua casa de S. Paulo. Ambas continuam a ter por ela  uma enorme amizade e reconhecimento.

     Como testemunho dessa amizade, estão publicados pequenos textos das duas referidas Senhoras, na Revista desta Associação, “ A vida e Obra de Maria Archer – Uma Portuguesa na Diáspora” sobre o Encontro realizado em Lisboa, em sua Homenagem, ( dia 29 de Março de 2012),  no Salão Nobre do Teatro da Trindade, que teve também como Parceiros a Fundação Inatel, a Fundação Fernando de Pádua, a Câmara Municipal de Espinho e a Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade.

     Como todos sabem e eu já o referi,  a capacidade criativa de Maria Archer, foi a todos os títulos excecional e diversificada.

     De fato, agora que mais recentemente tenho relido algumas das suas Obras , melhor posso confirmar  essa sua capacidade.

      Recordo, por exemplo, um texto por ela escrito em 1964, num Jornal do Brasil “Portugal Democrático”, nº 83, de Maio de 1964, sobre a Reforma Agrária no Séc X1V. em Portugal:

     Começa assim: “ Lendo há dias  a  CRONICA DE D. FERNANDO do venerável Fernão Lopes  ……                                  

     “…. É também de notar que no Portugal do século XIV  já se reconhecia o valor social da propriedade imobiliária e a prioridade desse merecimento sobre o direito de posse sempre que estivesse em causa a sobrevivência do Reino. O princípio político da encampação da empresa agrícola mal administrada ou, ou subtraída  à utilização pública, isto é, desviada do serviço social da Nação, ressalta nitidamente desta legislação medieval.

      Mais ainda: Encontramo-nos aqui na presença dum postulado que não aparece em nenhum dos projetos de Reforma Agrária contemporâneos e chegados ao meu conhecimento – o de que a indemnização devida ao proprietário ”constrangido” seja  “razoável “ e arbitrada pela Justiça, após o que não havendo entendimento entre as partes o direito de posse seria confiscado ao proprietário, e suas terras entregues ao “bem comum”.

     Não entendo integralmente este  termo “bem comum” por estar acentuado de “onde o houvesse” . Cuido que Fernão Lopes se referiu a bens concelhios ou municipais, não aos do Estado.  possivelmente logradoiros ou baldios. Se o cronista quisesse indicar bens do Estado teria empregado a palavra “Reino”….

     “Não pode haver qualquer dúvida, após esta breve leitura da secular existência, em Portugal, do princípio político da encampação da propriedade,  se a mesma tiver sido desviada do  seu fim  de utilidade social , e com indemnização ao proprietário. Se alguém voltar a afirmar- me que esse aspeto da questão agrária foi gestado pelas filosofias do materialismo dialético, protestarei e dando o seu a seu dono recomendarei ao ignorante que estude a legislação do século XIV.”

     E além disso, poderemos, por exemplo, encontrar nas Revistas Municipais de Lisboa, entre 1939, 1940, 1941. 1942, 1943 e 1945, artigos de Maria Archer entre os quais se abordam assuntos, como eles dizem “pitorescos e intimidades citadinas”

     Assim num Artigo de 1939 sobre “TIPOS POPULARES” é  referido que os traços que Maria Archer  documenta podem parecer-nos hoje comezinhos… mas terão para gerações vindoiras, justamente por terem aspetos flagrantes do viver de muitos, um interesse de “documentário  anedótico  .

     Entre os diversos TIPOS POPULARES, escreveu sobre:

     PORTEIRAS    Rev.  nº 2 Ano de 1939

     O ARDINA              nº3             1940

     A PEIXEIRA            nº4             1940

     A CRIADA              nº 5             1940

     O MOÇO DE RECADOS   nº 8/9   1941

     O COCHEIRO                    Nº 10    1941

     O PADEIRO                  Nº 11 e 12 1942

     OS  GANGAS            Nºs  13 e 14   1942

     O ENGRAXADOR     Nºs  24 e 25  1945

      Esta diversidade simboliza bem a capacidade crítica da autora, sobre Figuras Tradicionais do SÉC  XX  e que hoje quem com a minha idade se lembra, acha  FANTÁSTICA ESTA CARACTERIZAÇÃO Razão tinham aqueles que em 1939  se lembraram dos TIPOS POPULARES a pensar nas gerações vindoiras e no trabalho de Maria Archer, sobre esta realidade da vida desses tempos.

