quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Maria do Rosário Loures Diário Poético - A Emigração Portuguesa

Diário Poético – A Emigração Portuguesa
Ontem
a salto pelos Pirinéus
a caminhar meio descalço
até à cidade luz, à procura
do pão de todos os dias
se possível acompanhado
com o tinto que possa pagar
com dinheiro ganho no duro
trabalho que os nativos
não queriam executar
quando o faziam mais 
“argent” iam ganhar
esperar que a mulher pudesse
vir trabalhar e fazer companhia
limpar na casa das madames
subir no escalão e tornar-se
porteira desse mesmo casarão
Hoje
de avião via Francoforte do Meno
com destino à terra citada na net
ou indicada por conselheiros pessoais
com um diploma na mão vazia
a língua inglesa na ponta da língua
à procura da segurança perdida na terra
e do trabalho adequado e legal
com o qual se pode comprar um carro bom
mesmo que não seja um jaguar
vai-se ganhar menos uma centena de euros
do que aqueles que aí nasceram
e os pais dessas terras são
o que interessa é poder pagar
fast food ou a cozinha tradicional
a àgua, coca-cola, cerveja ou o vinho
e
não esquecer o direito
à segurança social
Nuremberga, 12.09.2013
©Maria do Rosário Loures

Maria do Rosário Loures Comunicação


É com muitíssimo gosto, poderia escrever honra ou prazer, que me encontro a escrever estas palavras sobre a minha participação no “Encontro da Mulher Migrante em Congresso”, e como não podia deixar de ser aqui Vos apresento mais de meia dúzia de palavras sobre a minha vida desde há um quarto de século na diáspora:

- Sou filha de um homem, negociante alentejano, que emigrou para a Alemanha nos anos 60 pelo seu descontentamento total com a situação em que se encontrava; tinha muitíssimos clientes, tanto na mercearia-padaria como na tasca-casa-de-pasto, mas a grande maioria deles não tinha um tostão para pagar a conta. A minha mãe continuou a dirigir o negócio, até que um ano depois o meu pai a  chamou para a terra das grandes indústrias; não me levou para que eu continuasse a ser uma menina de boas famílias e não tivesse que ir viver como filha de “Gastarbeiter”, o termo pejorativo para os  imigrantes na Alemanha,  e frequentar uma escola cujo sistema e professores eles não conheciam, a única do conhecimento de meu pai era a escola Berlitz, onde logo se matriculou para aprender as bases da língua do Goethe.  Como se diz na zona de Odemira, fiquei entregue aos meus avós e mais tarde fui para um colégio interno. As férias-grandes, essas costumava passá-las junto deles, na cidade do Julgamento, em Nuremberga.  A minha entrada na diáspora deu-se pelo meu casamento com o pai da minha filha, um alemão, germanista virado para a arte e que queria melhorar o mundo, era e continua a ser membro ativo do partido dos verdes “Die Grünen”, na mesma cidade onde meus pais viviam. Eu, uma vez que tinha estudado alemão na Escolar Superior de Tradutores e Intérpretes assim que a minha filha entrou para o “Kindergarten”//Jardim de Infância, comecei a trabalhar num escritório de advogados especializado em direito de estrangeiros e asilo-político tal como direito de família.  O meu, nessa época, ainda marido era o secretário-geral do conselho de estrangeiros da mesma cidade, tendo eu automaticamente a possibilidade de conhecer migrantes de muitas cidadanias e culturas, tal como os seus problemas politico-socias. Na minha ingenuidade entrei para o partido “Die Grünen” para melhor poder lutar pelos seus interesses. Também entrei para o grupo de trabalho “Mulheres” do mesmo partido.  No ano de 1991 fui eleita secretária da Associação Portuguesa de Nuremberga, onde até aí as mulheres, execepto a professora portuguesa que ajudou à criação da mesma, só serviam para trabalhar na cozinha. Um ano a seguir fui eleita por unanimidade como presidente da Associação.  Tentei durante esse período de tempo conseguir aqui e ali, ir mais além que os meus antecessores. Para além da gastronomia e da equipa de futebol, conquistas dos meus antecessores, dei aulas de alfabetizaç­ão, alemão escrito e falado para iniciados.  Uma vez que essa casa era frequentada por oriundos das antigas colónias portuguesas e tinha mandantes no escritório onde trabalhava, como requerentes de asilo-politico vindos de Angola e Moçambique, organizei uma sessão de esclarecimento sobre as eleições em Angola no ano de 1992, com a participa­ção e depoimento de um observador da ONU que lá tinha estado para essas funções. Muita coisa mais aconteceu e teve o seu lugar.  Muito mais teria para contar, mas não é esse o meu fim!   O mais importante é que a partir dessa altura os homens, sócios dessa comunidade aprenderam que uma mulher também pode desempenhar a fun­ção de presidente e ser membro da sua administração.

Não aceitei o convite a participar neste congresso para vir aqui contar simplesmente a minha vida na diáspora. E, como tal vou passar ao tema que muito me aflige, o Ensino da Língua Portuguesa para os filhos das Migrantes. É certo que a crise em que Portugal se encontram afeta todos os sectores da vida dos portugueses em Portugal e agora também na diáspora.  Numa altura em que a emigra­ção portuguesa está a crescer a olhos vivos foi reduzido o contingente de docentes, em 3 anos, de 625 a 355., e foi instituída uma propina de 100,-EUR por aluno para países como a Suiça, Luxemburgo, Reino Unido e Alemanha para 3 horas de “escola” por semana para aulas de “português para estrangeiros”.  Estes alunos, estas crianças, não só são filhos de portuguesas como também usufruem da cidadania portuguesa. Independentemente de qualquer teoria eles deveriam era de aprender o português como língua materna. 

