terça-feira, 29 de novembro de 2011

INTERVENÇÃO DE MARIA MANUELA AGUIAR A abrir o "Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora"a

Em nome da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante, uma breve saudação de boas vindas.
Um agradecimento especial ao Senhor Presidente da Câmara da Maia, Engº António Bragança Fernandes, que tão bem nos recebe neste “Forum”, “ex libris” da modernidade da Maia e um centro da sua vida cultural. E, por isso, o melhor lugar para dizer ao Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr José Cesário, que nada do que vai acontecer nestes dias intensos seria possível sem o seu incentivo e apoio, de primeira hora - sem a vontade de que dá provas de querer avançar para uma nova e decisiva fase nas políticas para as comunidades, com uma vertente de género, com acento nas questões fundamentais da cidadania, da sua vivência por mulheres e homens, através do livre exercício dos seus direitos cívicos e políticos.
Obrigada Aurora Cunha por nos dar, como convidada de honra deste Encontro, o que vem dando ao País, desde o início de uma carreira fulgurante: tanto ou mais do que vitórias, que ficaram para a eternidade em muitos campeonatos, em muitas maratonas, o exemplo de uma vida inteira de constante intervenção cívica, de solidariedade, de capacidade de ultrapassar limites, que é, afinal, a essência do desporto, em estado puro, e, igualmente a essência da luta por quaisquer ideais servidos com paixão.
Aurora Cunha, um rosto feminino para a nossa história, para a história que se escreve com grandes feitos desportivos. A primeira mulher portuguesa campeã do Mundo de atletismo, tricampeã do mundo, (faz neste Novembro de 2011, precisamente 25 anos!). É, assim, a todos os títulos,verdadeiramente, uma honra ter entre nós a Mulher encantadora, sincera e vibrante, que humaniza e feminiza o mito vivo, que é a desportista!
Obrigada a todas e a todos pela vossa participação, de um enorme significado, porque com ela, se vai traçar, inteiramente, o destino este Encontro Mundial, no cumprimento dos seus objectivos. O primeiro dos quais é criar um espaço de reflexão sobre as formas de transformar a sociedade portuguesa, de a abrir à consciência da sua verdadeira dimensão, que não cabe num pequeno rectângulo europeu e nas ilhas atlânticas. Portugal é muito mais mar do que solo pátrio. Portugal é muito mais a sua gente do que o seu território. Herança de uma história antiga que as migrações prosseguiram, até nossos dias, com homens e mulheres – cada vez mais mulheres! - que se dispersam no mapa mundi da geografia, mas permanecem enraizados na cultura de origem.
É desse sentimento de pertença que nascem as comunidades portuguesas, numa emigração de famílias inteiras, como é a nossa. Um movimento caracterizado pelo equilíbrio de género e geração, alcançado desde meados do século passado, e anunciado por um crescendo da emigração feminina já nas décadas anteriores. Um crescendo, então, como se sabe, denunciado e combatido por políticos e estudiosos do fenómeno migratório porque receavam que a emigração feminina reconvertesse o projecto de" torna viagem" de homens sós num projecto de integração definitiva da família reagrupada no estrangeiro, em "pura perda" para o nosso país. E decretaram medidas de fortes restrições da liberdade de saída das mulheres, que praticamente duraram até a democratização do regime...
Todavia, só parcialmente tiveram razão, na estrita medida em que se aperceberam de que a presença das mulheres contribui decisivamente para a consolidação de situações de vida em sociedades estrangeiras, para a estabilidade e o bem-estar económico da família. Mas não adivinharam que nessa aceleração e melhoria qualitativa do processo de integração - devida directamente ao contributo das mulheres- se haviam de gerar as comunidades, através das quais Portugal se expande universalmente. O que representa um proveito superior a quaisquer perdas...
Em tempo de crise profunda e regressão económica, cá dentro, como é bom constatar que uma grande parte da Nação Portuguesa progride lá fora, sempre pronta a dar-nos razões de esperança! Assim saibamos ir ao seu encontro, que é justamente uma das razões que hoje nos move.
Não estamos numa reunião em círculo fechado de mulheres a falar sobre mulheres migrantes, mas sim globalmente sobre emigração, diáspora, Portugal, sem, porém, omitir, como é coisa corrente, a componente feminina, quase sempre, esquecida e marginalizada. E justamente porque tem sido marginalizada comporta maiores virtualidades de operar mudanças e assegurar progresso colectivo.
A paridade está há muito conseguida na proporção homens/mulheres nas comunidades portuguesas. Todavia, não se reflecte ainda de um modo equitativo e eficiente num poderoso e multifacetado movimento associativo, sobretudo no que respeita aos seus centros de decisão e de poder formal. Pelo contrário, a divisão de trabalho dentro desse todo organizacional, suporte originário e consistente das comunidades, tende ainda a reproduzir na "casa comum", que é a associação, os papéis de cada um dos sexos na casa ou na família tradicional. É ainda um universo predominantemente masculino, conservador de mentalidades, de costumes e de valores - uns intemporais que merecem a nossa admiração, mas outros anacrónicos, que importa deixar para trás - caso das discriminações de género e de geração, que condicionam o crescimento das comunidades, através da metade feminina, tão pouco aproveitada, e dos mais jovens, ainda insuficientemente envolvidos num dirigismo associativo que, com todas as virtudes que se lhe reconhecem, envelheceu no poder, um pouco por todo o lado...
A evolução positiva que vai acontecendo e importa registar, varia muito, nos vários continentes e países. A perspectiva ou visão comparativa, pode, a meu ver, contribuir para um acertar do passo, com a força dos paradigmas mais igualitários. Por isso, a partilha dos resultados da observação no terreno, de estudos científicos, que permita a constatação de avanços, ou, pelo contrário, da persistência de obstáculos e injustiças, pode tornar-se um factor de mobilização para a mudança e assumir verdadeiro interesse estratégico. Um Encontro de âmbito internacional, como este, é sempre uma oportunidade de fazer um balanço, de buscar inspiração em modelos já experimentados, de traçar novas linhas de actuação...
Historicamente o que podemos designar por "congressismo", foi uma arena privilegiada de luta pela emancipação das mulheres - um espaço de diálogo, de concertação de esforços e união, de visibilidade e de protagonismo para elas e para as suas ideias. Na cena de convenções, de colóquios, de sessões de esclarecimento, de comícios, se fez a transição de uma vivência restrita à esfera privada (ou, noutras palavras, de um regime de clausura doméstica...) para a esfera pública. Sair da sombra, sair do anonimato, foi um acto de extrema coragem e audácia para mulheres que se sujeitaram, a todos os riscos e formas de censura social, foi um acto portador de promessas de cidadania.
Elizabeth Cady Stanton, que, em 1848, presidiu à Convenção de Seneca Falls e, pessoalmente, redigiu, a famosa "declaração" , tem hoje a sua estátua no Capitólio, como a sufragista Emmeline Pankhurst faz jus a um monumento junto ao parlamento de Londres, cujas ruas tantas vezes percorreu em ruidosas marchas de protesto.
Nada de comparável, em termos de reconhecimento público, mereceram dos homens seus contemporâneos as notabilíssimas feministas da 1ª República, cuja evocação aqui quisemos trazer. Num "Encontro" pensado para nos levar em viagem pela história das mulheres da Diáspora não é demais começar na origem remota de um movimento para a igualdade de género, ainda tão longe de estar alcançada.
Mudam os tempos, o estatuto de direitos, as situações reais, mas acreditamos que os mesmos instrumentos podem servir em novos patamares de progresso civilizacional, particularmente nos domínios da Diáspora feminina. No que à nossa respeita, o congressismo teve a sua grande manifestação pioneira em Viana do Castelo, de 16 a 20 de Junho de 1985, no “1ºEncontro de Mulheres Migrantes no Associativismo e no Jornalismo”.
A Associação "Mulher Migrante" assumiu-se, desde a sua constituição, quase uma década depois, como herdeira das aspirações e das propostas dessa reunião, precursora de tantas outras: o Encontro Mundial de Espinho, em 1995, os "Encontros para a Cidadania - 2005-2009", e, pelo meio, inúmeras iniciativas que cabem na definição ampla de "Congressismo".
Contámos com a cooperação do Estado, assim como de ONG’, dentro e fora do País, para uma acção incessante, como tem de ser, para que se não deixe esmorecer a vontade de trabalhar em conjunto e de ultrapassar metas...

No ano passado, a Assembleia da República, na Resolução nº 32/2010 da autoria do então deputado José Cesário, veio reconhecer a necessidade de promover um amplo programa que conduza à plena participação das mulheres na vida das comunidades.
No Governo, o Dr José Cesário não tardou a dar-lhe início de concretização e, como na economia da Resolução se preconiza, em parceria com a sociedade civil.
As finalidades da “Resolução” são também as nossas, as de todas as instituições e de todas as pessoas que, na Maia, se dispõem a pensar as formas de as levar a cabo.

Direi a concluir que este é um "Encontro" em que se entrelaçam muitos encontros:
Um encontro com as lições e ensinamentos do passado, em que lembramos aqueles que connosco estarão sempre na memória…
Um encontro de mundos, do mundo político com o da sociedade civil, do mundo académico com o dos protagonistas da aventura da emigração, e entre portugueses e portuguesas de dentro e de fora dos limites territoriais...
Um encontro de formas de viver a identidade nacional - encontro de culturas, em busca da definição do feminino na cultura, ou da cultura de que "constrói" o feminino. "On ne naît pas femme, on le devient", como tão bem disse Simone de Beauvoir…
Assegurar às mulheres o seu lugar na sociedade, iguais oportunidades de serem sujeitos da "história por fazer”, no País e na Diáspora, significa mais cidadania para elas, mais força para as comunidades, a certeza da expansão da língua e da cultura nacionais.
Queremos olhar a história das Mulheres Migrantes no seu devir, porque, como disse Agostinho da Silva, “toda a História que vale é do futuro”.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"O PÚBLICO" - notícia

«Malas de cartão substituídas por mochilas e pastas de executivo»
Professor universitário diz que aqueles que partem hoje são diferentes
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Relvas explica conselho aos jovens para emigrarem
O professor universitário Jorge Macaísta Malheiros lamentou que não haja «estudos sobre emigração», mas garantiu que aqueles que partem hoje são diferentes e «as malas de cartão foram substituídas por mochilas e pastas de executivo».

Esta apreciação do professor da Universidade de Lisboa foi feita no Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora, que decorre esta sexta-feira e no sábado, na Maia, organizado pela Associação Mulher Migrante.

Estimando em 100 mil aqueles que saem de Portugal por ano (e prevendo que este número suba em breve para os 120 mil), o especialista referiu que «os perfis migratórios mudaram».

«Ao contrário do que diz o secretário de Estado [da Juventude e do Desporto], há muita gente a sair da sua zona de conforto e são cada vez mais novos», destaca Macaísta Malheiros, considerando estas saídas «um mau sintoma», porque quem emigra hoje é cada vez mais educado.

«A emigração portuguesa ainda não é dominada por fluxos qualificados, mas em termos proporcionais Portugal é dos países que mais exporta gente qualificada», explicou.

«Nós estamos a pagar essa formação ¿ e custa uma fortuna ao país formar um jovem hoje ¿ e depois eles saem para outros países», acompanha José Machado, ex-presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), órgão consultivo para a emigração.

«A nova emigração é gente diferente, de contextos diferentes, com outros modelos de associativismo e em que a intervenção política assume uma importância que não tinha [nas anteriores levas de emigrantes]», compara José Machado.

«É preciso acabar com uma gestão minimalista da diáspora, que é o que tem acontecido nos últimos anos», reivindica o ex-dirigente, criticando o «esquecimento» e a «instrumentalização» dos emigrantes portugueses.

José Machado critica também o desaparecimento do termo «emigração», agora substituído por «comunidades portuguesas», o que interpreta como «a bazófia de país rico que queria passar a ser um país de imigrantes». Porém, contrapõe, «a realidade é que todos os anos continua a emigração de jovens».

«Já não temos só o estereótipo do trolha e da porteira. Assistimos a um fenómeno novo: a saída de Portugal de jovens quadros superiores e técnicos, com outras competências e outras expectativas», analisa Isabelle Oliveira, que dirige o Departamento de Línguas Estrangeiras Aplicadas da Universidade de Sorbonne, em Paris (França).

Ora, denuncia a professora universitária, «esta mão-de-obra qualificada é explorada» por empresas francesas que recorrem a falsos recibos verdes.

A NOTÍCIA DA LUSA

Lusa
Comunidades: Mulheres emigram cada vez mais mas continuam afastadas da liderança no associativismo

Associação "Mulher Migrante" em Congresso na Maia - 24 a 26 de Novembro

Maia, 25 nov (Lusa) – Apesar de estarem a emigrar cada vez mais, as mulheres permanecem “mais invisíveis” nas comunidades portuguesas no estrangeiro e afastadas da liderança das associações, destacaram vários intervenientes que participam num seminário que decorre hoje na Maia.

“Os homens têm maior visibilidade” nas comunidades emigrantes portuguesas e “as mulheres não estão nos órgãos de gestão das associações”, reconheceu o deputado Paulo Pisco (PS), eleito pelo Círculo Fora da Europa, no Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora, que decorre hoje e no sábado, na Maia organizado pela associação Mulher Migrante.

Isto apesar de – apontou – as mulheres que emigram apostarem “mais [do que os homens] na formação e na valorização profissional”.