24 de Setembro de 2015

Rita Gomes

sábado, 24 de outubro de 2015

MARIA LUISA COELHO Leitora do IC em Berlim


Para além dos clichés

 

(apresentação de um projeto)

 

 

Desde o começo da crise económica e da aplicação de medidas de austeridade que as imagens de Portugal e da Alemanha, nos respetivos espaços, sofreram modificações devido às novas dinâmicas económicas e sociais e às hierarquias de poder e dominação dentro do espaço europeu.

 

Este projeto ensaístico multidisciplinar da área político-social que organizei e apresentei, em colaboração com especialistas selecionados dos dois países, é composto pela edição de duas obras intituladas Contos por contar – Alemanha e Portugal (ed. Orfeu, Bruxelas, 2014) e Pontes por construir – Portugal e Alemanha (ed. Bairro dos Livros, Porto, 2015) e  exprime uma vontade de abrir um discurso novo sobre os dois países.

 

O objetivo é libertar as suas imagens, através de reflexões teóricas e narrativas de experiências, dos preconceitos negativos que penetram os discursos que os descrevem, sobretudo em Portugal. A oposição entre o discurso que nasce no interior e se confronta com o que cresce do exterior atravessa as obras e constitui um dos seus motivos dominantes. Os episódios históricos, políticos, sociais ou culturais contados ou discutidos acabam por tornar  visíveis os perconceitos  e os clichés que circulam sobre estes dois países para melhor os denunciar.

 

A variação de pontos de vista adotados nestas obras, assim como a sua estruturação por temas diversos constitui um dos seus pontos fortes. Abrindo o leque temático (História, Geografia, Política, Educação, Investigação, Identidade, Cultura, Realidade e Ficção), abrange um maior número de leitores. Com efeito, apreendido sob ângulos diferentes em função da pessoa que se exprime, nativa ou estrangeira, cada país acaba por melhor poder ser apercebido na sua globalidade.

 

Estas duas obras são acerca de Portugal e da Alemanha mas pretendem ser, principalmente,  sobre  os discursos que existem sobre estes países. Gostaria que levassem os leitores a  refletir sobre a forma que tomaram estes países no espaço discursivo sociopolítico português e alemão. Espaço esse, imaginário, onde a falta de conhecimento das realidades vividas pelo outro traz consigo um deficit de representações que arrastam e alimentam os mal-entendidos.

 

De facto, nesta situação, é a língua que – através dos media que com a sua função política, penetram o imaginário e permitem a hegemonia ou a submissão político-cultural – se torna o veículo das mentalidades da época. Este projeto que desagua num trabalho analítico quer provocar uma rutura no preconstruído inerente à circulação ideológica e abrir caminho ao conhecimento mútuo.

 

 

 

Luísa Coelho

 

Leitora em Berlim do Camões – Instituto da Cooperção e da Língua

 

 

Berlim, outubro de 2015

MANUELA DA ROSA PIONEIRA DO CCP

Curriculum vitae resumido Manuela Baptista Rosa nasceu a 3 de Janeiro de 1942, na Madeira onde estudou até concluir o Magistério Primário e onde leccionou no Ensino Básico até 1972. Emigrou então para a África do Sul e, desde 1973 até 1997, foi professora e directora pedagógica da escola portuguesa da Associação da Comunidade Portuguesa de Pretória. Volta à Madeira onde exerce no 1o ciclo do Ensino Básico até 1999. Regressa à África do Sul leccionando, então, português como língua estrangeira, nas escolas locais até 2006. Entretanto, termina em 2004 a licenciatura em Formação Científica e Pedagógica pela Universidade Aberta.