E, eu a sonhar com a criação do sistema Pré-Primário a fim de evitar que não se repita o que aconteceu com a minha filha, que um dia por volta dos seus quatro anos quando íamos pela rua, eu a falar com ela a nossa língua materna e a menina levou as suas mãozinhas aos ouvidos e disse: - “Pára, mamã! A partir de agora não falas mais português comigo!”  “Porquê, Sarah?” “Porque não quero ser tratada como uma estrangeira e vir a ser discriminada como o papá diz.”  O que para nós migrantes portuguesas é uma utopia é para os filhos dos migrantes italianos e espanhóis uma realidade vera!

Alguém se esqueceu, que uma das principais fontes de divisas de Portugal vem dos portugueses e portuguesas na diáspora!

Vou terminar com uma frase do nosso grande mestre Fernando Pessoa

„ A minha pátria é a língua portuguesa”.

 

Nuremberga, 26.09.2013

Maria do Rosário N.G. Loures

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Filomena Fonseca Comunicação


A EMIGRANTE QUE NÃO FUI

          Após um honroso convite para escrever algo relacionado com a realidade da mulher na vida, na diáspora e nas artes, tentei conjugar as várias vertentes, contribuindo através do testemunho da minha própria experiência. Não porque eu tenha sido verdadeira emigrante, mas porque sempre o quis ser e me senti impedida por diversas vezes.

          Enquanto, ainda hoje, muita gente tem grande relutância em emigrar e vê a coisa sempre pela necessidade e pela negativa eu, pelo contrário, sempre tive vontade de alargar os meus horizontes e conhecer novas terras, outros povos e outras culturas. Como disse um dia D. Manuel Clemente, nós descendemos em grande parte de povos que por aqui passaram e se instalaram. Não admira pois, que muitos tenham vontade de sair e se aventurem. Está-lhes no sangue. Se assim não fosse, não teria havido os descobrimentos. Talvez também daí, a grande capacidade dos portugueses em se integrarem facilmente nos países de acolhimento.

          Para mim, a palavra emigração significa aventura, com todos os predicados subjacentes. Mas nunca foi e nunca será sinónimo de facilitismos ou liberdade sem regras. Muito menos para as mulheres sonhadoras e atentas à realidade. Como dizia Maria Lamas: “ Tudo vem do sonho. Mas só os sonhos em ação têm força criadora”. Será, assim, sinónimo de dinamismo, trabalho, ambição, vontade, evolução, etc.

          Sempre tive muita curiosidade e grande fascínio pelas pessoas e por tudo o que aparecia de novo. Criava os meus próprios brinquedos, a partir do que via nas festas da aldeia. Tudo servia para dar azo à minha imaginação. Desde muito cedo manifestei um dom para o desenho. Passava o tempo a desenhar e a ler. Aprendi também trabalhos manuais, como: crochet, costura, tricot, bordados, etc.

          Na época, a maioria das mães, não tinha voz ativa dentro das suas próprias famílias. Eram impedidas de tomar iniciativas e vistas sobretudo como objetos de trabalho doméstico. Incluo aí também a minha mãe, subjugada às ideias do marido. Só subtilmente e à socapa, resolvia situações de acordo com suas ideias próprias. Tinha o seu emprego e também em casa, sempre a vi a trabalhar. Quantas vezes, atarefada e a precisar da minha ajuda, desde que me visse com livros, dizia: “Deixa-te estar!” Como ela me compreendia! Talvez estivesse me projetando os seus próprios sonhos. Bem diferente de meu pai. Muitos chefes de família eram dominadores, junto de suas mulheres e filhas. Não as valorizavam.

          Era eu adolescente e havia na minha terra um grupo de teatro amador. Assistia a todos os espetáculos. Um dia convidaram-me a entrar numa peça. Ensaiei três vezes sem meu pai saber. Logo que soube, disse: “ Mulheres no teatro, nem pensar!” E lá se foi a possibilidade da minha 1ª experiência teatral. (Só muito mais tarde, consegui realizar esse desejo, através de cursos de teatro e experiências em novela da SIC.)

          Vivendo numa casa grande entre muros de granito, pululavam em mim muitos sonhos. Porque não me conformava com a supremacia das ideias maioritariamente masculinas, discriminatórias da minha condição social, tive muitas vezes de remar contra a maré, desobedecendo por vezes a meu pai, que nem queria que eu estudasse. Na época, poucas mulheres estudavam e só a insistência duma professora o conseguiu convencer. Mas sem hipótese de qualquer reprovação. Seria condição suficiente para não voltar à escola. Isso fez-me criar a noção da responsabilidade pelos meus atos, e aliada à minha grande sede de saber, ainda hoje latente, resultou em grande empenhamento e luta pelos meus objetivos.

           Aos 12 anos de idade vi, com alegria, o meu primeiro poema publicado num jornal escolar. Mas fui sempre muito contrariada em meus anseios. Quis ser professora e não me deixaram. Obrigada a trabalhar aos 15 anos, após o Curso Comercial, aproveitei o primeiro emprego que apareceu, num escritório de empresa do ramo alimentar. Aos 17 anos chefiava o escritório duma fábrica de malhas e confeções com 65 pessoas. Entretanto, um namorado quis casar comigo e acharam que era cedo demais. Como iria viver para Sintra, era muito longe…!

          Tirei a carta de condução (coisa rara para mulher), tinha 19 anos. Nessa altura uma amiga que, como eu, adorava os idiomas de francês e inglês, propôs-me ir trabalhar e estudar na Inglaterra. Arranjou em Londres emprego para as duas e sonhei ir com ela. Na hora de tirar o passaporte, meu pai voltou a dizer “não!” e ela foi-se embora sozinha. É hoje uma mulher bem-sucedida da diáspora. Visito-a em Hamburgo, no norte da Alemanha.