Elas “são mais descomplexadas e cosmopolitas”, tendo deixado meios rurais e recomeçado “tudo em meios urbanos, onde se reinventam com mais autonomia”, o que veio “desestabilizar os papéis de género”, descreveu o deputado socialista.

“Se a comunidade portuguesa não se assume, se se esconde, as mulheres muito mais, apesar de terem sido sempre aquelas que tiveram mais estudos”, sublinha José Machado, ex-presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas, órgão consultivo que liderou durante seis anos e que sempre lamentou ser “apenas composto por homens”, defendendo a “imposição de quotas”.

Em declarações à agência Lusa à margem do seminário, Isabelle Oliveira, diretora da Faculdade de Línguas Estrangeiras Aplicadas da Universidade de Sorbonne, em Paris (França), distingue homens e mulheres pelo tempo de emigração – com eles a optarem por “formas mais temporárias” e elas a “tomarem decisões definitivas e radicarem-se”.

“As mulheres conseguem uma melhor integração”, analisa a professora universitária, que nasceu em Barcelos “por acidente” e viveu toda a vida em França, tendo aprendido português apenas na faculdade e dirigindo hoje um departamento que conta com 200 alunos da língua de Camões, que a aprendem “aplicada aos negócios”.

Comentando o "ENCONTRO"

Para: arcelina santiago


Cara amiga:

Foi uma grande honra e um grato privilégio participar neste magnifico encontro.
O excelente nível dos oradores e os testemunhos apresentada foi uma experiência muito gratificante.

Considero que este encontro foi planeado e organizado de uma forma digna e meritória e que foram bem patentes as qualidades de todos os que se envolveram neste projecto.

È de enaltecer toda a disponibilidade de todos os colaboradores que conseguimos identificar na recepção e acompanhamento dos participantes, e de todos os que não sendo visíveis nos proporcionaram durante três dias um programa muito complexo de organizar no âmbito de uma associação.

Considero que este s serviços devem ser considerados muito relevante e de muito mérito.

Bem haja pelo convite


José Domingos Nogueira da Silva

domingo, 27 de novembro de 2011

A abrir o Encontro Mundial

Em nome da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante, uma breve saudação de boas vindas.
Um agradecimento especial ao Senhor Presidente da Câmara da Maia, Engº António Bragança Fernandes, que tão bem nos recebe neste “Forum”, “ex libris” da modernidade da Maia e um centro da sua vida cultural. E, por isso, o melhor lugar para dizer ao Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr José Cesário, que nada do que vai acontecer nestes dias intensos seria possível sem o seu incentivo e apoio, de primeira hora - sem a vontade de que dá provas de querer avançar para uma nova e decisiva fase nas políticas para as comunidades, com uma vertente de género, com acento nas questões fundamentais da cidadania, da sua vivência por mulheres e homens, através do livre exercício dos seus direitos cívicos e políticos, que aqui vão estar no centro dos debates.
Obrigada Aurora Cunha por nos dar hoje, aqui, com tanta simplicidade e simpatia, o que vem dando ao País: tanto ou mais do que vitórias, que ficaram para a eternidade, em muitos campeonatos, em muitas maratonas, o exemplo de uma vida inteira de constante intervenção cívica, de solidariedade, de capacidade de ultrapassar limites, que é, afinal, a essência do desporto em estado puro, e, igualmente a essência da luta por quaisquer ideais servidos com paixão.
Aurora Cunha, um rosto feminino para a nossa história, para a história que se escreve com grandes feitos desportivos. A primeira mulher portuguesa campeã do Mundo de atletismo, tricampeã do mundo, (faz neste Novembro de 2011, precisamente 25 anos!). É uma honra ter entre nós a Mulher encantadora, sincera e vibrante, que humaniza e feminiza o mito vivo, que é a desportista!
Obrigada a todas e a todos pela vossa participação, de um enorme significado, porque com ela, se vai traçar, inteiramente, o destino este Encontro Mundial, na prossecução dos seus objectivos. O primeiro dos quais é criar um espaço de reflexão sobre as formas de transformar a sociedade portuguesa, de a abrir à consciência da sua verdadeira dimensão, que não cabe num pequeno rectângulo europeu e nas ilhas atlânticas. Portugal é muito mais mar do que solo pátrio. Portugal é muito mais a sua gente do que o seu território. Herança de uma história antiga que as migrações prosseguiram, até nossos dias, com homens e mulheres – cada vez mais mulheres - que se dispersam no mapa mundi da geografia, mas permanecem enraizados na cultura de origem e nos afectos.
É desse sentimento de pertença que nascem as comunidades portuguesas, numa emigração de famílias inteiras, como é a nossa. Um movimento caracterizado pelo equilíbrio de género e geração, alcançado desde meados do século passado, e anunciado por um crescendo da emigração feminina já nas décadas anteriores. Um crescendo, então, como se sabe, denunciado e combatido por políticos e estudiosos do fenómeno migratório porque receavam que a presença da mulher reconvertesse o projecto de torna viagem num projecto de integração definitiva no estrangeiro, em "pura perda" para o nosso país. E decretaram medidas de fortes restrições da liberdade de saída das mulheres, que praticamente duraram até a democratização do regime...
E, todavia, só parcialmente tiveram razão, na estrita medida em que se aperceberam da maior propensão para a consolidação de situações de vida em sociedades estrangeiras, para a estabilidade e o bem-estar económico, que a mulher traz à aventura de expatriação no plural. Mas não adivinharam que nessa aceleração do processo de integração devido às migrações familiares - muito directamente à presença das mulheres- se haviam de gerar as comunidades, através das quais Portugal se expande universalmente. O que representa um proveito superior a quaisquer perdas...
Em tempo de crise profunda e regressão económica, cá dentro, como é bom constatar que uma grande parte da Nação Portuguesa progride lá fora, sempre pronta a dar-nos razões de esperança! Assim saibamos ir ao seu encontro, que é justamente um dos objectivos que nos move hoje, aqui…
Não estamos numa reunião em círculo fechado de mulheres a falar sobre mulheres migrantes, mas sim globalmente sobre emigração, diáspora, Portugal, sem, porém, omitir, como é coisa corrente a componente feminina, quase sempre, esquecida e marginalizada. E justamente porque tem sido marginalizada comporta maiores virtualidades de operar mudanças e assegurar progresso.
A paridade está há muito conseguida na proporção homens/mulheres nas comunidades portuguesas. Todavia, não se reflecte ainda de um modo equitativo e eficiente num poderoso e multifacetado movimento associativo, sobretudo no que respeita aos seus centros de decisão e de poder formal. Pelo contrário, a divisão de trabalho dentro desse todo organizacional, suporte originário e consistente das comunidades, tende ainda a reproduzir na "casa comum", que é a associação, os papéis de cada um dos sexos na casa ou na família tradicional. É ainda um universo predominantemente masculino, conservador de mentalidades, de costumes e de valores - uns intemporais que merecem a nossa admiração, mas outros anacrónicos, que importa deixar para trás - caso das discriminações de género e de geração, que condicionam o crescimento das comunidades, através da metade feminina, tão pouco aproveitada, e dos mais jovens, ainda insuficientemente envolvidos num dirigismo associativo que, com todas as virtudes que se lhe reconhecem , envelheceu no poder, um pouco por todo o lado...
A evolução positiva que vai acontecendo, varia muito, nos vários continentes e países. A perspectiva ou visão comparativa, pode, a meu ver, contribuir para um acertar do passo, com a força dos paradigmas mais igualitários. Por isso, a partilha de resultados de estudos, de observação, a constatação da injustiça, onde quer que exista, e a mobilização para a combater, que se procura em congressos de âmbito alargado, como este, assume verdadeiro interesse estratégico.
Historicamente o que podemos designar por "congressismo", foi uma arena privilegiada de luta pela emancipação das mulheres - um espaço de diálogo, de concertação de esforços e união, de visibilidade e de protagonismo para elas e para as suas ideias. Na cena das convenções, dos colóquios, de sessões de esclarecimento, de comícios, se fez a transição de uma vivência restrita à esfera privada (ou, noutras palavras, de um regime de clausura doméstica...) para a esfera pública. Sair da sombra, sair do anonimato, foi um acto de extrema coragem e audácia para mulheres que se sujeitaram, a todos os riscos e formas de censura social, foi um acto portador de promessas de cidadania.
Elizabeth Cady Stanton, que, em 1848, presidiu à Convenção de Seneca Falls e, pessoalmente, redigiu, a famosa "declaração" , tem hoje a sua estátua no Capitólio, como a sufragista Emmeline Pankhurst faz jus a um monumento junto ao parlamento de Londres, cujas ruas tantas vezes percorreu em ruidosas marchas de protesto.
Nada de comparável, em termos de reconhecimento público, mereceram dos homens seus contemporâneos as notabilíssimas feministas da 1ª República, cuja evocação aqui quisemos trazer. Num "Encontro" pensado para nos levar numa viagem pela história das mulheres da Diáspora não é demais começar na origem remota de um movimento para a igualdade de género, ainda sem fim à vista. Mudam os tempos, o estatuto de direitos, as situações reais, mas os mesmos instrumentos podem servir em novos patamares de progresso civilizacional, particularmente nos domínios da Diáspora feminina. No que à nossa respeita, o congressismo teve a sua grande manifestação pioneira em Viana do Castelo, de 16 a 20 de Junho de 1985, no “1ºEncontro de Mulheres Migrantes no Associativismo e no Jornalismo”.
A Associação "Mulher Migrante" assumiu-se, desde a sua constituição, como herdeira das aspirações e das propostas dessa reunião, precursora de tantas outras: o Encontro Mundial de Espinho, em 1995, os "Encontros para a Cidadania - 2005-2009", e, pelo meio inúmeras iniciativas que cabem na definição ampla de Congressismo.
Contámos com a cooperação do Estado, assim como de ONG’, dentro e fora do País, para uma acção incessante, como tem de ser, para que se não deixe esmorecer a vontade de trabalhar em conjunto...

No ano passado, a Assembleia da República, na Resolução nº 32/2010 da autoria do então deputado José Cesário, veio reconhecer a necessidade de promover um amplo programa que conduza à plena participação das mulheres na vida das comunidades
No Governo, o Dr José Cesário não tardou a dar-lhe início de execução e, como na economia da Resolução se preconiza, em parceria com a sociedade civil.
As finalidades da “Resolução” são também os nossos, as de todas as instituições que se uniram para as levar a cabo, a partir deste Encontro Mundial.

Direi a concluir que este é um "Encontro" em que se entrelaçam muitos encontros:
Um encontro com as lições e ensinamentos do passado, em que lembramos aqueles que connosco estarão sempre na memória…
Um encontro de mundos, do mundo político com o da sociedade civil, do mundo académico com o dos protagonistas da aventura da emigração, e entre portugueses e portuguesas de dentro e de fora dos limites territoriais...
Um encontro de formas de viver a identidade nacional, encontro de culturas, em busca da definição do feminino na cultura – ou da cultura de que "constrói" o feminino. "On ne naît pas femme, on le devient", na lapidar e indesmentível expressão de Simone de Beauvoir…
Dar às mulheres o seu lugar na sociedade, iguais oportunidades de serem sujeitos da "história por fazer”, no País e na Diáspora, significa mais cidadania para elas, mais força para as comunidades, a certeza da expansão da língua e da cultura nacionais.
Queremos olhar a história das Mulheres Migrantes no seu devir, porque, como disse Agostinho da Silva, “toda a História que vale é do futuro”.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CV DEPUTADO CARLOS GONÇALVES

Nome Completo
Carlos Alberto Silva Gonçalves
Data de Nascimento
20-10-1961

Habilitações Literárias
Licenciatura em Geografia e D.E.A. Pluridisciplinar Geografia, Sociologia e
Agronomia ( Diplôme d’Études Approfondies – Université Paris X)

Profissão
Técnico de Serviço Social e Cultural

Cargos que desempenha
o Deputado na XII Legislatura
o Presidente da Comissão Política do PSD em Paris
o Membro da Delegação da AR à APCE

Cargos exercidos
o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas
(XV Governo Constitucional)
o Deputado na IX, X e XI Legislaturas
o Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal – França
o Vice-Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Luxemburgo
o Membro da Assembleia Parlamentar Euro-Mediterrânica
o Secretário-Geral Adjunto e Presidente da Mesa da Assembleia Geral do
Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas
o Membro da Comissão de Assuntos Europeus e Política Externa
o Membro da Subcomissão das Comunidades Portuguesas

Condecorações e Louvores
o “Chevalier de la Légion d’Honneur” - França
o Grã-Cruz da Ordem de Mérito do Grão Ducado do Luxemburgo

Comissões Parlamentares a que pertence
o Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas
o Comissão de Defesa Nacional [Suplente]
o Comissão de Assuntos Europeus [Suplente]

terça-feira, 22 de novembro de 2011

PAINEL "MEMÓRIA" . Moderadora ANA PAULA BEJA HORTA

ENCONTRO MUNDIAL DE MULHERES PORTUGUESAS NA DIÁSPORA

Fórum da Maia
24-26 de Novembro de 2011
25 de Novembro
16h00- 17h30 Painel – Memória – Entre o Passado e o Futuro

Cruzámos Terra e Mar: Histórias Orais, Testemunhos e Memórias da Emigração Portuguesa para a Califórnia
Deolinda M Adão (University of California, Berkeley/California State University San José)

Resumo
Neste trabalho tenta-se explorar a influência das histórias orais, dos testemunhos e das memórias na história colectiva da comunidade Portuguesa na Califórnia, assim como analisar a contribuição dessa comunidade para a História e desenvolvimento da sua área de residência. A comunidade Portuguesa da Califórnia é a segunda maior
comunidade Portuguesa das Américas (a maior é a residente no Brasil) e uma das mais antigas pois de acordo com o Décimo sexto recenseamento dos Estados Unidos em 1850 já viviam 177 Portugueses a viver na Califórnia. Como tal, seguir a trajectória da comunidade Portuguesa residente nesse Estado, pode elucidar-nos sobre a História do
mesmo, particularmente se considerarmos a forte presença da comunidade no sector da agricultura num Estado onde a agricultura é uma importante faceta do seu desenvolvimento económico. Este projecto tenta abordar a forma como as histórias orais, os testemunhos e as memórias podem ajudar-nos a transitar duma experiência de
emigração individual e privada para o desenvolvimento e construção de uma comunidade.