Na África do Sul, participou de várias formas no trabalho com a comunidade e no movimento associativo. Foi directora cultural, fundadora do Rancho Folclórico e presidente da Casa Social da Madeira; membro fundador e vice-presidente da secção feminina da Sociedade de Beneficiência "Os Lusíadas"; membro fundador, honorário e presidente executivo nacional da Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul; membro desde a fundação da Mulher Migrante. Foi Conselheira das Comunidades Portuguesas e é Conselheira das Comunidades Madeirenses. Desde 1980, foi membro da Sub-Comissão organizadora das Comemorações do Dia de Portugal em Pretória, sendo desde 1996 membro da Comissão de Honra. Recebeu a Medalha de Mérito da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e o Grau de Comenda da Ordem de Instrução Pública.

Intervencao no congresso de Espinho:

A INTEGRACÃO DA MULHER PORTUGUESA NA ÁFRICA DO SUL

Através dos contactos que tenho tido com a comunidade em geral, e com a feminina, mais em particular, e com todo o Associativismo na África do Sul, aprendi a viver a sentir muitos dos seus problemas.

A Mulher, parte do agregado familiar, ao sair de Portugal, por circunstâncias várias, trouxe consigo dois grandes anseios:

1o. Ajudar a família a vencer na vida.

2o. Poder um dia voltar às suas origens, à sua aldeia, aos seus familiares.

Com estes anseios acompanhou o marido e enfrentaram juntos grandes dificuldades, desde as económicas, linguísticas, aos diferentes costumes e tradições as condições de trabalho e as práticas religiosas e até mesmo as condições climáticas.

O emigrante ao chegar aos países de acolhimento tentou minimizar o seu isolamento agrupando-se para fundar associações relacionadas com a sua identificação de origem e clubista para assim falar na sua própria língua, das memórias e da saudade de tudo o que ficara para trás - a paisagem, os seus familiares, o seu clube preferido, as festas, as romarias, etc.

O casal chegou na flor da idade com uma esperança dominante de realizar rapidamente os seus sonhos, mas que, de uma maneira geral, nem sempre conseguiu tão facilmente.

Sabemos que as memórias do passado colectivo, garantem a continuidade de um ser, mas na situação do emigrante, estas memórias são muito mais acutilantes.

O emigrante criou verdadeiros monumentos - padrões de portugalidade neste país - criou escolas, ranchos folclóricos, organizações de solariedade social, encontros gastronómicos e culturais para assim se identificar. Hoje muitas destas associações estão a sofrer por falta de assiduidade relacionada com os movimentos migratórios da comunidade e por vezes por falta de interesse da juventude e problemas de gestão.

E agora pergunto eu: Qual é o papel da mulher em todo este percurso?

A mulher, a esposa, a mãe, a dona de casa, a operária, a empregada que ao lado do marido trabalha e trabalhou no comércio e nas fazendas,e que lado a lado lutou para que a associação por ela criada, pudesse crescer e desenvolver, estava votada ao esquecimento, tinha um papel secundário nesse sector, com as tarefas mais duras e desgastantes nas cozinhas, nas limpezas, sem nada reclamar e sem nunca ser incluída nos corpos directivos das mesmas organizações.

O emigrante português trouxe consigo a sua identificação e pertença, mas o modelo patriarcal como fora criado, estava bem arreigado no seu ser - até mesmo hoje nos seus descendentes. Dificilmente aceitou uma mulher como presidente da associação a que pertence.

No entanto estas ideias tem-se atenuado um pouco ao longo dos tempos. Em algumas instâncias, infelizmente muito poucas, a mulher portuguesa de hoje já não é só reconhecida pelo seu impecável papel de mãe e de dona de casa, é um elemento integrado na vida social, económica, política (neste sentido ainda tem muito para lutar), desportiva e cultural na África do Sul, (principalmente as camadas mais jovens), mas com uma sensibilidade superior que a distingue do homem!

Como dirigente tem dado provas de grande responsabilidade e competência, muito em especial na integração da juventude nas associações, com actividades que atraem jovens de ambos os sexos.