          Pouco tempo depois, uma vizinha quis levar-me para os Estados Unidos e voltei a ouvir uma nega. Essa amiga, é também uma empresária de sucesso em Nova Iorque.

          Movida pela força de vontade de evolução contínua, e não podendo largar o emprego, quis retomar os estudos em horário noturno, e ouvi então dizer: “Aqui, mulher não sai à noite!”. Sempre “aprisionada”, só quando passei à maioridade (21anos) me senti eu própria, tornando-me independente e financeiramente autónoma. Fui-me aventurando à vida, sem nada esperar de quem quer que fosse.

          Aos 23 anos realizei o sonho de viver na minha própria casa, adquirida com algumas economias, proventos das minhas habilidades e um pequeno empréstimo bancário.  

          Aos 26 anos ingressei nos quadros do Banco Português do Atlântico, hoje Millennium Bcp. Vivi sempre do meu ordenado, sem imaginar que pudesse um dia existir qualquer ajuda do Estado se eu não trabalhasse. Por isso, ia aprendendo tudo o que estivesse ao meu alcance para me valorizar. Um dia, vi afixado na minha agência bancária, o anúncio de um concurso para promotores comerciais. Até aí, só havia promotores/homens. Concorri, escrevendo uma carta para o efeito. Estando esta já terminada, reli-a e pensei: ” Sou mulher. Às tantas a carta vai parar ao lixo. Vou já alertar para isso!”. Então acrescentei no final da carta: “Pelo facto de ser mulher, julgo não ser condição suficiente para me excluírem do concurso. Entendo que o trabalho, desde que bem executado, poderá ser feito por ambos os sexos”. Venci, assim, o desafio, tornando-me a 1ª Mulher Promotora Comercial bancária da zona norte do país. Também por isso, fui convidada a promover a venda dos primeiros seguros na banca portuguesa, em parceria com uma companhia de seguros. Estávamos em 1989. Foram ótimas experiências de trabalho, que me deram muito prazer e me levaram a receber variados prémios. Sempre atendi emigrantes e dentro do serviço de emigração, li muitas das suas cartas, traduzindo os seus anseios e satisfazendo os seus pedidos.

          Quando sonhei ter o meu primeiro automóvel, fui em par-time, demonstradora e vendedora de trens de cozinha da marca italiana IMCO. Após treze meses, chegou o carro novo que paguei a pronto.

 

          Mas as minhas tendências mais inatas, eram para as artes. Queria dedicar-me à pintura e o tempo escasseava, meu sonho esvanecia.

          Em 1980, a convite de uma amiga emigrante, fiz a minha primeira viagem a Paris, de comboio, por quinze dias. Aí, o sonho renasceu com toda a pujança, já que, à minha volta se respirava a arte. Era ali mesmo que queria ficar! Aproveitei uma semana para visitar os museus. A outra, para comprar material e comecei aí a pintar. Ainda frescos e com todo o cuidado, trouxe três telas pintadas a óleo. Mal cheguei a Portugal, como havia várias agências do Banco em França, logo tratei de saber como poderia ir trabalhar e viver em Paris. Mais uma vez, e para meu desconsolo, outra resposta negativa. Em Lisboa disseram-me que o meu pedido teria sido aceite se o tivesse feito no ano anterior, dado a emigração, entretanto, ter diminuído bastante.    

          Restaram-me os sonhos e a minha arte. Após mais uns quantos quadros pintados, mostrei-os a uma jornalista e crítica de arte do Porto, Anabel Paúl, que me incentivou a apresentá-los ao público, o que veio a acontecer em 1983 em exposição coletiva no Sindicato dos Bancários do Norte. Em 1987 realizei a minha primeira exposição individual na Póvoa de Varzim. Através de livros, alguns mestres, aulas na ESBAP e experimentando diversas técnicas, continuei na arte. Tinha 36 anos quando faleceu minha mãe e meu pai logo a seguir.

          Nos finais do século passado, por motivos de saúde, aposentei-me do trabalho no Banco. Em 2005 interessei-me pela escrita criativa, num curso com o escritor Válter Hugo Mãe. Em 2006 tornei-me membro da Associação de Voluntariado do Hospital de V. N. de Famalicão como voluntária e coordenadora na área de oncologia.

          Em 2007 voltei aos estudos académicos. Estava ainda por realizar o sonho de uma licenciatura. E na Universidade Católica, entre as Teorias da Arte, História da Arte, Estética, Crítica de Arte, Iconografia, etc., conclui o curso de Estudos Artísticos e Culturais em 2010.

          Entretanto, no Teatro do Campo Alegre no Porto, cursei o “Laboratório de Leitura Poética” níveis I e II, com a técnica de voz e cantora lírica Ana Celeste Ferreira. Colaboro ainda em diversas tertúlias literárias e saraus de poesia. Em coautoria, participei em mais de duas dezenas de antologias poéticas. Em 2008 publiquei o primeiro livro de poesia “Os Degraus da Casa”. Sou membro de diversas associações artísticas e culturais. Algumas no estrangeiro.

          Com todas as provações e negações que a vida me aprontou, continuo uma pessoa positiva, otimista, lutadora e preparada para desafios. O único complexo que tive um dia, foi o de ser ”baixinha”, o que depressa me passou, quando ainda na escola se sentou a meu lado uma colega mais baixa que eu. Tenho também o vício de estar sempre ocupada. É nas artes da pintura e da escrita onde mais me realizo.

          Sempre me animou a ideia de viajar, chegar, partir e voltar. Nas viagens que fiz fora do país, sempre me senti uma cidadã do mundo. Estaria bem em qualquer parte, e em espírito, serei sempre uma eterna emigrante na ansia de realizar ainda outros sonhos.