As Mulheres no Cinema de Migrações
José da Silva Ribeiro (Universidade Aberta/CEMRI-LAV)
Resumo
Tendo como referência a Base de Dados Imagens e Sonoridades das Migrações esta comunicação pretende evidenciar os múltiplos papéis desempenhados pelas mulheres no cinema das migrações portuguesas. Neste âmbito, sublinhamos três principais perspectivas: as mulheres como protagonistas da realidade migratória (heroínas e atores sociais), as realizadoras e as autoras (da escrita dos filmes e da escrita acerca dos filmes e/ou dos fenómenos sociais que estes abordam) e, por último, as atrizes (a construção cinematográfica das mulheres
migrantes). Propomos, ainda, às e aos presentes a participação na construção colaborativa do estudo das mulheres migrantes, na base de dados imagens e sonoridades das migrações.
Entre o regresso imaginado e o regresso concretizado: histórias no feminino

João Sardinha (UAb-CEMRI) e António Saraiva (UAb-CEMRI/LAV)
Resumo:
Para muitos emigrantes portugueses, como também os seus descendentes, o regresso ao país ancestral é um desejo que permanece bem vivo. De facto, muitos, e sobretudo os da primeira geração, planeiam as suas vidas preparando o regresso, algo que também é constantemente transmitido aos seus filhos. Contudo, com o passar do tempo e com uma maior inserção da sociedade que os acolhe, para muitos, o regresso é adiado, tornando-se um ‘mito’. Em muitos casos, o regresso acaba por permanecer apenas nos sonhos de cada um dos emigrantes. No meio destas ‘negociações de pertença’, um processo de desterritorialização/reterritorialização torna-se evidente, carregado de fortes cargas emotivas. Contudo, para aquela pequena minoria que concretiza o sonho e acaba por regressar, o Portugal encontrado nem sempre é aquele que deixaram para trás quando emigraram, nem aquele que é transmitido e/ ou visitado na altura das férias no caso dos filhos destes emigrantes. Dito isto, com esta comunicação relata-se as
expectativas e experiências de uma população específica dentro das comunidades portuguesas emigradas: o das mulheres emigrantes portuguesas ou descendentes de portugueses. Assim, dando destaque ao retorno feminizado, pretende-se discutir os contrastes entre as idealizações de pré-retorno e as realidades encontradas na vivência do dia-a-dia, na deturpação das representações culturais, na socialização com a ‘sociedade portuguesa’, as desilusões e rupturas, assim como a discriminação e dificuldades de integração. Desta forma, uma consideração central nesta análise é tentar entender como os factores de aceitação/repulsão acabam por moldar comportamentos e aprofundar a compreensão no que diz respeito ao regresso como processo que inclui as noções de ‘local’ e ‘identidade’ como variáveis centrais na procura contínua de ‘pertença’.

Exibição da curta metragem, Marta Raposo - Narrativas de Regresso (2011, 15´) - João Sardinha (UAb- CEMRI) e
António Saraiva (UAb-CEMRI/LAV).

SÍNTESE DE COMUNICAÇÃO DE MARIA MANUELA AGUIAR

Painel "Congressismo"
Síntese da comunicação


O "Congressismo" serviu, de uma forma paradigmática os movimentos de emancipação da mulher, a partir de oitocentos. Nas suas múltiplas formas, foi o lugar de reflexão, de criação de solidariedades e de acção, do nascimento e crescimento do próprio movimento, como colectivo, com coesão e com visibilidade. Foi um instrumento privilegiado de ruptura das mulheres com um passado de confinamento no espaço privado,e, consequentemente, um meio de fazer a sua entrada, em massa, na esfera pública.
Pode este modelo servir hoje o projecto de aprofundamento da participação, da vivência da cidadania pelas mulheres nas comunidades do estrangeiro? Tem ainda as mesmas virtualidades para abrir caminhos a mais igualdade entre mulheres e homens, ou seja, para o desenvolvimento de políticas com a componente de género?
São respostas que procuraremos dar, olhando o trabalho realizado, nos últimos 25 anos, nos Encontros de Mulheres da Diáspora sobre as temáticas da cidadania e da igualdade de género.



CV RESUMIDO

MARIA MANUELA AGUIAR DIAS MOREIRA
E-mail:mariamanuelaaguiar@gmail.com

FORMAÇÃO ACADÉMICA:
É licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra. Pós-graduação em Direito (Diplôme Supérieur d' Études et de Recherche en Droit) pela Faculdade de Direito e Ciências Económicas do Instituto Católico de Paris.
Foi bolseira da Fundação Gulbenkian, em Paris, das Nações Unidas, da OCDE, e da OIT em estágios realizados em vários países da Europa (entre 1968/1976).

ACTIVIDADE PROFISSIONAL:
Advogada(1967/1972); Assistente do "Centro de Estudos" do Ministério das Corporações e Segurança Social - Direito do Trabalho (1967-1974); Assistente da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa - Sociologia - (1971/72); Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra - Direito Civil - onde regeu o curso de "Introdução ao Estudo do Direito" e deu aulas práticas de "Teoria Geral do Direito" (1974/1976); Docente da Universidade Aberta, Mestrado de Relações Interculturais, regendo a cadeira de "Políticas e Estratégias para as Comunidades Portuguesa" (1992/1995); Assessor do Provedor de Justiça (1976/2002)

CARGOS POLÍTICOS:
Secretária de Estado do Trabalho (1978/1979); Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas (1980); Idem (1981); Deputada eleita pelo Círculo de Emigração Fora da Europa (1980/1985, em efectividade de funções entre Agosto de 1981 e Junho de 1983); Secretária de Estado da Emigração (1983/1985); Deputada Eleita pelo Círculo da Europa (1985/1987); Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas (1985/1987); Deputada eleita pelo Círculo do Porto (1987/1991); Vice-presidente da Assembleia da República(1987/1991); Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República (por inerência); Presidente da Comissão Parlamentar da Condição Feminina (1987/1989); Deputada eleita pelo Círculo de Aveiro (1991/1995); Representante de Portugal na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) e na Assembleia da UEO (1992/2005); Presidente da Sub-Comissão das Migrações da APCE (1994/1995); Presidente da Comissão das Migrações, Refugiados e Demografia da APCE (1995/1997); Vice- Presidente do Grupo Liberal e reformista na Assembleia do Conselho da Europa; Deputada eleita pelo Círculo de Emigração Fora da Europa (1995/1999;1999/2002: 2002/2005); Presidente da Delegação Portuguesa à APCE e UEO (2002/2005); Vice -Presidente da Assembleia da UEO; Vice-Presidente do PPE na APCE; Presidente da Subcomissão para a Igualdade (APCE);
Membro do "Gabinete sombra" de José Manuel Durão Barroso (pelouro das Comunidades Portuguesas).
É membro honorário da Assembleia da UEO e da APCE.
Vereadora da Câmara de Espinho (2005/2011), com o pelouro da Cultura (2009/2011)

ACTIVIDADES POLÍTICAS
Em 1980, presidiu à Delegação Portuguesa à Meia Década das Nações Unidas para a Igualdade da Mulher (Copenhague).
Em 1985, presidiu â Delegação Portuguesa e foi eleita Vice-Presidente da 2ª Conferência de Ministro do Conselho da Europa para as Migrações (Roma).
Em 1984, presidiu à Delegação Portuguesa à 1ª reunião de Ministros do Conselho da Europa para a Igualdade de Mulheres e Homens (Estrasburgo).
Em 1987, presidiu à Delegação Portuguesa e foi eleita presidente da 3ª Conferência de Ministros do Conselho da Europa para as Migrações (Porto).
Entre 1987 e 1991, foi a primeira mulher a presidir aos plenários da Assembleia da República e a chefiar delegações parlamentares, a primeira das quais se dirigiu ao Japão.

Legislação e instituições cuja criação ou reforma impulsionou:

Comissão para a Igualdade no Trabalho e Empresa (CITE), 1979; Instituto de Apoio à Emigração e Comunidades Portuguesas (IAECP), 1980; Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), 1980; Lei da Nacionalidade, 1981; Centro de Estudo do IAECP e "Fundo Documental e Iconográfico das Comunidades Portuguesas" (1984); "Regionalização" do CCP (1984); Comissão Interministerial para as Comunidades Portuguesas (1987). Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres entre Portugueses e Brasileiros (reciprocidade), 1989-2001; Lei da Nacionalidade (recuperação automática) 2004; Direito de voto nas eleições para o Parlamento Europeu(fora do espaço da UE), 2004.

PARTICIPAÇÃO ASSOCIATIVA
Presidente da Assembleia Geral da Associação "Mulher Migrante".
Membro do Conselho de Curadores da Fundação Luso-Brasileira.
Membro do Conselho de Delegações e Filiais do FCP.


PUBLICAÇÕES
Política para a Emigração e as Comunidades Portuguesas (1986); Portugal - País das Migrações sem Fim (1999); Círculo de Emigraçâo (2002); Comunidades Portuguesas - Os Direitos e os Afectos (2005); Migrações - Iniciativas para a Igualdade de Género (2007) coord.; Problemas Sociais da Nova Emigração(2009) coord.
Relatórios apresentados nas Assembleias do Conselho da Europa e UEO ( cuja colectânea aguarda publicação) e artigos publicados em revistas da especialidade sobre Direitos Humanos, Igualdade de Direitos, Direito do Trabalho, Migrações. Colaboração regular em jornais nesses e outros domínios - feminismo, desporto, política e relações internacionais.

TÍTULOS e CONDECORAÇÕES
Nacional: Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique
Estrangeiras - Grã Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul, Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco (Brasil); Grã-Cruz da Ordem do Império Britânico (Honorary Dame); Grã-Cruz da Ordem de Mérito (Itália); Grã-Cruz da Ordem de Mérito (Alemanha); Grã-Cruz da Ordem de Mérito (Luxemburgo); Grã-Cruz da Ordem de Leopoldo II (Bélgica); Grã-Cruz da Ordem Fénix (Grécia); Grã-Cruz da Ordem Francisco Miranda (Venezuela);
Grande Oficial da Ordem de Mérito (França); Grande Oficial da Ordem da Estrela Polar (Suécia), entre outras.

Em 2011 recebeu a Medalha de Mérito da Cidade de Espinho.
È "cidadã do Estado do Rio de Janeiro"
Medalha Tiradentes (Rio de Janeiro)

SÍNTESE DA COMUNICAÇÃO DE CARLOS PÁSCOA GONÇALVES

CV
- Carlos Páscoa Gonçalves;
- Nascido em 1952, no Concelho de Soure;
- Residiu no Brasil de 1967 a 2005;
- Formado em Economia e Direito pela Universidade Gama Filho;
- Deputado à Assembleia da República eleito pelo Círculo Fora da Europa, no Grupo
Parlamentar do PSD, exercendo o 3º Mandato;
- Membro efectivo da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas;
- Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Brasil;
- Membro efectivo da Comissão Parlamentar da CPLP.


Síntese da Comunicação
TRABALHO E MPREENDEDORISMO NO CONTEXTO DA EMIGRAÇÃO
REGRESSO
Os nossos emigrantes quando pensam em retornar ou decidem retornar a primeira coisa que planejam é a sequência de suas vidas e de suas famílias nas terras de origem. Falo obviamente das Comunidades Fora da Europa que são as que represento e das quais tenho mais informações. Estes Portugueses quando decidem o seu retorno vão imediatamente investigar que tipo de investimento poderão fazer ou que profissão poderão exercer. Em regra geral são comerciantes, industriais, prestadores de serviços ou profissionais com bastante experiência nas suas áreas. Quando se trata de comerciantes, industriais ou prestadores de serviço, normalmente fazem investimentos em negócios semelhantes aos que tinham nos países de acolhimento. Esses investimentos têm também uma particularidade, pois são direcionados normalmente para as suas regiões de origem e por serem efectuados por profissionais de elevada capacidade e quase sempre com recursos que amealharam em suas Comunidades de acolhimento, são os investimentos adequados para combater a desertificação do interior. Quando se trata de profissionais com elevado nível e muitos anos de experiência, nestes casos o retorno já se dá mais para pequenas cidades do interior, mas não necessariamente para as regiões de origem. Portugal tem nas Comunidades espalhadas pelo mundo um manancial enorme de possíveis investidores com capital e experiência e de profissionais altamente capacitados que podem ser motivados a retornar às suas regiões de origem e promover o desenvolvimento, no entanto, salvo raríssimas excepções de iniciativas de Câmaras, não existe em Portugal nenhuma iniciativa neste sentido. Considerando o actual momento da economia portuguesa, entendo que programas de atração do capital e da experiência de nossos emigrantes, poderiam ser uma grande contribuição para o desenvolvimento de nossa economia, para a diminuição do endividamento externo, para a diminuição da quantidade de imóveis disponíveis para venda, para o apoio às pequenas e médias empresas ligadas ao imobiliário e para o combate à desertificação do interior. O investimento que Portugal possa fazer nesse sentido, será na minha opinião o que maior retorno dará a curto prazo.

