sexta-feira, 8 de julho de 2011

MULHERES MIGRANTES- OS MULTIMEDIA ENQUANTO ESPAÇOS DE ACÇÃO E REPRESENTAÇÃO

Os seminários subordinados a esta temática foram delineados pela Associação “Mulher Migrante” e a sua concretização em várias comunidades da América do Norte foi e é apoiada pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
Uma parceria para colaboração nos seminários foi estabelecida com a Fundação Pro Dignitate e o CEMRI (Universidade Aberta).
O objectivo fundamental é a sensibilização de mulheres e homens migrantes para os estereótipos de género, subvalorização ou distorções e discriminações que afectam a imagem das mulheres nos “media” das comunidades e para as formas de tomada de consciência e de denúncia dessas situações – sempre que os media não acompanhem a evolução da realidade, neste domínio.
Igualmente se visa analisar as formas de intervenção feminina nos “media” e nos “multimedia” – e os seus efeitos na mudança, no ajustamento à realidade e na própria transformação positiva dessa realidade, no sentido da participação cívica das imigrantes na sociedade onde procuram gozar de direitos iguais.
Um enfoque particular nos multimédia, poderá encorajar as mulheres a um papel mais activo, por oferecerem um acesso, à partida, mais igualitário e por terem, também, reflexos nos meios de comunicação tradicionais.
Como preparação da participação de estudantes, membros de associações e jornalistas, sugere-se um exercício prévio de leitura ou audição de programas de comunicação social da comunidades portuguesa ou de outras comunidades estrangeiras, e assim como dos americanos, para um a primeira análise comparativa do seu conteúdo, nesta perspectiva.

Mensagem da Prof Doutora Joana Miranda

Espinho, 19 de Abril de 2010
O livro “Cidadãs da Diáspora” publicado pela Associação Mulher Migrante e que resulta do Encontro que teve lugar em Espinho em Março de 2009 reúne um significativo conjunto de contributos de académicos e de elementos da vida associativa constituindo uma perspectiva interdisciplinar sobre a realidade das mulheres migrantes em Portugal na actualidade.
O encontro (e o livro que dele resultou) representou uma iniciativa da maior importância porque re-introduziu a questão do género no debate científico, fomentando a partilha de conhecimentos de especialistas da área e o debate tantas vezes ausente na comunidade científica e entre esta e a vida associativa. Da maior importância porque enfatizou a relevância científica e social da variável género.
Em Portugal, os estudos sobre mulheres imigrantes são dispersos e pontuais, não existindo uma verdadeira continuidade de interesse pelo estudo da temática. Como referem Peixoto e colegas em 2006, o estudo das migrações não tem contemplado uma perspectiva de género, assumindo que as características das migrações nacionais se podem generalizar a todo o universo. Não é correcto proceder a esta generalização porque existe uma especificidade nas migrações das mulheres: especificidade quer nas suas causas, quer nas dificuldades que encontram quer na forma como vivenciam o próprio processo migratório.
Não é só na agenda científica que a variável tem estado ausente mas nas próprias políticas imigratórias que não têm contemplado a dimensão género.
A imigração envolve uma dimensão de género mas as políticas e as leis migratórias não se dirigem a problemas específicos de género (Obando, 2003).
Das cento e vinte medidas do “Plano para a Integração dos Imigrantes”, cinco medidas referem-se à igualdade de género o que reflecte que a questão de género está a começar a ser contemplada nas preocupações do estado português mas que ainda não ocupa a centralidade que merece.
As mulheres deveriam constituir o centro do debate sobre imigração, devendo os organismos responsáveis pela elaboração e implementação de políticas migratórias procurar fazer um diagnóstico da situação de cada comunidade de mulheres, procurando compreender as razões e os contextos que levam as mulheres a migrar, as dificuldades específicas que enfrentam em resultado da sua dupla condição de mulheres e de imigrantes e os seus objectivos e expectativas na sociedade receptora.
Estou certa que a Associação Mulher Migrante continuará a desempenhar um papel fundamental na vida das mulheres imigrantes em Portugal.
A Associação está de Parabéns por mais este passo e apesar de ausente sinto-me presente neste momento de comemoração!
Joana Miranda