          Como eu, muitas mulheres, dentro e fora da diáspora, sentiram algum tipo de discriminação. Algumas tiveram dificuldades de integração no mundo do trabalho, onde sei, que só com muito empenho e sacrifício se consegue a plena realização em qualquer profissão e muito mais na área das artes. Vejo a arte também como emancipadora. Através de meios comunicacionais comuns e tendências inatas, a arte aproxima as pessoas e ajuda a diminuir as diferenças. É também uma das minhas formas de comunicar, dialogar e denunciar injustiças sobre as mulheres no mundo. Defendo a liberdade, com valores e responsabilidade. Reconheço ter havido ao longo dos anos, muitos avanços na apreciação do trabalho das mulheres, seus direitos e regalias, mas estou certa que haverá ainda muito por fazer. Não percamos nunca a capacidade de sonhar!

          Termino com uma frase de Mário Zambujal:

        “ A mulher é o poema de Deus. O homem, a simples prosa”

 

20/9/ 2013

Filomena Fonseca

A LIga da Mulher e as UNIVERSIDADES SENIORES na RAS


A Profª Manuela da Rosa é  fundadora da Liga da Mulher Portuguesa na Africa do Sul.
Foi a primeira mulher eleita para o CCP na RAS.
Exemplo de capacidade e intervenção cívica, tem  dado sempre uma grande colaboração à AMM.
A ideia das Universidades Seniores surgiu no "Encontro para a Cidadania" de Joanesburgo, em 2008
(uma proposta da Profª Doutora Graça Guedes, que aí deu o exemplo da U S de Espinho).
No Encontro organizado pela AEMM em 2009, Manuela da Rosa falou da preparação dessa nova vertente de actividade. Hoje sabemos como ao longo dos últimos anos tem resultado. Parabéns à Liga,  e Manuela da Rosa.
Nas suas próprias palavras:


"A Liga da Mulher Portuguesa na Africa do Sul e uma organização de caracter Social e cultural,
fundada em Dezembro de 1988, para ir ao encontro das mulheres emigrantes Portuguesas
residentes neste Pais - em defesa dos seus direitos, da sua integração social no pais de acolhimento
do seu enriquecimento cultural em todos os aspectos, tanto no geral, como conhecimentos na
cultura portuguesa, língua, costumes, tradições, que para muitas estavam esquecidas, ou eram
mesmo ignoradas, visto terem vindo para a Africa do Sul com tenra idade ou mesmo terem nascido
neste Pais, com fracas  classificações académicas.
A mulher portuguesa com um coração cheio de amor a sua família, estava isolada, com muito pouco
contacto social e com a língua portuguesa.
Esta organização atenta a esse isolamento, tentou dar a mulher o estatuto que ela merecia,
tornando-a mais confiante, mais esclarecida e orgulhosa das suas origens, através de conhecimentos
da sua Historia de Portugal, dos seus escritores e poetas, enfim de tudo aquilo que nos orgulha de
sermos Portugueses e de pertencermos a um Pais de grandes heróis que foram os nossos
Ao longo dos anos muito se tem lutado pelo desenvolvimento social e cultural da comunidade
Portuguesa aqui residente. A nossa luta continua pois as premissas em que foi fundada a Liga tinha
um grande caminho a percorrer. Lutamos sempre pela a aproximação e colaboração entre a Liga da
Mulher  Portuguesa e outras organizações de mulheres deste Pais.
Estivemos presentes na grande manifestação  feminina, realizada no Sweto, Joanesburgo, antes da 
eleição democrática do Dr. Mandela, onde de mãos dadas, com todas as comunidades deste Pais,
pedimos a unidade, a paz, o amor, a compreensão e a amizade entre todas as raças! Foi a maior 
manifestação publica realizada ate essa data por mulheres na Africa do Sul.
Tivemos vários encontros nos dias da Herança Nacional ( Heritage Day ) 24 de Setembro em Pretoria, onde abraçamos as tradições e culturas locais, num intercambio de culturas, mostrando as nossas heranças através do folclore, da culinária tradicional, dos nossos escritores e poetas.
Publicamos ao longo dos anos revistas onde divulgamos as nossas actividades realizadas, a fim de
poderem chegar a outras áreas neste Pais.
A Liga da Mulher Portuguesa esta atenta aos problemas que afligem as comunidades Sul Africanas e
organização eventos nesse sentido. Em Joanesburgo, Durban, Capetown e Pretoria foram feitas
Festas para angariação de fundos para a ASSOCIAÇÃO DO CANCRO, que nos mereceu um diploma de honra pelo trabalho e dedicação a essa causa.
A Liga organiza regularmente  eventos culturais e sociais e angariação de fundos a favor de varias
instituições e lares da 3ª. Idade independentemente de serem ou não Portugueses.
No passado dia 23 de outubro realizou-se uma passagem de Modelos para ajuda dum Lar Sul
Africano em precárias condições financeiras.
Com o projecto da UNIVERSIDADE SÉNIOR iniciado há cerca de 3 anos, tornámo-nos mais abrangentes e temos dado oportunidades únicas  a comunidade Portuguesa sejam homens ou mulheres com cursos de Informática, Português, Francês, Inglês ,Pinturas, Culinária, Canto Coral, Costura, Visitas de Estudo e a criação do Clube do Livro. Anualmente fazemos entrega de certificados de
Aproveitamento dos Cursos frequentados, evento esse onde tomam parte alunos, Professores e
familiares e entidades oficiais, onde e sempre apresentado um tema muito actual, como seja Acordo
Ortográfico Luso Brasileiro, síntese da Literatura portuguesa desde os primórdios até à actualidade e
outros temas de muito relevo sobre saúde, psicologia de preparação e aceitação da 3ª. Idade e
Realizamos congressos nas diferentes cidades onde há filiais da Liga, como  em Joanesburgo,
Pretoria, Cabo, Durban, com diversificadas conferencias e exposições, ligadas à Saúde, a Educação , à Cultura Portuguesa, com lições de culinária e artes manuais e actividades de caracter Social

.
                            Vice Presidente do Executivo nacional da LIGA DA MULHER PORTUGUESA

domingo, 22 de setembro de 2013

Nota para a imprensa - Dr.ª Custódia Domingues



A Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade – Mulher Migrante organiza, nos próximos dias 24 e 25 de Outubro, em Lisboa, o Encontro Mundial de Mulheres Migrantes, sob o tema “Expressões Femininas da Cidadania”.