Carlos Páscoa

Deputado à Assembleia da República

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

TEÓFILO MINGAS

Teófilo Minga teofilominga@gmail.com

Muito obrigado por toda a informação e agora já uma saudação de Roma, onde acabo de chegar vindo da minha missão em Guatemla y Mexico. Foram três lindas semanas.

Caso ainda não tenha recebido os poemas de Natal de este ano, aí seguem eles com toda a amizade e votos de um feliz e santo natal, na alegria do Senhor que vem visitar-nos.

Teófilo

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Poemas de Navidad 2011

Navidad 2011 I

Tiempo de nuevos horizontes,
En el horizonte de la promesa.
Partir más allá de los montes,
Como María a toda prisa. (1)

Otra vez, Jesús viene,
A decirnos siempre novedad,
A descubrir por nosotros también,
En la audacia de la verdad.

Seglares y hermanos – nueva relación – (2)
Nueva vida… es un nacimiento
Que llama siempre a la conversión,
Ayer, hoy y en todo el tiempo.

Vamos juntos a ser sal y luz,
Protagonistas de nueva era, (3)
Ser los primeros junto a Jesús
Y en el Instituto, nueva Primmavera

Navidad 2011 II

Ponerse en camino,
Como María
Lo ha hecho un día,
Con todo el cariño
Por su Hijo Jesús,
Que ella dio a la luz
En la pobreza de Belén,
Él, fuente de todo el bien (1)

Maristas, Seglares y Hermanos,
También somos llamados,
Hoy, de todos lados,
A partir… y darse las manos,
Para que acontezca Navidad.
Y en la riqueza de la verdad
Ofrecer Jesús, otra vez, al mundo…
Es un parto, llamada a ser fecundo. (2)

Carisma, don a la Iglesia,
Vocación es don de Dios
Para todos sus hijos,

Para que el mundo sea
Más humano, más divino.
Belén, inspiración e himno
Para vida en nuevas alboradas,
Nuevas tierras, tal vez, no soñadas.

Teófilo
Guatemala City, 5 de noviembre de 2011,



Natal III

Navidad-Guatemala a aparecer,
En las calles iluminadas,
Todas de belleza vestidas,
Trayendo ya, a tantas vidas,
El brillo de esperanzas soñadas
Solo porque un Niño va a nacer.

Acogida amiga, canto e himno,
En la sencillez de estas gentes,
Que en trajes tan coloridos,
Con cariño nos dicen: “bienvenidos”.
Y en el abrazo amigo, sientes
La presencia divina de un Niño.

Maristas, en tierra bien-amada, (1)
Reunidos en comunión,
Sueñan el futuro en nueva vida.
Aquella, en Belén ofrecida,
E, con entusiasmo en el corazón,
Quieren ver ahora multiplicada.

Así es cantar y vivir Navidad,
Soñando otro futuro
Al acoger el don del Amor
Don de Dios, el mayor,
Para dar rumbo seguro
A toda la humanidad.

Memória dos que sempre estiveram connosco: Virgílio Teixeira

A fama, viveu-a com imenso talento e natural distinção a partir dos
estúdios de Madrid ou Hollywood, Mas, um dia, como muitos outros
emigrantes, quis regressar à terra, à Madeira, ilha dos seus amores -
para iniciar uma nova vida, servindo, com toda a dedicação e competência, a emigração, portuguesa, em geral, e madeirense, em especial, dirigindo os serviços para as comunidades na Região Autónoma.
E para ser feliz, com a Vanda!
Pudemos contar com ele, invariavelmente, solidariamente, na defesa das
nossas causas, no esforço de reconhecimento do papel e dos direitos
dos emigrantes: um aliado, um amigo generoso, simples e encantador.
Estas são algumas das qualidades com que fez história, prestigiando o
País e tornando a sociedade do seu tempo melhor, mais civilizada e
mais convivial.

CV Mª LOURDES DE ALMEIDA

Cédula: 6.076.098

Nombre: María de Lourdes De Almeida De Almeida

Dirección habitación

Calle: Calle Los Pinos

Casa o Edificio: Qta. Pardilhó- Nº58

Ciudad: El Junquito

Urbanización: El Tibrón

Información de Contacto:

Teléfonos habitación: 0212-6380783

Celular: 0412-3297785

Correo electrónico: milu1804@gmail.com

Estado: Vargas

Informação adicional:

ESTUDOS REALIZADOS

Institución:

Año de graduación:

Título obtenido:

Trabajo de investigación: Barreras Psicológicas en el Aprendizaje de un

Segundo Idioma

CURSOS REALIZADOS Universidad Metropolitana, Caracas 1977.Licenciado en Idiomas Modernos. Secretaria Bilingüe – Academia Londres, Caracas, 1973. Curso Avanzado de Inglés - Bristol Community College, Mass - 1974.Traducción e interpretación - Centro de Idiomas Berlitz, Escuela deIntérpretes y Traductores , Caracas, 1991.Super Learning – Instituto Lozanov, Caracas- 1983. Ventesol - Annual Meeting of English
Teachers1985,1986,1991,1992,1994,1997,1999,2002- Venezuela.Master in Educational Planning- Instituto Internacional de Andragogía-Universidad del Zulia.Língua e Cultura Portuguesas, Universidad de Lisboa, Portugal, 1995

EXPERIÊNCIA PROFESSIONAL

Centro Docente Católico – Chuao - 1974/1976 – Profesora de Inglés. Oficina Central de Asesoría Técnica – 1977 – Secretaria Bilingüe la gerencia ejecutiva. Instituto Universitario Francisco de Miranda-Caracas – 1978 - Profesora de Inglés. Ministerio de la Defensa- Escuela de Idioma de las Fuerzas Armadas- 1979/2006 - Coordinadora Académica, Profesora de Inglés y Portugués Traductora – Portugués, Español e Inglés.
Escuela Superior de la Guardia Nacional - 1991/1994 – Coordinador.Académico para los cursos de Inglés para el Major Staff.CBC English Effective Center 1998/2002-Profesora de Inglés para los cursos empresariales de Inglés para PDVSA CIED, dictando todos los niveles, desdeintroductorio hasta niveles conversacionales.

RECONHECIMENTOS

BOTON ESCUELA DE IDIOMAS GENERALÍSIMO FRANCISCO DE MIRANDA
INSIGNIA ESCUELA DE IDIOMAS GENERALÍSSIMO FRANCISCO DE MIRANDA

MEDALHA MÉRITO AL TRABAJO DEL EJÉRCITO VENEZOLANO EN TERCER GRADO

MEDALHA NACIONAL

INSIGNIA VENEZOLANAS.

ORDEN JUAN MANUEL CAJIGAL,EL 12 DE FEBRERO DEL IMPUESTA POR EL PRESIDENTE DE LA REPUBLICA DE VENEZUELA, EN LA VICTORIA. CON MOTIVO DEL DIA DE LA JUNVENTUD.

ORDEN MERITO AL TRABAJO DEL ESTADO PORTUGUES, AÑO 2005. POR SU ACTIVIDAD EN PRO DE LA COMUNIDAD PORTUGUESA ENVENEZUELA. MÉRITO AL TRABAJO EN SU ÚNICA CLASE GUARDIA
SIMÓN RODRIGUEZ DE LAS FUERZAS

domingo, 20 de novembro de 2011

RESUMO DA COMUNICAÇÃO DE MARIA DA CONCEIÇÃO RAMOS

Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora
24-26 de Novembro de 2011

Maria da Conceição Pereira Ramos
Universidade do Porto – Faculdade de Economia
e CEMRI – UAb
e-mail: cramos@fep.up.pt

Comunicação

Trabalho e empreendedorismo social da mulher portuguesa na diáspora

Resumo

A constituição de uma grande diáspora portuguesa e feminina é visível na sua forte
representação nos países de acolhimento, onde o trabalho é uma dimensão essencial de
integração e de socialização.
Os portugueses imigrantes, homens e mulheres, no passado e no presente, denotam
capacidade de organização, de liderança e de comprometimento em organizações de
voluntariado, de ordem associativa, organizações sem fins lucrativos, pertencendo ao
terceiro sector, à economia social e solidária.
O conjunto de iniciativas socioculturais e político-cívicas (ensino da língua, promoção
e divulgação da cultura portuguesa, apoio social, assistência jurídico-informativa, etc.)
ajudam na integração social dos migrantes, na aproximação comunitária e visibilidade
da comunidade.
Assinale-se a importância do trabalho das mulheres migrantes, muito dele voluntário,
e do seu empreendedorismo para o sistema económico e a solidariedade social. Estas
mulheres são agentes de mudança e de desenvolvimento nos países de origem e de
acolhimento, onde a sua participação contribui para o aumento da cidadania, da coesão
social e do desenvolvimento.

CV RESUMIDO PROFª DOUTORA MARIA DA CONCEIÇÃO RAMOS

CV Resumido
PROFESSORA DOUTORA
MARIA DA CONCEIÇÃO PEREIRA RAMOS
E-mail - cramos@fep.up.pt
Faculdade de Economia - Universidade do Porto
Rua Dr. Roberto Frias - 4200-464 Porto - Tel.: 351 225571100/279

Professora na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde foi responsável pela disciplina “Economia das Migrações Internacionais” do mestrado em Economia.
Investigadora no Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais (CEMRI), Universidade Aberta, onde foi responsável, desde 1995, pela disciplina “Grandes Diásporas” do mestrado em Relações Interculturais.
Doutorada em Ciência Económica - Economia dos Recursos Humanos pela Universidade de
Paris I, Sorbonne. Tese de Doutoramento: "Marchés du Travail et Migrations Internationales: Croissance, Crise et Marché Unique. Cas du Portugal et de la France", 1990.
As suas áreas de docência e pesquisa incidem sobre as Migrações Internacionais e Diásporas, nomeadamente o caso português, domínios em que tem publicado, orientado numerosas teses, organizado eventos científicos, realizado comunicações e conferências e coordenado projectos académicos e de investigação internacionais.
Foi consultora da OCDE e do Conselho da Europa para as migrações internacionais. Coordenou e organizou o Simpósio Diásporas e Mobilidades – Desafios Multidisciplinares e de Género no Seminário Internacional Diásporas, Diversidades e Deslocamentos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 23-26/08/2010. Coordenou em Portugal o Projecto Científico financiado pela Comissão Europeia (2002-2006) Dual Citizenship, Governance and Education - A Challenge to the European Nation State (DCE).
Algumas publicações dos últimos anos sobre migrações e diásporas:
- “Migrações internacionais e género – dinâmicas de participação das mulheres portuguesas imigrantes”. In R. Boschilia e M. L. Andreazza (Orgs.) Portuguesas na diáspora: histórias e sensibilidades, Curitiba, Ed. UFPR, 2011, p. 137-160.
- “Mondialisation, Citoyennetés, Cultures”. In I. Constantinescu et al. (Org.) Crossing boundaries in culture and communication – Au delà des frontières de la culture et de la communication, Bucareste, Universidade Romeno-Americana, 2011.
- “Migrações e Género – Trabalho, Empreendedorismo e Discriminações”. Seminário
Internacional Fazendo Género 9 – Diásporas, Diversidades,Deslocamentos,U.F.S.C.,
23-26/08/2010,(http://www.fazendogenero.ufsc.br/9/)
1278297633_ARQUIVO_ComunicacaoFlorianopolisMCPR(1).pdf - Adobe Reader.
- “Migração, dinâmicas associativas e culturais”. In Seminário Internacional A Voz dos Avós: Migração e Património Cultural, Universidade Aberta/CEMRI, Universidade de Toronto, Universidade dos Açores, Lisboa, 26-28/7/2010.
- “Migrações, desenvolvimento e dinâmicas locais e regionais”. In V Jornadas de Estudo sobre as Grandes Problemáticas do Espaço Europeu, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 28-29/5/2010.
- Economic Migration, social cohesion and development: an integrated approach. Migrations économiques, cohesion sociale et développement: vers une approche intégrée. Strasbourg, Conseil de l'Europe, 2009, 214 p. (co-autora).
- "Mulheres Portuguesas na Diáspora - Inserção Laboral e Papel nas Redes Sociais". In L. D. Seabra, M. A. Espadinha (eds) A vez e a voz da mulher portuguesa na diáspora: Macau e outros lugares. Macau, Universidade de Macau, 2009, p. 305-330.
- “Mulheres portuguesas na diáspora – mobilidades, trabalho e cidadania”. In M. Aguiar(coord.) Cidadãs da diáspora – Encontro em Espinho, ed. Mulher Migrante, Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade, 2009, p. 44.
- “Migrações qualificadas, internacionalização dos recursos humanos e gestão intercultural”. In Olhares Portugueses sobre a Contemporaneidade, Universidade Federal da Bahia, 18-20/8/2009.