O NASCIMENTO DA LIGA
Um grupo de mulheres portuguesas sensível ao isolamento de muitas das nossas conterraneas ( temos que recordar aqui que não havia na altura qualquer acesso televisivo em lingua portuguesa), formou-se 1988 a Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul, com o lema "Contribuindo para um mundo melhor". É uma organização com múltiplos objectivos entre eles promover a coesão das mulheres portuguesas, promover, desenvolver e preservar a cultura e tradições portuguesas através da divulgação e discussão dos mais variados tópicos assim como a mulher no seu desenvolvimento individual, defender os seus direitos e sempre que necessário, actuar em sua defesa, dos seus filhos e de toda a sua família. Nesse ano criaram-se os Estatutos. A 20 de Maio de 1989 realiza-se a 1a. reunião pública à qual aderem cerca de 230 mulheres portuguesas, no Hotel Boulevard da mesma cidade. Dois anos mais tarde formam-se as filiais de Durban, Cidade do Cabo e Rustenberg.

Através da Liga, fomentou-se ainda a integração da mulher com outras comunidades tornando-se mais sensível e conhecedora dos problemas que a rodeiam, e mais consciente do seu papel neste país visto enfrentar problemas comuns. Estes convívios são um manancial de enriquecimento cultural e colaboração, outro dos objectivos da Liga da Mulher.

A identidade de um povo está ligada à sua lingua e cultura e nesse sentido, a Liga luta pela defesa continua desses ideais. Como mãe e educadora, a mulher é a pessoa certa para transmitir esses nobres valores a toda a familia. Acreditamos que educar uma mulher é educar uma sociedade.

Enquanto que a sociedade portuguesa em Portugal, e a nível Europeu, evoluiu em termos do papel e importância da mulher nas várias facetas da sociedade (o que aliás é a situação que actualmente vivemos também na sociedade sul africana- na nova e democrática África do Sul) este não é o caso propriamente dito na sociedade emigrante portuguesa neste país.

Nota-se a existência de uma separação entre as 1as. e 2as. gerações a que me referi no início desta apresentação e as chamadas 3as. e 4as. gerações ou seja - jovens mulheres já nascidas neste país e que vivem portanto num mundo de dualidade - um existir patriarcal arreigado no seio familiar - de pais e avós - e uma maior abertura na sociedade em geral em que estão inseridas, que é a sociedade que profissionalmente lhe vai assegurar o futuro - seu e da sua família. O que acontece é que estas jovens acabam por não se identificarem com estes valores ultrapassados da sociedade portuguesa neste país e estão a perder o contacto com a língua portuguesa.

A Liga continua na sua luta pela valorização da comunidade. Procuramos soluções para as gerações mais jovens, e acreditamos que este congresso poderá ser um manacial de ideias e experiências noutros países da diáspora.

Foi o último Encontro para a Cidadania- Congresso da Mulher Migrante na África do Sul, que incentivou um sonho antigo que tenta dar resposta à situação em que se encontram as primeiras gerações.

Assim, ao comemorar os seus 20 anos de existência na África do Sul (a 7 de Dezembro de 2008) e atenta ao facto de que o grupo das 1as gerações está numa nova etapa da sua vida, a Liga está a desenvolver um projecto de criação de uma universidade sénior que se chama Boa Esperança por acreditarmos que trará mais confiança e ânimo aos seus alunos como o dobrar do Cabo trouxe aos marinheiros portugueses em 1488. A universidade sénior portuguesa está a suscitar grande entusiasmo na África do Sul e confiamos que dará boas oportunidades a todos, principalmnete aqueles que pela sua condição de vida têm mais tempo disponível para dar e receber novos connhecimentos. Força porque ainda somos úteis! A universidade é um espaço privilegiado para cada qual poder partilhar a sua experiência os seus conhecimentos e talentos.

Apesar de já existirem universidades séniores na África do Sul justifica-se esta em português pois a comunidade lusófona da classe etária para a qual a universidades séniores se dirige isolou-se ao nível da lingua e do convívio porque as prioridades inicialmente eram outras.

A propósito da universidade senior, mencionei o último Congresso da Mulher Migrante realizado na África do Sul e trago-vos, em nome da Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul, algumas impressões sobre este evento.