José Cesário  - Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas estará na abertura do Encontro juntamente com Maria Barroso e Manuela Aguiar assim como outras personalidades que participarão nos trabalhos que decorrerão no Palácio das Necessidades. Um leque alargado de participantes nacionais e internacionais – com destaque para representantes das áreas políticas, académicas, empresariais e culturais – que vão debater o momento presente e perspectivas futuras da participação cívica das mulheres que integram comunidades estrangeiras nos países onde se encontram radicadas.

A participação política, as novas realidades das migrações, o associativismo, o empreendedorismo e a criação cultural no universo migrante serão alguns dos muitos temas em destaque pelos participantes, oriundos de mais de dezena e meia de países. De destacar a presença de representantes de várias comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo, bem como de países de expressão portuguesa assim como uma homenagem a duas mulheres notáveis, escritoras, que merecem ser recordadas pela sociedade portuguesa: Maria Lamas e Maria Archer.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

LISTA DE PARTICIPANTES

SECP
Maria Manuela Bairos
Ana Ferreira
 
 FUNDAÇÃO PRO DIGNITATE
Maria Barroso

AR
 
Deputado à AR Carlos Gonçalves  (França)
Deputado à AR Carlos Páscoa (Brasil)
Deputada à AR Maria de Belém Roseira - a confirmar 
Deputada à AR Maria João Ávila (EUA
Deputado à AR Paulo Pisco (Bélgica)
 
 Aida Batista (Canadá)
Ana Costa Lopes
Ana Maria Cabrera ( Argentina)
Ana Narciso  a conf
Ana Paula Beja Horta
Ana Paula Barros
Arcelina Santiago (Macau)
António Pacheco
Bento Coelho  
Carolina Schacht ( Guiné)
Carlos Correia
Carlos Luíz (ex - deputado da emigração)
Celeste Barreira
Celeste Correia (Cabo Verde)
Cidália Correia
Constança Nery ( Brasil)
A J Christellos  (MNE)
Cristina Mayo Caetano  (Angola) a conf
Cristina Viveiro
Custódia Domingues (França)
Custódio Portásio - Lux
Deolinda Adão  (EUA)
Dina Botelho  -
Durval Marques ( Áf. do Sul)
E. Madureira
Eduarda Aguiar da Fonseca
Elsa Lechner
Elsa Noronha ( Moçambique )
Elvira Mendonça
Elvira Oliveira Brandão  - a conf
Emmanuelle Afonso ( França)
Ester de Sá  ( RAS)
Eugénia Quaresma (OCPM)
Fátima Figueiredo
Fernando Figueiredo
Fernando Pádua 
Filipa Menezes
Filomena Fonseca
Gonçalo Nuno dos Santos ( Madeira)
Glória de Melo (EUA)
Graça Gonçalves Pereira (MNE)
Graça Guedes
Isabel Cardoso
Isabel Lopes da Silva (Cabo Verde)
Isabel Maria Desmet  (França)
Isabel Mateus ( Inglaterra)
Isabel Ponce de Leão
Isabel Saraiva
Joana Miranda
Jorge Macaista Malheiro
José Mota
Juan Castien  (Espanha)
Katherine Vaz ( EUA) a conf
Laura Bulger
Leonor Fonseca
Leonor Gil  (França)  a conf
Leonor Machado de Sousa a conf
Leonor Xavier
Lourdes Abraços ( Brasil )
Luísa Desmet
Luísa Prior
Luiza Ribeiro (Inglaterra)
Luiza Vilela  (Zimbabwe) a conf
 
Luz Morais  - a conf
Madalena Cosme 
Hilma Mansilha a conf
Mafalda Durão Ferreira   a conf
Margarida Marques         a conf
Manuela Diniz  ( RAS) a conf
Manuela Malheiro  a conf
Manuela Marujo (Canadá)     
Manuela Mendes da Silva
Margarida Serra e Moura a conf
Margarida Pequeno a conf
Maria Augusta Santos
Maria Beatriz Rocha Trindade
Maria Benedita Monteiro
Maria do Céu Campos (Alemanha)
Maria do Céu Kosemund ( Alemanha)
 Maria José Vieira?
Maria de Lourdes Almeida ( Venezuela)
Maria Lúcia  Bandeira (França)    a conf
 
Maria Luísa Pinto?
Maria Manuela Aguiar
Maria do Rosário Loures ( Alemanha)
Maria Teresa Menezes 
Maria Teresa Costa Macedo    a conf
Mia Vieira Azar  (Líbano)
Nassalete Miranda
Nelma Patela  a conf
Olga Archer Moreira
Ortelinda Barros 
Representante da Academia da Espetada de Maracay ( Venezuela)   a conf
Rui Dias Costa
Rita Gomes
Rosa Campizes  a conf
Rosa Simas (Açores)
São Passos ( Moçanbique)
Sarolta Lazlo  (Suiça)  a conf
Sofia Neves
Susana Carvalho 
Thais Matarazzo  (Brasil )
Tony Cabral (EUA) 
Vanessa Rodrigues   a conf
Victor Gil
Victória Pereira (RAS)
Virgínia Estorninho