- “Impactos demográficos e sociais das migrações internacionais em Portugal”. In N. Ramos (coord.) Saúde, Migração e Interculturalidade. Perspectivas teóricas e práticas. João Pessoa, EDUFPB, 2008, p. 11-44.
- “Gestão da diversidade e da educação nas sociedades multiculturais e do conhecimento”. In N.Ramos (coord.) Educação, Interculturalidade e Cidadania, Bucareste, ed. Milena Press, 2008,
p. 6-29.
- "Globalização, Políticas Sociais e Multiculturalidade". In A. Rubim, N. Ramos (Org.) Estudos da Cultura no Brasil e em Portugal, Salvador, EDUFBA, 2008, p. 145-182.
- "Dual Citizenship, Governance and Education: Survey Among National Policy Makers and Authorities in Portugal". In D. Kalekin-Fishman, P. Pitkanen (eds.) An Emerging Institution ? Multiple Citizenship in Europe Views of Officials, Bern, Peter Lang Publishers, 2008, p.187-222 (co-autora).
- "Travail et Circulations Migratoires – Le Portugal pays relais des migrations en Europe". In E. M. Mouhoud, J. Oudinet (dir.) L’Europe et ses Migrants – Ouverture ou Repli ? Paris, L’Harmattan, 2007, p. 215-270.
- "Imigração, Desenvolvimento e Competitividade em Portugal". Revista Economia e
Sociologia, nº 84, 2º semestre 2007, p. 71-108.
- « Diásporas, culturas e coesão social ». In R. Bizarro (coord.) Eu e o outro. Estudos multidisciplinares sobre identidade(s), diversidade(s) e práticas interculturais, Porto, Areal Editores, 2007, p. 78-95.
- "Multiple Citizenship - Case-Studies Among Individual Citizens in Portugal". In P.
Pitkanen, D. Kalekin-Fishman (eds.) Multiple State Membership and Citizenship in the Era of Transnational Migration. Rotterdam, Sense Publishers, 2007, p. 41-65 (co-autora).
- “Rôle économique des femmes dans la famille: le cas de chefs de famille en milieu
urbain, au Brésil et au Portugal » in XI èmes Journées Internationales de Sociologie du Travail, « Restructuring, precarisation and value », workshop 7 « Genre, ethnicité, division du travail et carrières ; Gender, ethnicity, the division of work and of careers » London, Metropolitan University, Working Lives Research Institute, 20-22/6/2007 (co-autora), (www.jist2007.org/).
- «Le Portugal, de l’Emigration à l’Immigration ». Revue Santé, Société et
Solidarité, «Immigration et Intégration», nº1, 2005, p.203-215. (http://revue.persee.fr/prescript/
revue/oss).
- "Dupla Cidadania, Governação e Educação: um Desafio para o Estado Nação Europeu",
Revista Portuguesa de Pedagogia, ano 39, nº 1, 2005, p. 240-245.
- "Immigration in the Portuguese Demography and Some Impacts of Emigration and Return". In Ch.Dienel (Hrsg.), Abwanderung, Geburtenruckgang und Regionale Entwicklung. Wiesbaden, VS VERLAG, 2005, p.305-323.
- "Immigration, Construction Européenne et Globalisation". In Economie Teoreticã si Aplicatã, vol. I, Universitatea Romãno Americãna, Bucuresti, Universul Juridic, 2005, p. 363-392.
- "Dual/Multiple Citizenship in Portugal". In Y. Schröter, Ch.Mengelkamp, R. Jäger (ed.) Doppelte Staatsburgerschaft, Landau, Verlag Empirische Padagogik, 2005, p. 309-335 (co-autora).
- «Nouvelles dynamiques migratoires au Portugal et processus d’intégration». Revue Française des Affaires Sociales, nº 2, avril-juin 2004, Paris, p. 111-144.
- “Le Portugal, pays relais de la migration en Europe”. Revue Migrations – Études, nº 116, août- septembre 2003, Direction de la Population e des Migrations (DPM), Paris, ed. ADRI, 16 p (www.adri.fr).
- "Dinâmicas e estratégias socioeconómicas relativas à emigração portuguesa". In Porto de Partida – Porto de Chegada. A Emigração Portuguesa. Lisboa, Âncora Editora, 2003, p. 57-78.
- "Dinamiche Economiche Nell’ Europa Dell’ Euro, Immigrazione e Lavoro". In L. Sommmo e G. Campani (dir.) L’Euro - Scenari Economici e Dimensione Simbolica, Milão, Guerini Studio, 2001, p. 101-118.
- "Economic integration of Portugal in the European Union: effect on direct investment, migration and employment". In Globalisation, Migration and Development, Paris, OECD, 2000,

terça-feira, 15 de novembro de 2011

47 - JACQUELINE CORADO DA SILVA Propostas de temas

• Ser mulher luso descendente em França: pontos positivos e negativos (cf
experiência de animadora do programa feminino da radio comunitária em
Paris, Radio Alfa)

• Ser atriz Luso descendente em França (descobri o teatro aos 9 anos graças
ao português, a revelação desta paixão associada à língua portuguesa deu-
me irrevogavelmente a vontade de praticar a língua dos meus pais)

• Ser atriz Luso descendente noutros países (trabalhei nos Estados Unidos,
México,Venezuela, Grécia, Espanha, Líbano...)

• Ser atriz Luso descendente em Portugal (experiência no Porto em 2000)

• O que a dupla cultura traz na compreensão e analise dos textos, na criação
das personagens e no trabalho criativo teatral e cinematográfico de um
modo mais geral (cf Marivaux, Tchekov,..)

CV JACQUELINE CORADO DA SILVA

CV artístico

Representando no seio de uma companhia portuguesa implementada em Paris. Em paralelo, estuda harpa e dança clássica durante 8 anos no Conservatório Francis Poulenc.
Efectua várias digressões longe do teatro e multiplica as viagens, nomeadamente na América latina, antes de regressar a Paris para seguir o curso da Belle de Mai e da Escola Claude Mathieu. Assim que acaba o curso, volta a viajar após ter atuado em várias peças, muitas vezes bilingues ou estreitamente ligadas a outras culturas.
Representa nomeadamente em « almoço em casa de Wittgenstein », dirigida pelo Paulo Castro no teatro do Campo Alegre, no Porto, antes de se instalar em Nova Iorque e de trabalhar com Marcia Haufrecht do Actor’s Studio. Volta ao Teatro no Porto para uma encenação do Júlio Cardoso antes de se estabelecer definitivamente em Paris. Continua no entanto a participar com regularidade em experiências de formação e pesquisa no estrangeiro (Larry Moss, Michael Margotta, Simon Mc Burney, Philippe Adrien, Joël Pommerat…). Falando fluentemente quatro línguas, trabalhou com diretores de teatro e de cinema de numerosas e variadas nacionalidades e origens em várias curtas-metragens, filmes ou séries para a televisão a nível internacional, em Inglês, Francês, Espanhol ou Português. Nomeadamente sob a direção de Thomas Gilou, Tony Gatliff, Gilles Béhat, Oscar Sisto, Frédéric Auburtin, Martin Valente, Sofia Papakristou, Meyar Al Roumi, etc. e contracenou com Gérard Depardieu, Antonio Fonseca, François Berleand, Simone de Oliveira, Pierre Richard… Desde 2007, participou regularmente em mais de vinte peças radiofónicas para France Inter ou France Culture. Cantou também com vários grupos de música (jazz, bossa, fado, pop…) e participou em espetáculos misturando canto, dança e teatro. Em 2007 foi convidada pelo CHARLEMAGNE ORQUESTRA na Bélgica, para ser a recitante do Midsummer Nigth’s Dream de Mendelssohn sob a direção do maestro Bartholomeus Henri Van derVelde.
Desde 1995, paralelamente à sua carreira de actriz, intervém com certa regularidade nos liceus e colégios ditos « difíceis», dando aulas de teatro e dirigindo os alunos.en cena. Intervém também como coach junto de adultos, actores ou não.
Enfim, em 2007, cria a sua própria companhia de teatro « VIDA VIVA », cujo objectivo é de montar peças e espetáculos multiculturais, e de suscitar encontros e intercâmbios entre artistas de horizontes diversos. É com esta companhia que cria, em 2010, o monólogo « BERTHA M., uma outra história de amor » da autora ontemporânea Sueca Malin Lindroth, e em 2011 no Centro Calouste Gulbenkian em Paris, O MOVIMENTO DO MUNDO, montagem à volta dos poemas do Nuno Júdice, que ela própria encena e na qual participa juntamente com dois outros actores.



CV

Bartolomeu, concelho da Lourinhã, imigrados em França desde 1968.(Uma irmã, Joaquina Corado Da Silva, nascida em Portugal em 1965, começou os estudos demedicina em França mas decidiu regressar a Lisboa em 1985, casada com um Lacobrigense
(Lagos), duas filhas, exerce como médica dentista.)
Estudou na escola Francesa e paralelamente na escola Portuguesa, rue Boissièrre (até ao 12°ano).

Diplomas:
• Baccalaureat C (matemática, Física) ;
• DEUG em política económica e negócios internacionais da universidade PARIS I –
PANTHEON SORBONNE ;
• ESCP ( École Supérieure de Commerce de Paris), opção finanças ;
• MBA exchange program com ITESM (Instituto Tecnoligico y de Estudios Superiores de
Monterrey), Monterrey, Mexico ;
• Vencedora do concurso em economia política da Universidade de Saint Gall (Suiça) (1995).
Paralelamente ao colégio e liceu, começou o teatro aos nove anos de idade no grupo de teatro amador « A PEDRINHA», composto por imigrantes Portugueses em França, dirigido porAntonio Cravo. Foi o primeiro contacto com o público, visto que a companhia fazia digressões em toda a França, perto das comunidades portuguesas.
Conservatório Francis Poulenc (Paris 16) em Harpa e dança classica durante oito anos.
Viveu seis meses no México no âmbito do MBA exchange program, seis meses na Venezuela
(1994), como estagiária, perto da vice presidência do Banco Provincial, primeiro banco do país,
no programa de desenvolvimento de novos produtos financeiros, no âmbito de uma parceria entre o governo Francês e Venezueliano. Regressou a França em 1995 para acabar o curso na área de finanças, e tomar a decisão de voltar à primeira paixão: o teatro. Recusa então a proposta do grupo internacional Mac Kinsey, para integrar a sua sucursal emFrança, para trabalhar num pequeno teatro privado em Paris, «le théatre de la Main d'or». Rapidamente é aceite na Escola Claude Mathieu, onde passa dois anos antes de voltar a trabalhar em projectos Luso-franceses.

Em 1999 / 2000 vive entre Nova Iorque (onde trabalha com Marcia Haufrecht, do ACTOR5S
STUDIO) e o teatro da Seiva Trupe no Porto, onde foi convidada para participar numa peça de Thomas Bernardh, encenada por Paulo Castro. Volta a trabalhar com a Seiva Trupe em MARLENE, onde tem como parceira Simone de Oliveira. Regressa depois a França, que será a sua base, mas continua a participar em projectos em
vários países (Belgica, Grécia, Portugal, Espanha) e regularmente em projectos directa ou indirectamente ligados a Portugal (cf Curiculo em anexo).Durante três anos (2005/2007) intervem regularmente na AMERICA'S CUP, como apresentadora de eventos ou como coach para os vários managers.
Paralelamente à sua carreira profissional, anima aulas de teatro com crianças e adolescentes:nos anos 90, interviu em colégios em Bobigny com alunos em dificuldades escolares e /ou sociais; de 2000 a 2006 tratou de aulas com jovens adolescentes com problemas de aprendizagem, em zonas rurais, utilizando o teatro como ferramenta de integração - experiência muito enriquecedora junto a jovens sofrendo de problemas comportamentais, que graças ao teatro recuperam a confiança e o respeito e conseguem ultrapassar os seus «bloqueios».
Em 2007 cria a companhia VIDA VIVA, com sede em Paris mas virada para o intercâmbio
entre França, Portugal e não só. Com essa companhia, encena Bertha M., da autora Sueca Malin Lindroth e dirige a sua primeira encenação à volta dos poemas de Nuno Judice, O MOVIMENTO DO MUNDO, apresentado no Centro Calusto Gulbenkian em Paris em Maio de 2011. Actualmente a procura de fundos para poder desenvolver os projectos em carteira.

SÍNTESE DA COMUNICAÇÃO DE JOAN MARBECK

ABSTRACT - Malacca-Portuguese Language and Heritage preservation, documentation and
development

My Choice of Language Documentation for the Malacca Portuguese Creole Community has been a long
journey of 20years.
Firstly, none of the older members of the Community believe that it is moribund or is now listed
as 'Endangered' They say
it has lasted for 500 years and it will be 'SPOKEN' for another 500 years. Although they speak with
conviction and soul there are ' Distracting forces'.
Fortunately from among the more discerning members of the community, especially from among the
women, a clear and different opinion
has surfaced.
They want to revive the 'old language' and make it more conducive to unification of ALL Malaysian-
Eurasians. This will allow them to be readily distinguishable
as a unique race with a unique Culture, Language and Heritage. This is the level, perspective and role
that documenting the Papiah Kristang language will play
in the years ahead. The Malaysian-Eurasian Community gets its strength, perseverance and diplomacy
from the Portuguese. They left us with a unique, culture, customs and traditions and a' LANGUAGE
BORN OUT OF NECESSITY.' In all this, the women of the community are going to play a major role.