ENCONTROS PARA A CIDADANIA - ÁFRICA DO SUL

Honrou-nos com a sua presença um grupo de ilustres visitantes, nomeadamente a Sra. Dra Maria Barroso, a Sra. Dra Manuela Aguiar, a Sra Dra Rita Gomes, a Sra. Dra. Beatriz Rocha Trindade, a Sra. D. Carol Marques, a Sra. Dra.Vera Moreno e a Sra. Dra. Graça Guedes, todas pertencentes a Associação Mulher Migrante.

Estes membros da Associação Mulher Migrante apresentaram os diversos temas e foram moderadoras das intervenções a nível local.

Além do sacrifício de uma viagem de tantas horas de avião, estas “Mulheres Extraordinárias” trouxeram consigo, ensinamentos profundos, baseados na sua vasta experiência de trabalho com a Mulher Migrante no Mundo.

Trouxeram também consigo, calor humano, amizade, simpatia e interesse pela causa da Mulher particularmente da Mulher Migrante. Trouxeram também algo de maravilhoso que foi a nossa Lingua. Foi tão bom ouvir falar bom Português! Adoramos estar convosco.

Nas várias sessões de trabalho foram partilhadas vivências e situações de outras Comunidades Migrantes Portuguesas e não só, que nos mostraram que muitos dos problemas e desafios que enfrentamos não são únicos a nossa Comunidade, mas verificam-se quase a nível geral de Migração.

Reiteraram os problemas que as mulheres ainda encontram no mundo actual devido à desigualdade de género e crenças e práticas culturais de discriminação. Foram discutidos aspectos de identificação e de pertença como factores importantes na dinâmica integracional da mulher migrante nas comunidades de acolhimento.

Foram também focados o papel da mulher no trabalho e no associativismo e a sua contribuição não só para a sua comunidade mas também para o enriquecimento da comunidade de acolhimento. Falou-se ainda do percurso da mulher no ensino escolar e universitário que tem vindo a melhorar com as novas gerações e verificou-se também que a participação da mulher no desporto é uma realidade cada vez maior e que a mulher é capaz de grandes conquistas nesta área .

Por outro lado, os Encontros, facultaram a um grupo de mulheres na Africa do Sul a oportunidade de dialogarem umas com as outras e partilharem assuntos de interesse comum ficando também mais esclarecidas sobre vários aspectos relacionados com a sua condição de Mulher Migrante.

ENCONTROS PARA A CIDADANIA - CONCLUSÄO

Os encontros para a cidadania que são encerrados neste Congresso, e que ao longo destes 4 anos se realizaram nos diferentes países da diáspora, com o maior sucesso, foram um alerta à Mulher Migrante da sua importância, do seu papel como cidadã portuguesa, como cidadã do mundo! Tornar a mulher mais consciente, mais conhecedora dos seus direitos e deveres, no mundo em que está integrada. A mulher não pode ficar alheia aos problemas sejam eles ligados à família, à economia ou à política! Tudo está interligado! A mulher portuguesa sempre foi conhecida por ser excelente mãe e esposa, exímia dona de casa, mas nunca se envolveu profundamente na política. Talvez ocupava simplesmente o lugar que lhe era indicado pelos maridos. Hoje, tudo se transformou e encontramos mulheres muito mais envolvidas nesses sectores e até com cargos de chefia, nos mais diversos postos de trabalho.

Na África do Sul, nas novas gerações é isso que está a acontecer. No entanto foram muitos os anos de isolamento a que a mulher foi votada por esses países de emigração. A RTP Internacional veio dar um grande impulso, uma grande companhia a muitas mulheres que passavam os dias isoladas, enquanto os maridos saíam para os seus empregos. Ouvem falar a sua língua diariamente através da TV e ficam a par daquilo que se passa em Portugal. É um elo de ligação, é uma globalização que nos une aos nossos irmãos que ficaram na nossa terra natal! Ao mesmo tempo mostra o caminho a seguir em muitos sectores da vida do país- temos de nos integrar, temos de acordar e mostrar quão importante é ser Bom Cidadão! E dar a nossa opinião válida da qual podem depender muitas resoluções. Com a nossa colaboração directa tudo pode mudar - para melhor ou pior- conforme nos consciencializamos desse papel!