CV MARIA DO ROSÁRIO LOURES

Escritora/Poetisa e correspondente do jornal Portugal Post
Data de nascimento: 27 de Outubro de 1959
Natural de: Odemira, Portugal
Estado Civil: Casada
C u r r i c u l u m  V i t a e
Formação: 1977/1981 
Instituto Superior de Línguas e Administração / Escola Superior de Tradutores e Intérpretes                                     
(Inglês e Alemão)
Experiência Profissional:
1982/1984 - Cádila, Lda., Indústria de Calçado, Secretária de administração
1984/1986 - Nordeste Tours, Técnica de Turismo
1986 - Ivo Tours - Operador Internacional de Viagens, Lda., Técnica de Turismo
1993/1997 - Rechstanwälte Gisela Ophoff & Herman Gimpl, Secretária e Intérprete
1997 - Concord Reisen GmbH, Chefe do departamento de reclamações
1999/2003 - Plärrer Resien GmbH, Chefe do departamento de reclamações
2003/2007 - Hotel am Park, Assistente da direção e rececionista
2007 - Art & Business Hotel, Assistente da direção e rececionista
Experiência Político-social
1987/1991 -  IAD, Iniciativa Estrangeiros e Alemães
1987       -  Entrada para o partido “Die Grünen” (os Verdes), com participação no grupo de 
3-8/3/1991 - Participação no Congresso Internacional de Mulheres,  em Nuremberga;
                        trabalho “Emigrantes”e no grupo de trabalho “Mulheres” sendo sua  
                        coordenadora no ano 1991
                        temática: viver a reconcialiação, estratégias contra a opressão, contra a guerra
                        e contra o armamento
1991/1992 - Secretária da Direcção da Associação Portuguesa de Nuremberga
1992/1993 - Presidente da Associação Portuguesa de Nuremberga
1995           -  Acolhimento de uma família da Bosnia e seu apoio
1996           -  Candidata a vereadora, pelo partido “Die Grünen”, à Camara de Nuremberga
2002           -  Saída do partido “Die Grünen” /Os Verdes, por este partido ter assinado a
2002           - Candidata a vereadora, pelo partido “Die Grünen”, à Camara de Nuremberga
                        guerra no Afganistão
                               Nota: uma vez que a publicidade eleitoral já estava terminada, e o meu nome e retrato se encontrava
                               publicado foi-me pedido para eu me manter como candidata, a fim de evitar mais tão elevados custos
Publicações
1998 - Livro de poemas “Atlantikblau und Olivengrün”, Dr. Bachmeier Verlag, Munique/Alemanha
1999 - Antologia „Pegnitzrauschen“, Fahner Verlag, Lauf an der Pegnitz/Alemanha
2000 - Antologia „Pegnitzrauschen zweite Welle“, Fahner Verlag, Lauf an der Pegnitz/Alemanha
2010 - Livro de poemas bilingue, português e alemão “Do atlântico azul ao verde das
            oliveiras/Atlantikblau und Olivengrün”, edium editores, Porto/Portugal
2010 - “Um sumário da minha vida no século passado”, edium editores, Porto/Portugal
2011 - Antologia de poesia “Entre o sonho e a realidade”, volume III, Chiado Editora, Lisboa/Portugal
2012 - II Antologia Temas Originais, Temas Originais, Lisboa /Portugal
2012 - UniVersus  1ª Antologia, editora UniVersus, Lisboa/Portugal
2012 - Antologia de poesia “Entre o sono e o sonho”, volume IV, Chiado Editora, Lisboa/Portugal
Nuremberga, 10.09.2013
Maria do Rosário Nobre Guerreiro Loures

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

ISABEL DESMET síntese da comunicação

Encontro Internacional – Mulheres Migrantes – Lisboa – 24 e 25 de Outubro de 2013
Expressões Femininas da Cidadania
Painel: Letras
Título da intervenção: Língua, Cultura e Identidade Portuguesa no Ensino Superior em França:
Factos e Expectativas
Isabel Desmet
Universidade de Paris 8
Língua é veículo de cultura. Língua e cultura são veículos de identidade linguística e cultural. A
Língua e a cultura manifestam-se em todos os tipos de textos e de discursos – escritos e orais
– coloquiais, literários, económicos, políticos e jurídicos, mas também científicos, técnicos e
tecnológicos – do mais especializado ao mais banalizado.
É sabido que uma língua evolui ao ritmo dos avanços técnicos, tecnológicos e científicos da
comunidade linguística que dela se serve (integrando anualmente uma média de 2000 a 4000
neologismos – de forma, de conteúdo e empréstimos), e a língua portuguesa, na sua versão
europeia, disso não é exceção.
Por processos variados de divulgação e banalização, os neologismos científicos, tecnológicos e
técnicos integram rapidamente a expressão linguística do cidadão comum, nomeadamente nas
zonas urbanas, alterando pois progressivamente a “feição” da língua e a própria identidade
cultural de um país, expressando e veiculando uma imagem de cientificidade e modernidade,
fugindo simultaneamente a uma imagem de tradicionalidade e de ruralidade.
Hoje em dia, após décadas de movimentos migratórios de Portugal para França e de flutuações
diversas nas imagens recíprocas entre estes dois países, quais são as necessidades atuais dos
discentes do ensino superior em França lusodescendentes, que frequentam os departamentos
de estudos dos países de língua portuguesa? Que imagem têm eles da língua, da cultura e
da identidade portuguesa? Como podem acompanhar as evoluções na língua e na expressão
linguística da cultura portuguesa, incluindo nesta a cultura científica, técnica, tecnológica,
artística e, evidentemente, literária? Quais são as suas expectativas? São estas as questões que
nesta intervenção pretendemos equacionar e, tanto quanto possível, dar-lhes respostas.