Joan Margaret Marbeck

9.11.11

Please translate only this, into Portuguese, Carla. Thanks .

Joan

Síntese – O Crioulo Português de Malaca, preservação de Herança, documentação e
desenvolvimento

A minha Escolha de Documentação Linguística para o Crioulo da Comunidade Portuguesa de Malaca foi
uma viagem longa de 20 anos.

Em primeiro lugar, nenhum dos membros mais velhos da Comunidade do Bairro Português de Malaca
acredita que está moribundo ou que está agora 'ameaçado de extinção' . Dizem que sobreviveu durante
500 anos e que 'SERÁ FALADO' por outros 500 anos. Embora falem com alma e convicçâo existem '
Forças desviantes’.

Felizmente de entre os membros mais discernentes da comunidade, especialmente de

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

MENSAGEM DE LOURDES ABRAÇOS

Á Ilustre Direcção da Associação "Mulher Migrante"

Ciente do Encontro a realizar-se na Maia, lamento a minha impossibilidade de estar presente, uma vez que estou deste lado do Atlântico e não ser possível a minha deslocação a Portugal nesta época, pois gostaria de vibrar com o Evento onde se poderá fazer amizades e troca de experiências para melhor servirmos a bela Entidade , muito bem dirigida por V. Exas., Entidade de solidariedade social que muito honra quem a quer servir desinteressadamente, como é o caso de todos os Ilustres Membros dos Orgãos Sociais da Associação.

Faço votos para que no Encontro Mundial da MULHER MIGRANTE se almejem os benefícios associativos que muito se esperam, para grandeza de um Movimento exemplar, que todos queremos vê-lo florescente.

As minhas saudações sinceras a todos os presentes ao Encontro, com desejo de muita saúde e felicidade para todos.

LOURDES ABRAÇOS

RESUMO DA COMUNICAÇÃO DE CRISTINA RODRIGUES

11/08/1967
Era ainda uma menina de 19 anos quando decidi ir viver para a Suiça. Logo muito cedo,
a vontade de fazer algo diferente foi crescendo. Apos um despedimento abusivo, decidi
integrar uma das maiores unidades sindicais da Suiça, e rapidamente integrei o comite do maior sindicato de hotelaria , na altura Union Helvetia, em Genève. Tenho muito orgulho em dizer que foi precisamente nessas datas, que foram modificadas e alteradas muitas leis para a emigração, mais nomeadamente, a legalização do agregado familiar através do « permis » do chefe de familia e a possibilidade de integrar o tribunal de trabalho como juíz de paz.
Após ter decidido abrir comércio por conta própria, outra variante surgiu, pela qual me apaixonei, a radio! A comunicação social, falar na nossa lingua, na nossa cultura, manter viva a chama lusitana.. Uma grande aventura, de grande responsabilidade…(…) Baptizei a radio « Alma Lusa »..(…)

(...) Um dos maiores projectos de vida que me podiam ter acontecido, foi estar na fundação da associaçao « Escola Sofia ilha de Bubaque »…após varias lutas burocraticas, hoje orgulho-me pelas 62 crianças que dependem do nosso projecto, das quais 42 são meninas!
(…)

RESUMO DA COMUNICAÇÃO DE MARIA DE LURDES ALMEIDA Nova emigração: A Afirmação da Mulher Luso-Venezuelana

I.- CAUSAS DA EMIGRAÇÃO- DO PASSADO AO PRESENTE

II.- TESTEMUNHOS

III.- IDENTIDADE DA MULHER LUSO-VENEZUELANA

IV.- A ATUAL MULHER LUSO-VENEZUELANA

V.- CONCLUSÃO

VI.- BIBLIOGRAFIA

SÍNTESE

Pretendo com esta breve discriptiva dar a conhecer a transformação da emigração
portuguesa dentro da comunidade venezuelana. As nossas origens, o que passámos
e o que fizemos para desempenhar na atualidade o importante papel de mulher de
trabalho e o reconhecimento de que somos objeto. Já passaram os anos em que nós
ficávamos em casa. Hoje em dia desempenhamo-nos no mundo político, económico,
social e cultural num ambiente competitivo, o qual cada dia mais nos demanda
esforços para continuar a crescer como individuos duma sociedade multifacetada e
exigente.

I.- CAUSAS DA EMIGRAÇÃO- DO PASSADO AO PRESENTE

Não se pode falar da nova emigração sem rever a sua história para assim poder melhor
compreender as mudanças que ao longo do tempo têm vindo a suceder. Por isso
é importante saber os motivos que levaram no passado o povo português a buscar
novos horizontes. Razões várias, dos tempos mais remotos à actualidade, justificam
este fenómeno. Devemos assinalar a falta dos meios de subsistência responsáveis
pelo "êxodo" de emigrantes isolados e de famílias inteiras, hoje radicadas nos diversos países de imigração. É também importante assinalar as circunstâncias de natureza política que as determinaram associadas a perseguições desta natureza, à falta de liberdade expressão, à guerra nas antigas colónias e às práticas sociais dominantes que levaram à fuga de muitos jovens, antes ou durante o cumprimento do serviço militar.
A emigração de portugueses sempre esteve presente na sociedade portuguesa cuja
evolução ficou mais forte ao término do século XIX e durante grande parte do século
XX. Todas estas razões são as principais causas da presença da comunidade portuguesa
nos cinco continentes. Inicialmente partiam os homens, para criarem depois as
condições necessárias para a família se juntarem a eles. Isto trouxe como consequência a separação de famílias, ficando a mulher a cumprir as funções de pai e mãe ao mesmo tempo. O emigrante português, no seu perfil mais clássico , partia para outro país para angariar dinheiro para o futuro, pretendendo sempre regressar a Portugal uma vez cumprida a sua tarefa.No entanto, algumas nunca voltariam a ver o homem que procreou os filhos e estes nunca mais voltariam a ver o pai biológico.
Sendo que estas primeiras emigrações eram provenientes na sua maioria de zonas
rurais, numa época em que o ensino superior era mais para aqueles de um estatus
social elevado, é fácil de perceber que a escolaridade dos que emigravam era pouca
ou nenhuma.Assim que o que mais importava era o trabalho árduo, de sol a sol, e
a escolaridade no país de acolhimento passava a um segundo plano. Até à década
de oitenta/noventa o emigrante abdicava de uma vida com dignidade no país de
acolhimento, para a ter no seu país de origem , mesmo que não usufruísse desse bem
– estar. A qualidade de vida , habitação, mobiliário, gastos com os tempos livres era
reduzida ao mais elementar .
A família portuguesa tendeu sempre a acentuar o aspecto da identidade, colocando
de lado qualquer apelo de integração, pois este era entendido e sentido como uma
ameaça à sua identidade. Os emigrantes portugueses procuraram sempre manter uma
unidade cultural , que os impediu de integrar as sociedades onde se inseriam, mantendo sempre a esperança e o desejo de regressarem ao seu país de origem. No entanto, “a dinâmica de uma sociedade multicultural e intercultural assenta, por um lado, na cultura da autonomia, por outro, na obrigatoriedade da participação e o emigrante português, fixado na ideia de regresso, sentia pouca vontade de participar e integrar a nova comunidade.”
Gradualmente, este tipo de emigração sofreu alterações. Se o projecto primeiro era
angariar o máximo de dinheiro no mínimo de tempo, para poder regressar, cedo a
família deu-se conta que esse projecto económico não era realizável no espaço de tempo sonhado e, prolongando-se, entrava em conflito com outros objectivos importantes da família.- A formação escolar das crianças exigia o adiamento do regresso e obrigava a uma certa integração de facto, em conflito com a ideia do regresso.- A redistribuição de papéis na família, muitas vezes de forma pouco fiel à tradição, começava a afirmar-se à medida que as mulheres encontravam formas de trabalho remunerado.

II.- TESTEMUNHOS

1.-A costura é a minha paixão desde pequena

A 3 de Janeiro de 1956 nasce Maria do Rosário Abreu de Freitas, no Porto da Cruz,
Madeira.Com apenas 2 anos de idade, partiria a bordo do navio Santa Maria,
acompanhada pela mãe e pelo irmão mais velho (Manuel), com destino à Venezuela,
país onde o pai já vivia há um ano. Terra nova, vida nova
“A minha mãe conta sempre que quando chegámos à Venezuela, o meu pai perguntou
se ela queria uma ‘malta’, e ela pensou que se tratava de uma multidão de pessoas e não compreendia bem o que é que ele lhe queria dar, até que lhe explicou que se tratava de uma bebida semelhante a um refresco”, conta Abreu, entre risos.
Viveram em Flores de Catia, no edifício Diamante, “e ali conheci a minha melhor
amiga de criança e com quem ainda mantenho contacto constante, Fátima dos Reis, e
também ali nasceu a minha irmã Maria Dolores.”
Depois foram viver para San José, onde nasceram mais duas irmãs, a quarta e a quinta,
Maria de Fátima e Margarita Matilde. “No ano seguinte, mudámo-nos três vezes. De
San José fomos para a estrada velha de La Guaira, El Cementerio e depois para San
Agustín. Ali nasceram mais dois irmãos, Juan António e José Luís”, conta Abreu.
Passados uns anos, o seu pai decidiu comprar uma casa em El Junquito, na urbanização
Luís Hurtado, onde nasceram os três últimos irmãos de Abreu: Ana Isabel, Joaquín
Miguel e María Mercedes. “Mudámo-nos no ano do terramoto, em 1967; recordo-me
que eram 8 da noite e estávamos a ver o Miss Venezuela quando começou tudo a
mexer”,recorda.

Entre a família e a moda

Rosário Abreu ajudava a sua mãe a cuidar dos 9 irmãos e nos seus tempos livres
inventava vestidos para as bonecas e até para os seus irmãos. “Recordo-me que tinha
uma boneca que se chamava Rosa/Luís, era como ter dois em um, porque quando fazia
roupa de menina, chamava-a Rosa e quando a vestia com roupa de rapaz era Luís. Fazia
sempre muitos trajes com os pedaços de tecido que a minha mãe deixava”, conta Abreu.
Aos 15 anos, pediu uma máquina de costura. “O meu pai sabia que eu gostava de
costura e que o fazia muito bem, e assim, aos 15 anos, ofereceu-me uma máquina. “Para
mim foi o máximo”. Dias depois, viu no jornal que estavam abertas inscrições para o
Instituto de Superação, para um curso de corte e confecção que se fazia por
correspondência, ministrado a partir de Nova Iorque. Tirou o curso num ano e com
apenas 16 primaveras, Abreu começou a trabalhar numa fábrica e aos poucos foi
adquirindo as suas próprias clientes. “Lembro-me que fiz um vestido de primeira
comunhão azul com chapéu e tudo”.
Em Setembro, conheceu o marido, Manuel Correia Gonçalves Pereira, nascido em
Campanário, Madeira, e em Dezembro do ano seguinte casaram-se. “Ele era o dono
dum supermercado no quilómetro 12 de El Junquito e foi levar uma encomenda a casa.
Depois de conhecer-me, pediu a minha mão passados 15 dias”. Tem quatro filhos:
Manuel, Juan David, Nahir Olinda e Jeysell Daniela; e cinco netos.
“Há 13 anos, Bernadete Sousa Pires, que tinha montado uma loja no Centro Vista,
precisaram de uma modista. Trabalhei ali 10 anos. Aprendi muito, ganhei experiência e
clientes”.
Há três anos, tornou-se independente e montou o seu próprio atelier no centro
Comercial El Castillo, no quilómetro 13 de El Junquito. “Ali tive o prazer de fazer o
vestido de Dayana Mendes, primeira finalista do Centro Português há dois anos”.
Refere que é a modista e designer de muitos dos trajes usados pelas senhoras das
comunidades portuguesa, italiana e árabe.
Um ano depois de ter aberto o seu próprio atelier, o marido morreu. “Infelizmente
enviuvei mas sempre lutei com a minha família e apesar das adversidades, mantivemo-
nos unidos.” Desde criança Maria do Rosário Abreu sente que Deus sempre a ajudou e
a abençoou ao longo da sua vida, assim como à sua família. “Graças a Deus por tudo o
que me deu”.

2.-Madeirense de nascimento, Portuguesenha de coração

A cultura e as tradições portuguesas ganham vida todos os dias nestas terras
venezuelanas e Maria da Câmara Araújo é uma digna representante disso. Proveniente
do sítio do Ribeiro Loiro, freguesia de Santa Cruz, Madeira, esta lusitana já está no
país há 37 anos, depois de aterrar na Venezuela em Agosto de 1974.Quando chegou
a Maiquetía, já trazia consigo os dois primeiros filhos, da sua união com Florentino
das Neves Rodrigues. Ainda nasceriam mais dois, mas infelizmente a mais velha viria
a falecer anos mais tarde em terras lusas.Como a maioria das mulheres madeirenses,
Maria, a mais velha de seis irmãos, foi criada entre a agricultura, as tarefas de casa e a necessidade de conseguir algum dinheiro para o seu sustento. Também trabalharia como bordadeira desde muito pequena.O marido, Florentino, saiu de África e rumou à Venezuela dois meses mais tarde. Seis anos depois, mandou buscar a mulher. Ela ainda recorda a sua primeira casa com telhado de zinco na cidade de Acarigua e o seu trabalho como ajudante do marido na limpeza do negócio e no trabalho em casa. No
início angustiou-se muito pelas diferenças culturais: Um idioma novo e uma comida à
qual não estava habituada. No entanto, em breve viria o maior golpe, quando o marido
perdeu o negócio. Mas os tempos melhoraram. Ao acostumar-se ao tipo de vida e
amoldar-se aos costumes crioulos, Maria decidiu mostrar à comunidade tudo o que tinha
aprendido na sua infância e juventude, ao ponto de ser famosa na sua localidade pelos
seus saborosos bolos do caco. E não é para menos: Chegou ao ponto de partilhar os seus segredos de cozinha e ensinar aos habitantes da zona para que aprendessem a elaborá-los.