Isabel Maria Desmet
Breve nota curricular
Isabel Maria da Silva Franco Desmet, natural de Carcavelos-Cascais (Portugal), é Professora
Agregada em Ciências da Linguagem pela Universidade Paris 7-Denis-Diderot, Doutorada
em Ciências da Linguagem pela Universidade Paris 13 – Villetaneuse, Mestre em Ciências da
Linguagem pela mesma Universidade e Mestre em Linguística pela Universidade Nova de
Lisboa – FCSH.  
Licenciada em Línguas e literaturas modernas (variante de estudos portugueses e franceses)
pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 1988,
obteve igualmente o diploma de formação educacional na mesma área, compreendendo
estágio integrado, pela mesma Universidade, em 1990. Também realizou Mestrado em
linguística, na área da lexicologia e lexicografia, na mesma universidade, em 1993.
Começou a sua carreira académica em Paris, em 1991, lecionando língua e linguística
portuguesa no Departamento de estudos dos países de língua portuguesa da Universidade
de Paris 8, em Saint-Denis. Em 1991, defendeu a sua tese de mestrado em ciências da
linguagem em França, na Universidade de Paris 13-Villetaneuse. Paralelamente, trabalhou
como investigadora em ciências da linguagem num laboratório do Instituto Nacional da
Língua Francesa do Centro Nacional de Investigação Científica francês (CNRS) – no Centro
de Terminologia e Neologia (C.T.N.), de 1991 a 1994. Também lecionou língua e linguística
portuguesa no Departamento de estudos ibéricos da Universidade da Sorbonne, entre 1993 e
1996.
Em 1996, obteve o grau de doutora em ciências da linguagem pela Universidade de Paris 13-
Villetaneuse, com uma tese intitulada Para uma abordagem terminológica das ciências sociais
e humanas. As ciências sociais e humanas do trabalho em português e francês. Nesse mesmo
ano, foi nomeada Professora auxiliar (Maître de Conférences auxiliaire) no Departamento de
estudos dos países de língua portuguesa da Universidade de Paris 8. Em 1998, foi nomeada
Professora associada de nomeação definitiva (Maître de Conférences titulaire) no mesmo
departamento, da mesma universidade.
Em 2005, defendeu a agregação em ciências da linguagem na Universidade de Paris 7-DenisDiderot, tendo sido qualificada para as funções de Professora Catedrática (Professeur des
Universités) pelo Conselho Nacional das Universidades Francês, em ciências da linguagem (7º
secção) e em estudos românicos na área do português e do francês (14ª secção), sendo assim
duplamente qualificada para as funções de Professora Catedrática.
Atualmente, tem o grau de Professora associada de nomeação definitiva com a agregação
(Maître de Conférences Habilitée à Diriger des Recherches), na Universidade de Paris 8 –
Vincennes-Saint-Denis. É membro titular do Laboratório de Estudos Românicos (LER) da
Universidade de Paris 8 (ver site do LER – Universidade Paris 8).
A partir de 1996, assumiu numerosas responsabilidades pedagógicas, científicas e
administrativas na sua universidade, entre as quais se destacam a criação do curso de
Licenciatura de Línguas estrangeiras aplicadas para o português, bem como a criação
do Mestrado de tradução especializada e do Mestrado de ciências da linguagem para
o português, no âmbito dos quais orientou várias teses de mestrado e, desde 2005, de
doutoramento.
Entre os diferentes cargos académicos exercidos, saliente-se os seguintes:
- Membro da Direção da Faculdade de Língua e Culturas Estrangeiras e Línguas
Estrangeiras Aplicadas da Universidade de Paris 8 – Saint-Denis (classificada como
Universidade-Mundo) – (2002-2006).
- Fundadora e Diretora do Centro de recursos e investigação em tecnologias de
aprendizagem das línguas (CERTAL) da Faculdade de Línguas e Culturas Estrangeiras e Línguas
Estrangeiras Aplicadas da Universidade de Paris 8 (Centre de ressources et de recherche en
technologies d’apprentissage des langues de l’UFR 5 : LLCE et LEA – Université Paris 8 (2002-
2006);
- Membro eleito da Assembleia das Relações e Cooperação Internacional junto da
Presidência da Universidade de Paris 8 (2009-2011);
- Membro de Direito do Conselho de Direção do Laboratório de Estudos Românicos da
Universidade de Paris 8 (desde 2008);
- Membro principal da equipa de investigação 4385 – linguística das línguas românicas
da Universidade de Paris 8 (desde 1998);
- Membro associado da equipa de investigação LAPS (linguística, psicolinguística,
sociolinguística) da Universidade de Paris 8 (desde 2003);
Foi também Membro do Conselho Pedagógico da Universidade de Paris 8.
Entre 1996 e 2005, colaborou ativamente com o departamento de ciências da linguagem
da Universidade de Paris 8, na área do Mestrado de Língua dos Signos Francesa, formando
formadores da linguagem dos signos para pessoas com deficiências de fala e auditivas,
nomeadamente com um seminário de psicolinguística e aquisição do léxico nas línguas
românicas e de morfologia e criatividade lexical.
 É autora de cerca de oitenta artigos científicos, obras coletivas e dicionários, nas suas áreas
prediletas de investigação: lexicologia, lexicografia e dicionarística; terminologia, terminografia
e linguística de corpus; morfologia, semântica e criatividade lexical; processamento
automático de corpora; fraseologia de especialidade; pragmática das línguas de especialidade;
tradutologia e tradução de especialidade.
Atualmente em Portugal, desde Janeiro de 2012, é Professora convidada com o estatuto de
Professora Catedrática (Professor Coordenador Principal), na Escola Superior de Saúde do
Alcoitão (ESSA) – SCML- Lisboa, estando ligada ao Departamento de Terapia da Fala desta
instituição, lecionando unidades curriculares na área das ciências da linguagem.
A partir de 29 de Março de 2012, assumiu também as funções de Vogal da Direção (Diretora
Executiva) do Centro de Investigação Científica e Aplicada (CICA) da SCML de Lisboa, tendo
sido convidada para fundar este Centro de investigação.
Enquanto docente e investigadora na ESSA e enquanto membro da Direção do CICA (Portugal),
conjuntamente com os outros membros da Direção, tem desenvolvido atividades ligadas
à fundação deste centro de investigação ao longo de 2012, bem como à coordenação da
investigação e à investigação propriamente dita (ver site da SCML de Lisboa – áreas de
intervenção – Centro de Investigação Científica e Aplicada (CICA).
Neste contexto, é coordenadora do grupo de investigação “Linguagem e comunicação”, no
âmbito da qual é Investigadora Responsável de três projetos já em curso.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

SÃO PASSOS a sua história

)



Irei transcrever uma entrevista/reportagem cuja autoria é da jornalista Sónia Trigueirão, história verídica publicada no livro O TEMPERO DA MORENA - O Melhor da Cozinha Africana. Colaboraram nesse livro - com histórias e receitas -  5 (Cinco) representantes de países lusófonos: Cabo Verde ... São Tomé e Príncipe ... Guiné-Bissau ... Angola ... Moçambique. O livro esgotou-se. Espero por nova edição ...

NOTA: Acrescentei uma ou duas frases aos escritos da Sónia Trigueirão :)


Maria Conceição dos Santos Mestre Passos Mealha, SÃO PASSOS (nome artístico), nasceu na cidade da Beira, Moçambique, e aí viveu até aos 4 anos, assentando depois arraiais até aos dezassete anos em Quelimane, capital da província da Zambézia. Regressou à sua terra natal e casou-se aos 20 anos com o jornalista que um dia a entrevistou, por causa dos eventos da comunidade onde vivia.
Procuravam-se novos talentos e a SÃO MESTRE - ainda solteira - queria ser um deles. "Uns olhos verdes, verdes e vontade de vencer" era o título do texto que servia de mote à sua entrevista. "Foi assim porque tenho os olhos verdes e porque queria ser actiz". A entrevista foi publicada no matutino NOTÍCIAS DA BEIRA, por aquele que viria a ser seis (6) meses mais tarde o seu marido e, pai dos seus únicos filhos, João Paulo (42 anos) e Iolanda Amália (35 anos).
- Hoje, com sessenta e quatro anos, viúva e avó de um casal, garante que se há algo que jamais esquecerá é o país onde nasceu. Até porque viveu lá vinte e sete anos da sua vida.
- Quando era pequena queria ser actiz, mas acabou por seguir a carreira de professora. Depois do casamento, viajou para TETE, onde deu aulas de Desenho e de Trabalhos Manuais aos 5º e 6º grupos. Acumulava o ensino com o trabalho num jornal e locutora numa rádio. Se lhe perguntarmos o que tem presente na sua memória, não hesita: "A gastronomia, as paisagens e os cheiros. Lembro-me o cheiro da terra molhada".
- Divertida, conta como aprendeu a cozinhar os pratos tradicionais moçambicanos. Apesar de menina prendada, até a sua roupa fazia, a mão ainda não lhe puxava para os tachos. Um dia disseram-lhe que ia passar a dar aulas de culinária aos sábados. "Queriam que ensinasse receitas moçambicanas, mas como eu na altura não sabia, o meu marido ofereceu-me um livro para me ajudar", diz, acrescentando que acabou por arranjar uma estratégia: "Disse aos meus alunos, de ambos os sexos, que percebiam mais do que eu de gastronomia moçambicana, que lhes ensinava comida portuguesa e em troca eles ensinavam-me as receitas deles". Em casa havia uma grande mistura de temperos. "O meu pai era algarvio e a minha mãe era filha de uma africana e de um grego". Quando lhe perguntam qual a sua comida preferida responde: "É o caril de caranguejo ou de ovos cozidos que a minha mãe ainda hoje faz. O de caranguejo era tradição aos domingos. Íamos à missa e depois almoçávamos o caril", explica.
- E quando se fala em tradições, gosta de contar aquela vez em que ignorou uma: " Quando uma grávida vai ter um bebé, as mães ou as avós fazem um determinado chá. Supostamente era para ajudar à dilatação antes do parto, mas eu deitava-o fora sem que a minha mãe visse, porque era muito amargo. O certo é que na hora do parto e porque passava a vida a tomar banho no mar - Oceano Índico - parecia que estava selada e a criança demorou a nascer".
- Sobram recordações dos bailaricos, que substituíam a televisão, que não havia, os ensaios dos grupos de cantares das colectividades, os passeios na marginal, os primeiros passos nos trabalhos pictóricos, às refeições em família.
- "Eram tempos bons", diz, sorrindo, "porque era jovem e ireverente. Acho que ainda sou". Com a ajuda dos moldes da revista Burda criava as próprias roupas, o que chocava as freiras da escola que frequentava. "Diziam que era avançada demais para esse tempo".

- Com a descolonização, veio para Portugal, aos vinte e sete anos e com um filho de cinco. Aqui manteve a tradição de, antes de beber o que quer que seja deitar um pouco para o chão: É para os antepassados".
- Trabalhou vinte e dois anos num jornal diário. Um dia, por razões de saúde, retirou-se. Hoje os olhos verdes, continuam com vontade de vencer. Não foi actriz, mas é uma artista plástica que pinta as suas memórias de África.
(in Sónia Trigueirão - O TEMPERO DA MORENA - O Melhor da Cozinha A F R I C A N A)