Uma das coisas pela qual também é famosa na sua zona é pela cura do mau-olhado.
E Maria ainda tem tempo para bordar e deixar aos netos algumas recordações.Maria
vive orgulhosa por ter conseguido inculcar as raízes lusas nos seus filhos. Participou em peças de teatro com a história da Virgem de Fátima, cantou em grupos folclóricos e reviveu a sua infância em três visitas a Portugal.Para Câmara, viver em Acarigua é como estar na sua terra natal: Ainda que tenha bons amigos venezuelanos, por coincidência todos os vizinhos são portugueses. E ainda que as visitas ao seu país de origem não tenham sido frequentes, esta mulher faz o impossível por ser uma
portuguesa em terras crioulas.
Como dado curioso, Maria conta que o apelido Câmara vem da sua avó, nascida em
1882 e abandonada num cesto de vimes à porta de uma mercearia. Um homem que
passou por lá recolheu-a e decidiu levá-la à Câmara Municipal, onde lhe colocaram o
nome de Maria da Câmara. Para além de ter o mesmo nome que ela, também conserva
uma colcha que lhe pertencia e da qual cuida com especial carinho.!

3.-As flores fazem-me feliz

Nascida a 13 de Janeiro de 1949 no sítio dos Picos, nos Prazeres, Calheta, e criada na Ponta do Pargo, no mesmo concelho, Maria Irene Rodrigues é uma mulher trabalhadora
que desperta todos os dias com o propósito de ser feliz fazendo o que mais gosta: Estar rodeada das plantas mais belas, as do seu viveiro.
É a mais velha de seis irmãos e a que durante muito tempo velou por eles e pela sua
mãe, Maria José Abreu, natural da Ribeira Brava, já que o pai, Manuel Rodrigues,
oriundo dos Prazeres, tinha vindo para a Venezuela em busca de uma melhor vida para a
família.
“Muitas vezes não podia ir à escola porque tinha de cuidar da minha mãe quando
ela ficava doente. Era eu que muitas vezes levava as rédeas da casa”, recorda com
nostalgia, clarificando que tanto ela como os seus irmãos, terminaram a primária.
A pouco e pouco, a sua família foi vindo para a Venezuela. A mãe, ajudando um dos
irmãos a fugir da tropa, trouxe-o para a Venezuela, e aqui ficaram todos. “A minha mãe decidiu não voltar à ilha porque na Venezuela conseguiu mais oportunidades para ter trabalho, e passado um tempo mandava dinheiro para as minhas irmãs e para mim”,
conta Rodrigues.
Ficou na Madeira sozinha com duas irmãs aos 16 anos de idade. “Graças a João
Rosário, da Ponta do Pargo, nós tivemos uma casinha onde viver durante um ano,
depois de a minha mãe ter vindo embora e nós termos ficado as três sós. Ele emprestou-nos um quarto com cozinha onde vivemos até que nos mandaram buscar”, recorda Maria Irene, acrescentando que a carta de chamada era para ela e para outra das suas irmãs, já que a mais nova devia ficar sozinha na ilha, ao que Rodrigues respondeu: “Ou vamos as três ou não vai nenhuma”. Foi assim que chegaram as três à Venezuela, no navio Henrique C.

Nova terra, novos sonhos

Ao chegar à Venezuela, em 1968, começou a trabalhar a terra junto com os seus pais
num terreno situado em El Hatillo. “Ajudava-os a colher as verduras”, recorda. Uma
emigrante portuguesa chamada Virgínia e oriunda da Calheta ajudou-a a conseguir
trabalho, e colocou-a imediatamente num casa de família, e nessa mesma noite, com
apenas 19 anos, foi viver para o local onde trabalhou durante um ano. Passado esse
tempo, regressou à família e trabalhou em El Hatillo durante mais seis meses na terra, cuidando das hortaliças.
Depois, apareceu na sua vida Alberto Rodrigues, natural dos Canhas, com quem
está casada há 42 anos e de quem tem dois filhos: Carlos Alberto e Maria Isavette
Rodrigues. Tiveram uma padaria durante sete anos, mas a sua verdadeira paixão eram as
flores, pelo que abriram o viveiro Los Nietos, na Cortada El Guayabo.
O filho também trabalha no viveiro e ajuda os pais no negócio. A filha, que estudou
Informática, também passa ali os fins-de-semana. “Adoro quando os meus netos vêm e
desfrutam dia e noite em contacto com a terra, com as plantas”, confessou Rodrigues.
“Adoro ‘inventar’ no viveiro, o melhor que faço é conseguir obter várias cores nas
jarras e nos lírios, isso faz-me imensamente feliz”, e confessa que as suas favoritas são as jarras Rabinho de Porco.
Rodrigues diz que ter um viveiro é trabalhoso, “há que regar, alimentar, plantar, atender, mas adoro tudo o que faço.”
O que mais sente falta da Madeira são os noivos, e entre risos, Rodrigues confessa
que “foi o mais bonito, os melhores momentos.”
Após 37 anos, voltou à Madeira, “a ilha está muito mudada, muito bela, mas sinto que
já não me dou lá.” O seu local favorito continua a ser a Ponta do Pargo, “as pessoas têm mais calor, são mais próximas que no resto da ilha. Fiz ali toda a minha vida, os meus sacramentos, a escola, tudo.”
Apesar de ter passado maus momentos, os bons foram mais, e fizeram de Maria Irene
Rodrigues a mulher forte e trabalhadora de 62 anos que é hoje em dia.!

4.-Ana Pereira de Almeida-Chegou sem nada nos bolsos, mas os seusconhecimentos
na costura permitiram-lhe progredir
Quem a conhece identifica-a pela sua cabeleira totalmente branca e o seu bom
humor, perante qualquer situação.Essa cabeleira é o reflexo de anos de esforço e essa
simpatia foi-se forjando perante as adversidades. Ana Pereira de Almeida nasceu em
Oliveira de Azeméis (distrito de Aveiro) a 29 de Agosto de 1927. Os seus pais, José da Costa Almeida, era ferreiro. A sua mãe, Maria Pereira da Silva, vendia tecidos nos
mercados (feiras). Ambos trabalharam intensamente para fazer face às necessidades
básicas de Ana e das suas irmãs, Maria da Conceição e Amélia, num Portugal onde a
situação económica piorava a cada dia que passava. Aos 16 anos, conheceu António
Soares de Oliveira Maurício, que a pouco e pouco a foi conquistando com as suas
atitudes de cavalheiro e as suas picardias. Depois de vários encontros na Câmara
Municipal de Oliveira de Azeméis, lugar onde António trabalhava, decidiram casar-se.
Perante a ditadura de Salazar e a difícil situação do país, decidiram começar de zero e emigrar, indo em busca de novos horizontes. Foi então que apanharam o navio
Francisco Morocini em Lisboa, com destino à Venezuela. Depois de um mês de
navegação, chegaram ao mar venezuelano a 12 de Abril de 1952. No entanto,por ser
Semana Santa, permaneceram em alto mar durante três dias.Uma vez em terra
firme,dirigiram-se a Propatria, lugar onde um velho amigo lhes arrendou uma casa. Essa casa converteu-se logo numa oficina de sapatos: Ana e António dedicaram-se à costura de sapatos. Com o passar dos meses e a aparição de novas oportunidades, António começaria a trabalhar para a Cervejaria Caracas como vendedor e Ana para duas
prestigiosas marcas de sapatos. Por essa altura, Ana teve de enfrentar a morte do pai à distância. Em 1955, decidem arrendar uma nova casa em Puente Hierro. Ali, a vida lhes daria uma bonita surpresa e receberama sua primeira filha no dia 7 de Outubro: Ana Maria. Oito anos depois, trariam ao mundo a sua segunda flor, a 24 de Fevereiro de
1963: Marisol. O tempo continuou a conspirar a favor do casal e deu-lhes a
oportunidade de comprar um apartamento no município Chacao em 1965. Ana
continuaria com o seu ofício de costura de sapatos e António passaria por diferentes
ofícios: Venda de licores,venda de câmaras fotográficas num local próprio e até
vendedor de seguros. Ana recorda com tristeza o ano de 1978 quando teve de viajar até
Portugal pois o estado de saúde da sua mãe era cada vez mais delicado. Nesses meses,
esteve longe da filha,que fazia 15 anos, e esta teve de celebrar sozinha com o pai. Em breve regressaria à Venezuela, com o pressentimento de que meses mais tarde seria
confrontada com a morte da mãe.A sua perda mais valiosa foi em Fevereiro de 2006,
quando António, o seu eterno companheiro de vida, fechou os olhos de forma
inesperada. No entanto, Ana Pereira enfrentou a situação agarrando-se intensamente aos seus filhos e aos seus três netos. Atualmente Ana tem 82 anos mas assegura sentir-se com 28. Sente-se bastante orgulhosa de ter suado bastante para dar um futuro às suas filhas.Sem lugar para dúvidas, Ana Pereira considera-se uma“venezuelana de coração”.
E neste país fazem falta pessoas como ela para preencher de alegria e trabalho honesto.

5.- Aqui tenho tudo e não saio

Maria do Carmo Pimentel é de São Miguel, Açores, e emigrou para a Venezuela há mais
de 50 anos, para estar com o marido e dar aos filhos uma melhor qualidade de vida.
Esta açoriana conta que se casou em Portugal, mas por insistência do marido em querer
tentar um futuro melhor fora do seu país de origem, viajou para a Venezuela, onde já
tinha família, e iniciou uma nova etapa da sua vida. “Casei-me com 22 anos e passado
pouco tempo, o meu marido veio para este país. Fiquei grávida e passado quase um ano,
enviou-me uma carta de chamada para que viesse”, recorda.
Durante o tempo em que esteve sozinha, Maria do Carmo dedicou-se aos trabalhos da
casa e a cuidar da sua filha primogénita, Carmélia. Passados nove meses, esta açoriana embarcou no ‘Santa Maria’, em 1959, e rumou a terras de Bolívar.
“Quando cheguei para encontrar-me com o meu marido, fiquei surpreendida pela
beleza de La Guaira. E estava ansiosa por estar com ele e mostrar-lhe a nossa primeira filha”, recorda Maria.
Uma vez em solo crioulo, Maria do Carmo começou a trabalhar na costura, em casa, ao
mesmo tempo que cuidava dos filhos. “Sabia costurar e procurei clientes para fazer todo o tipo de arranjos de roupa e confecção de vestidos”.
O casal teve mais três filhas para além de Carmélia. “Tivemos um casamento unido e
trabalhámos para dar tudo o que os nossos descendentes precisavam”, acrescenta.
Esta emigrante açoriana conta ainda que já foi à sua terra em duas oportunidades, para visitar uma das filhas, que vive em Portugal. “Cada vez que chego lá, tenho sentimentos recorrentes, mas é agradável, é uma sensação indescritível”, assinalou, manifestando que
Portugal é a sua terra mas que a Venezuela é o país onde se desenvolveu como pessoa.
Talvez por isso, Maria do Carmo diz que não troca a Venezuela, porque “aqui tenho
tudo, e não saio”. Esta lusa espera poder continuar a visitar a sua ilha e apreciar a
evolução do seu país ao longo dos anos. “O meu coração é português e venezuelano
porque tenho em ambos os países coisas valiosas e que amo”, concluiu Maria do Carmo.!

III.- IDENTIDADE DA MULHER LUSO-VENEZUELANA

Inserir numa sociedade cujos valores políticos, culturais, sociais e económicos diferem daqueles do país de origem , juntamente com o problema linguístico, é a principal problemática de qualquer comunidade emigrante. Os filhos de portugueses eram dos grupos menos representados no ensino secundário e nas universidades até meados do século XX. Portugal, ainda estava sob um regime ditatorial fascista e apresentava traços duma sociedade agrária, atrasada e subdesenvolvida. Para se entender a situação da mulher portuguesa devemos assinalar que “esta era encarada como célula social básica de reprodução da ordem e das tradições culturais.”A maior parte do trabalho assalariado era reservado aos homens, principalmente as atividades liberais e as realizadas em órgãos públicos, cabendo às mulheres o trabalho de baixa qualificação e remuneração.
A mão-de-obra feminina era composta basicamente por mulheres provenientes das
classes mais baixas e estas dedicavam-se principalmente às atividades rurais e, nas
zonas urbanas, ao trabalho como empregadas domésticas ou em pequenas lojas.
A perda da identidade portuguesa pode, e em efeito acontece em muitos casos, na
segunda geração entre os filhos que conseguem atingir o ensino superior. As mulheres
que atingem o ensino superior têm mais probabilidades de inserirem na sociedade do
país de acolhimento.
Estudos realizados assinalam duas vertentes nas razões que levaram a mulher a trabalhar fora de casa:
1.- A precária condição financeira da família de origem assim como a precária condição
económica da família constituída depois do casamento. Nestes casos a mulher não
continuou os seus estudos secundários.
2.- As mulheres de famílias com boas condições económicas ou de famílias com
bom nível educacional atingiram o ensino superior e exercem funções na docencia,
administração pública, meios de imprensa, etc.
Através de testemunhos podemos constatar que a educação familiar teve um peso
significativo na formação e na vida das mulheres de origem portuguesa, tendo muitas
delas relatado que os pais eram severos e austeros, ensinando principalmente os
costumes da sociedade portuguesa. Relatam que tiveram uma educação diferenciada
em comparação aos irmãos, pois, não gozando de nenhuma liberdade, deveriam ser
acompanhadas sempre que saíam de casa, seja pela mãe ou por um irmão. Os pais
controlavam bem de perto a sua vida até ao casamento, para entregar a filha "intacta" ao futuro marido.
No entanto, as mulheres da segunda geração, que atingiram um nível educativo
superior, são pessoas na maioria das vezes com uma identidade ambígua. Conhecem
bem os padrões da pátria dos seus pais, não partilham a sua rigidez, mas gostam
dos seus hábitos alimentares e das reuniões familiares aos domingos e nos dias de
festa. No entanto, já não conseguem ter grande fluência na língua dos pais, limitando
o seu vocabulário ao indispensável para a comunicação doméstica. Isto traz como
consequência que seja mais fácil expressarem-se na língua do país onde vivem e muitas
vezes já nem se identificam como portuguesas.

IV.- A ATUAL MULHER LUSO-VENEZUELANA

Em Março de 2011, com motivo do Dia Internacional da Mulher, um jornal local, O
Correio de Venezuela, falou de várias mulheres na diáspora luso-venezuelana e que me
parece muito ilustrativo para demonstrar a reafirmação da mulher luso-venezuelana.

1.- Sociedade de Beneficência de Da-mas Portuguesas:

Actualmente, a responsável pela liderança das damas lu-sitanas é Mary Monteiro,
que, com o seu temperamento e a sua paixão pelo trabalho social, tem feito importantes contributos em benefício dos mais necessitados. No entanto, não está só: É acompanhada por Teresa de Fernandes, María Fa-tima Pita, Mari Cova, Luz Da Silva
Branco, Maria Eugenia de Freitas, Maria José Vieira.
A Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas ajuda tam-bém instituições
venezuelanas como a Avepane, Hospital de Crianças J.M. de Los Ríos, Asocirpla,
Fundana, Fundação Padre Pio, entre outras. Para além disso, faz donativos per-manentes a algumas famílias e ajuda algumas pessoas em pro-cessos cirúrgicos e doenças.
Outro importante trabalho le-vado a cabo pelas Damas Por-tuguesas é a administração
do Lar Padre Joaquim Ferreira. Neste caso, as pessoas encarre-gues de dirigir a
instituição são Maria Inocência da Silva, Vera Natália Bastos, Maria Rosa Martins,
Crisanta Campos, Manuela Rodrigues, Maria José Abreu, Maria Augusta da Silva,
Natália Rodrigues, Ma-ria Fernanda Moreira, Alda de Sousa e Jeanethe Sousa.

2.- Academias da Espetada

Foi no ano 2003 que Noemi Coelho, acompanhada por um gru-po de mulheres
habitantes de Maracay, estado Aragua, organizou a primeira Acade-mia da Espetada
na região. A ideia era simples: Fazer um jantar mensal onde um grupo de mulheres
comessem espe-tada e angariassem dinheiro que se destinaria a obras de beneficência.
Actualmente, a academia estende-se a Caracas e Barquisimeto. É ainda espe-rada a
criação de uma terceira filial no estado Carabobo.
A Academia da Espetada de Maracay organiza tertúlias de beneficência há oito anos.
A actual presidente, Ana Maria Abreu, conta com o apoio de Fátima Fernandes
de Pestana, Adriangela Goncalves, Fátima Soares, Ana María de Vera-cruz, María
Helena de Vera-cruz, Salomé de da Silva, Ma-ría Graca de Canha, Micaela Varguem,
Coicencao Figueira, Elisabety de Abreu, María José Goncalves, Jovita Da Silva y
Manuela Fernandes.
A Academia da Espetada de Ca-racas foi criada a 18 de Maio de 2009. Conta com
a orientação de Sílvia Henriques, acompan-hada por Maria Couto, Móni-ca da Silva,
Elsa Abreu, Maria Odília Rodrigues, Maria Luísa Nunes, Maria José Farias e Ana de
Castro, e mais de 100 mul-heres reúnem-se mensalmente em diferentes restaurantes e
salões de banquetes da capital.
Meses mais tarde, a 19 de Outubro de 2009, Trinidad Macedo teria a ideia de orga-
nizar a Academia da Espetada em Barquisimeto, estado Lara, onde, junto com Maria
Matias, Fátima Macedo, Maria Mestre, Irene Ferrão, Conceição de Sousa, Teresa da
Silva, Janeth Farias e Eleonara Soares, já realizaram 15 encontros.

3.- Alcaldesa Municipio El Hatillo

Myriam do Nascimento. Licenciada em Publicidade e Marketing, e com cursos em
áreas como Gestão e Legislação Municipal, Administração Tri-butária, Participação
Cidadã e Controlo de Gestão, trabal-hou durante 25 anos no sector público.

4.- Assambleia da República

Deputada do partido do poder Desireé Santos Amaral: Licenciada em Jornalismo
e defensora acérri-ma dos direitos individuais, passou das páginas dos jornais aos
meandros da Assembleia Nacional venezuelana

5.- Conselheiras Das Comunidades Portuguesas

a.- Lic. Maria de Lurdes De Almeida- professora de línguas, magister em planificação
educativa, condecorada em várias oportunidades pelo seu desempenho laboral dentro e
fora da comunidade.
b.- Estela Lúcio- presidente da Associação dos Filhos de São Vicente, empresária.

6.- Executiva na área farmacéutica

Noreles Mendonça Mendes- luso-descendente iniciou o curso de Farmácia na
Universidade Central de Venezuela. Em 2002, saiu já licenciada, com especialização em
Análise de Medicamentos. Posteriormente, fez uma pós-graduação também na UCV,
juntando ao seu currículo uma especialização em marketing de empresas. Começou a
trabalhar de imediato numa farmácia, para depois integrar a equipa de profissionais de um laboratório nacional. Mas também se manteve durante pouco tempo, pois, passado
menos de um ano, assinou um contrato para trabalhar na Sanofi–Synthélabo. Isto foi
em 2004, e até à data, trabalha nesta empresa farmacêutica, que hoje em dia se chama
Sanofi-Aventis.

6.- ARTES E ESPECTÁCULOS

a.- Marlene de Andrade: Esta modelo e ac-triz luso-venezuelana, depois de passar
pelo Miss Venezuela 1997, iniciou uma carreira como modelo em diferentes países. No
regresso à Venezuela, foi escolhida para encarnar ‘Pipina’ na no-vela ‘Carita pintada’.
Daí seria sempre a subir, participando noutras produções como ‘Mis tres hermanas’, ‘La soberana’, ‘Trapos íntimos’, ‘Mujer con pantalo-nes’, ‘Arroz con leche’, ‘La vida
entera’ e ‘La Mujer Perfecta’. Isto sem contar com o papel no filme ‘La señora de
Cárde-nas’ e ainda as fotografias como ‘Chica Polar’.
b.-Marjorie de Sousa: Esta actriz começou a sua carreira artística aos 12 anos em
alguns comerciais para televisão. É em 1999, depois da passagem pelo Miss Venezuela,
que inicia a sua carreira como actriz de televisão, nas teleno-velas ‘Amantes de Luna
Llena’, ‘Guerra de Mujeres’, ‘Gata salvaje’, ‘Mariana de la noche’, ‘Rebeca’, ‘Ser
bonita no basta’, ‘Y los declaro marido y mujer’, ‘Amor Comprado’, ‘¿Vieja
yo?’, ‘Pecadora’ e ‘Sacrificio de Mujer’. Destaca-se tam-bém o seu desempenho como
modelo para marcas conhecidas como a Polar e a Pepsi Cola.
c.-Myriam Abreu: A jovem actriz luso-des-cendente saltou para a fama depois de
participar no certame de beleza mais importante do país, onde representou o estado de
Miranda. Desde então, a sua carreira começaria a desenvolver-se com participações
no talk show ‘Cásate y Verás’ e na série juvenil ‘Túkiti’. Mais à frente, interpretaria personagens nas telenovelas ‘La Trepadora’, ‘Necesito una amiga’ e ‘Libres como el Viento’.
d.-Aileen Celeste: Esta luso-descendente começou a sua carreira no ‘El club de
los tigritos’ e como animadora de ‘Toda acción’. Posteriormente, iniciaria a sua
carreira de actriz com as telenovelas ‘Jugando a ganar’ e ‘Calipso’. Depois de seis
meses a trabalhar como modelo no México, regressaria à Venezuela para participar
nas telenovelas ‘La niña de mis ojos’, ‘Mi gorda bella’, ‘La Cuaima’, ‘Natalia de 8
a 9’, ‘Mujer con pantalo-nes’, ‘Por todo lo alto’ e ‘Nadie me dirá como quererte’.
Isto sem contar com a sua aparição nos comerciais da Chi-notto, Coca-cola, Wella e
Biotherm.
e.-Laura Vieira: É comunicadora social, tendo estudado na Universidade Ca-tólica
Andrés Bello (UCAB) na área de Jornalismo Audiovisual. Também se licenciou em
Administração. De su-blinhar que depois de ter sido avaliada pela sua tese universitária,obteve o segundo lugar do prémio Eduardo Frías e uma bolsa para estudar no exterior, assim viu a publicação de grande par-te do seu trabalho. O profissionalismo desta luso-descendente foi observado por milhares de espectadores em ‘El Informador’, ‘Sálvese Quien Pueda’ e na apresentação de programas como o Miss Mundo e Miss Universo.
f.-Catherine Correia: Com apenas 9 anos de idade, esta actriz iniciou a formação
ar-tística ao estrear-se nos palcos com ‘El Libro de la Selva’. Aos 19 anos, começou
os estudos de Filosofia na Universidade Católica Andrés Bello, ainda que não
tenha podido continuar devido a diver-sos compromissos artísticos. Quatro anos
depois, participou em três obras consecutivas: ‘Buster Reatón’, ‘Subma-rino
Amarillo’, ‘Cuentos de Sábado’ e ‘Yerma’. Em 1993, começaria a sua fama ao animar
o ‘Club Disney’ na RCTV e com a participação nas telenovelas ‘El Desafío’, ‘Entrega
Total’, ‘Llovizna’, ‘Cambio de Piel’, ‘Aunque me cueste la Vida’, ‘Carita
Pintada’, ‘Viva la pepa’ e ‘La Cuaima’.
g.-Flor Helena Gonzalez: Iniciou a sua carrei-ra aos 10 anos de idade no
espectáculo ‘Domingos con Popy’. Tempos depois, iniciou a formação em
representação e participou nas telenovelas ‘María Sole-dad’, ‘Por estas calles’, ‘La
Dueña’, ‘Doña Perfecta’, ‘El Hombre de hierro’, ‘Amo-res de fin de siglo’, ‘Cambio de
piel’, ‘Mis tres hermanas’, ‘La Soberana’, ‘Juana, la Virgen’ e ‘La Cuaima’.
h.-Vanessa Gonçalves: Nasceu a 10 de Feve-reiro de 1986 e fez vibrar a comunidade
lusitana a 28 de Outubro do ano pas-sado, ao ser coroada como a primeira Miss
Venezuela de origem portuguesa. Estudou na faculdade de Odontologia da
Universidade Santa Maria, e no seu primeiro ano de reinado, Vanessa tem participado
em diversos programas televisivos nacionais e internacionais, convertendo-se numa das
figuras do ano no mundo.

V.- CONCLUSÃO

Se bem é certo que nos principios da emigração portuguesa, no que refere à Venezuela,
observamos a típica emigração da mala de cartão, a saudade do país que deixaram
atrás e da família que não voltariam a ver senão depois de muitos anos, não é menos
certo que esta emigração logrou inserir na comunidade venezuelana e traspassar as
barreiras culturais e linguísticas que num principio llhes parecia quase impossível.
Os portugueses estão hoje perfeitamente integrados na cultura, na sociedade e na vida económica venezuelana. No entanto também observamos que as novas gerações estão a afastar-se das raízes portuguesas. É por isto que Portugal deve reforçar a relação ibero-americana, a qual deve passar pelo fortalecimento nas áreas política e económica, mas também pelas áreas educativa e cultural. Não podemos perder de vista que o multiculturismo e a globalização são fenómenos crescentes e irreversíveis.

VI.- BIBLIOGRAFIA

.- Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales- Universidad de
Barcelona. Nº 94 (30) 1 de agosto de 2001. Prof. Dr. Jorge Carvalho Arroteia-
Universidade de Aveiro
.- RTP- Ei-los que partem- A História da Emigração Portuguesa-Serie

Documental
.- Memórias da Emigração Portuguesa- Porque emigram os Portugueses-
Carlos Fontes
.- Jornal Correio de Venezuela
.- Os Portugueses na Venezuela- -Nancy Gomez- 2010
.- Cadernos Ceru- História da Mulher Migrante
.- Imaginário.- Junho 2007- ISSN 1413-666X